China tem vendido rapidamente títulos do Tesouro dos EUA e pressiona dólar em meio a tensão com Trump. Movimento financeiro reduz exposição à dívida americana, enfraquece o dólar e expõe fragilidade da economia dos Estados Unidos
A China tem vendido rapidamente títulos do Tesouro dos EUA, num ritmo que preocupa economistas e gera tensão política em Washington. A decisão coincide com uma queda no valor do dólar e reacende o debate sobre a dependência dos Estados Unidos de capital estrangeiro, especialmente em um momento de instabilidade interna no governo Trump.
Segundo análise publicada pelo Financial Times, as reservas chinesas desses papéis caíram a níveis inferiores aos do Reino Unido, algo impensável há pouco mais de uma década. O movimento ocorre em meio a tarifas comerciais punitivas, sanções e tensões diplomáticas, e sinaliza que Pequim está redesenhando sua estratégia para proteger ativos contra riscos políticos e econômicos.
Por que a China está se desfazendo dos títulos americanos
O processo de venda começou de forma gradual, mas ganhou força nos últimos dois anos, impulsionado por três fatores principais: queda do valor do dólar, perda de receitas com exportações para os EUA e receio de congelamento de ativos, como ocorreu com a Rússia após a guerra na Ucrânia.
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Economistas lembram que, no passado, os dólares obtidos com exportações eram reciclados na compra de títulos do Tesouro, fortalecendo a dívida americana. Agora, Pequim direciona parte significativa desse capital para reservas de ouro e ativos tangíveis, como minas de minerais estratégicos, considerados mais seguros contra medidas unilaterais de Washington.
Impacto sobre o dólar e os mercados
A China tem vendido rapidamente títulos do Tesouro dos EUA num contexto em que a economia americana já enfrenta inflação persistente e juros elevados. A redução da demanda por esses papéis pressiona as taxas de juros para cima e encarece o financiamento da dívida.
O dólar, que já perdeu cerca de 10% de valor em relação a outras moedas fortes, tende a se enfraquecer ainda mais se a tendência continuar. Essa queda, embora possa favorecer exportadores americanos, aumenta custos de importação e reduz a confiança internacional na moeda.
Contexto político e efeito sobre Trump
O governo Trump, pressionado por baixos índices de aprovação e crises externas, enxerga o movimento chinês como parte de uma disputa estratégica mais ampla. As tarifas elevadas impostas a Pequim reduziram o comércio bilateral em até 40% em alguns setores, mas também diminuíram a entrada de dólares na China, alterando o fluxo financeiro global.
Especialistas ouvidos pelo Financial Times avaliam que Trump busca compensar a perda de influência com acordos bilaterais de alto impacto midiático, como o firmado com o Japão, que inclui compra de aviões e aumento de importações agrícolas. No entanto, críticos dizem que essa estratégia pode isolar ainda mais os EUA no longo prazo.
Efeito cascata na economia global
A venda de títulos americanos pela China não afeta apenas Washington. Ao reduzir sua participação, Pequim pressiona outros países e investidores a reconsiderarem a exposição à dívida americana, gerando volatilidade nos mercados.
Se a tendência se mantiver, há risco de mudanças estruturais no sistema financeiro internacional, com maior peso para moedas alternativas e comércio lastreado em ativos como ouro e commodities estratégicas — algo que beneficia o bloco dos BRICS e desafia a hegemonia do dólar.
Você acredita que a decisão da China pode acelerar o declínio do dólar como moeda de referência global? Acha que o governo americano está reagindo da forma correta? Deixe sua opinião nos comentários e participe do debate.