Petrolândia, município catarinense onde a Petrobras buscou petróleo na década de 1960, agora se destaca com a 4ª maior renda média do país, segundo o IBGE. A força vem da agricultura e da gestão local eficiente.
A pequena Petrolândia, localizada no Alto Vale do Itajaí (SC), voltou ao noticiário — mas, desta vez, por um motivo bem diferente daquele que marcou sua origem. O município, que nos anos 1960 foi palco de pesquisas da Petrobras em busca de petróleo, acaba de conquistar o título de quarta cidade com maior renda média do Brasil, de acordo com dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (9).
Com apenas 6,7 mil habitantes, Petrolândia registrou um rendimento médio mensal de R$ 5.989, o maior de Santa Catarina e o quarto maior do país, atrás apenas de Nova Lima (MG), São Caetano do Sul (SP) e Santana de Parnaíba (SP).
Curiosamente, o nome “Petrolândia” nasceu justamente da presença da Petrobras. Na época, a estatal realizou perfurações em busca de óleo no subsolo catarinense, mas acabou desistindo após constatar que o material encontrado não tinha qualidade comercial suficiente para exploração. Mesmo assim, o episódio marcou a história da cidade e batizou o município que hoje lidera o ranking de renda no estado.
-
Cessar-fogo em Gaza derruba preços do petróleo e abre caminho para corte de juros nos Estados Unidos
-
Petroleiras americanas cortam empregos em 2025 apesar de alta na produção de petróleo e gás, pressionando mercado de trabalho e economia dos Estados Unidos
-
Macaé, a cidade que ficou milionária com o ouro negro e agora luta contra a desigualdade e os fantasmas deixados pelo petróleo
-
Rio em rota de colisão: projeto de Cláudio Castro eleva impostos, assusta petroleiras e ameaça o Repetro
Agricultura impulsiona desenvolvimento econômico e alta renda
Apesar da referência à Petrobras, o verdadeiro combustível econômico de Petrolândia vem da agricultura familiar. Segundo o secretário de Administração, Finanças e Planejamento, Gilson Diogo da Cunha, o município se sustenta na produção de cebola, fumo, milho e soja, cultivados em pequenas propriedades rurais.
A prefeitura também tem papel relevante como maior empregadora local, contribuindo para a estabilidade econômica e social. Os dados do IBGE reforçam o peso do campo: a categoria de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura apresentou o maior rendimento médio da cidade, alcançando R$ 11.927,49.
O segundo setor com maior desempenho é o de atividades financeiras e de seguros, com média de R$ 5.330,81. Já em áreas como educação, alojamento e alimentação, os rendimentos variam de R$ 1,5 mil a R$ 3,5 mil, o que evidencia a concentração da renda nos setores produtivos do campo e de serviços especializados.
Santa Catarina se destaca no cenário nacional
A força econômica de Petrolândia reflete um panorama mais amplo: Santa Catarina ocupa a terceira posição entre os estados com maior renda média do país, ficando atrás apenas do Distrito Federal e de São Paulo. O rendimento médio dos catarinenses é de R$ 3.391, bem acima da média nacional de R$ 2.851.
Outros municípios do estado também figuram entre os mais ricos do Brasil. Cinco cidades catarinenses ultrapassaram a faixa dos R$ 5 mil de renda média mensal, reforçando a imagem de um estado com economia diversificada e alta produtividade.
A capital, Florianópolis, ocupa posição de destaque com o segundo maior rendimento entre as capitais brasileiras, perdendo apenas para Vitória (ES). Os moradores da capital catarinense recebem, em média, R$ 5.242 mensais, consolidando o estado como referência em qualidade de vida e desenvolvimento.
O curioso contraste entre o nome “Petrolândia” e sua base econômica agrícola sintetiza bem a trajetória do município. O sonho do petróleo, alimentado pela presença da Petrobras nos anos 1960, deu lugar a uma economia sólida sustentada pela força do campo e pela gestão pública local.
Mesmo sem o ouro negro, a cidade transformou suas terras férteis e seu espírito empreendedor em fonte de riqueza e destaque nacional. Hoje, Petrolândia é exemplo de que desenvolvimento econômico pode vir da diversificação e da eficiência, mais do que da dependência de grandes projetos de exploração.
Assim, enquanto o Brasil continua acompanhando os movimentos da Petrobras em novas frentes energéticas, uma pequena cidade catarinense prova que há muitas formas de prosperar — mesmo quando o petróleo fica só na lembrança do passado.