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China surpreende o planeta com o túnel submarino de Jintang, 16 quilômetros de pura engenharia que testam até os limites humanos

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 30/10/2025 às 23:20
O túnel submarino de Jintang, marco da engenharia chinesa, conecta Ningbo Zhoushan pela ferrovia Yongzhou, unindo 16 km de tecnologia em alta velocidade sob o mar.
O túnel submarino de Jintang, marco da engenharia chinesa, conecta Ningbo Zhoushan pela ferrovia Yongzhou, unindo 16 km de tecnologia em alta velocidade sob o mar.
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Aposta de alta velocidade, o túnel submarino de Jintang integra a ferrovia Yongzhou e promete encurtar a viagem Ningbo Zhoushan com 16,18 km de extensão, 11,21 km escavados sob o leito marinho e seção de 14,5 m.

O túnel submarino de Jintang concentra a ambição chinesa de conectar arquipélagos produtivos ao continente com uma solução ferroviária de alta velocidade. Trata-se de um corredor binário para trens a 250 km h, dimensionado para duas vias, que cruza o canal entre Ningbo e Zhoushan, no litoral de Zhejiang, em um traçado de 16,18 km. A construção combina escavação por tuneladora e soluções de precisão milimétrica para manter alinhamento, estanqueidade e estabilidade ao longo do percurso submerso.

Além do alcance logístico, o projeto testa limites humanos e tecnológicos. Operar máquinas de 14,5 m de diâmetro a dezenas de metros sob o nível do mar exige controle rigoroso de pressão, geologia e navegação, com correções de rumo em tempo real e procedimentos especiais de retirada dos equipamentos após o encontro subterrâneo. O resultado é uma obra concebida para durar e para sustentar frequências elevadas de trem sem comprometer segurança.

O que é e onde fica

China surpreende o planeta com o túnel submarino de Jintang, 16 quilômetros de pura engenharia que testam até os limites humanos

O túnel submarino de Jintang é o elemento chave da ferrovia Yongzhou, um eixo de alta velocidade que interliga Ningbo e o arquipélago de Zhoushan, na província de Zhejiang.

A extensão total é de 16,18 km, dos quais 11,21 km correm sob o leito marinho, conectando margens antes separadas por travessias rodoviárias e condições meteorológicas variáveis.

Projetado para velocidade de 250 km h, o túnel tem seção interna de 14,5 m de diâmetro, suficiente para duas vias ferroviárias.

O traçado alcança aprofundamentos de cerca de 78 m abaixo do nível do mar, zona em que pressões hidrostáticas e solicitações geotécnicas exigem soluções construtivas de alta robustez.

Como é escavado e por quem

China surpreende o planeta com o túnel submarino de Jintang, 16 quilômetros de pura engenharia que testam até os limites humanos

A execução do túnel submarino de Jintang emprega duas tuneladoras de grande porte, Dinghai e Yongzhou, que avançam de margens opostas até um ponto de encontro definido em maciço rochoso estável.

O sistema de navegação utiliza a constelação BeiDou para correção contínua de trajetória, garantindo convergência dentro de tolerâncias extremamente apertadas.

No encontro dos escudos, o erro de alinhamento é controlado para a casa dos centímetros, condição essencial para continuidade do anel de revestimento e desempenho estrutural.

Como não há frente livre após a união, aplica-se o método conhecido como descascar-se da casca, desmontando as tuneladoras por dentro e incorporando estruturas remanescentes ao corpo do túnel.

Desafios geotécnicos e soluções

O traçado cruza 28 transições geológicas, alternando rocha sã e solos moles, o que impõe ajustes de pressão de câmara, torque de corte e avanços diferenciados.

Foram instalados sistemas de injeção de água na cabeça de corte para lidar com argilas pegajosas, reduzindo aderência e estabilizando o fluxo de material escavado.

A profundidade operacional requer vedações reforçadas e arranjos de acionamento com alto fator de segurança, mitigando riscos de infiltração e garantindo estabilidade dinâmica do conjunto.

Cada seção anelar é montada sob controle rigoroso de geometria, assegurando circularidade e estanqueidade em regime permanente.

Por que o projeto é único

O túnel submarino de Jintang se destaca pelo patamar de velocidade ferroviária em ambiente submerso, com 250 km h.

Esse desempenho supera parâmetros consagrados de túneis longos sob o mar, ao combinar grandes diâmetros, dupla via e envelope aerodinâmico adequado a pressões de encontro entre trens.

A seção de 14,5 m equilibra espaço para duas vias, passagens técnicas e sistemas de ventilação e emergência, sem penalizar a integridade do revestimento.

O resultado é um padrão de capacidade e regularidade operacional raro em túneis subaquáticos, pensado para frequências elevadas e manutenção previsível.

Cronograma, capacidade e impacto logístico

O plano executivo prevê o rompimento total do túnel até o fim de 2026 e entrada em serviço da ferrovia Yongzhou em 2028.

A viagem entre Ningbo e Zhoushan tende a cair para cerca de 30 minutos, substituindo deslocamentos sujeitos a tráfego, marés e ventos por uma janela de tempo estável.

A operação de alta velocidade em dupla via cria capacidade para fluxos pendulares de passageiros e cargas de alto valor agregado, fortalecendo cadeias industriais e portuárias de Zhoushan.

Ao reduzir o custo temporal, o túnel submarino de Jintang reconfigura polos de emprego e amplia o mercado efetivo de serviços e turismo.

Precisão e controle de riscos

Em túneis submersos, pequenos desvios se acumulam ao longo de quilômetros, por isso o projeto adotou geometria de encontro em rocha e correção contínua via BeiDou.

Manter o erro de alinhamento em torno de poucos centímetros é decisivo para evitar recalces, esforços parasitas e turbilhonamento em juntas.

Após o encontro, o método de desmontagem interna das tuneladoras elimina a necessidade de poços adicionais sob o mar e reduz interferências ambientais.

As carcaças estruturais remanescentes reforçam o túnel, agregando rigidez e contribuindo para a durabilidade.

Lições de referência e maturidade tecnológica

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A experiência chinesa com obras submersas inclui grandes túneis por tubo imerso, como o da ligação Hong Kong Zhuhai Macau, com módulos de centenas de metros e assentamento de alta precisão.

Essa base industrial, de pré-fabricação e posicionamento milimétrico, alimenta a curva de aprendizado aplicável ao túnel submarino de Jintang.

Embora a tecnologia e a escala impressionem, projetos dessa natureza exigem avaliação ambiental e social criteriosa, desde dragagens e canteiros até rotas de manutenção e resposta a emergências.

A consolidação de protocolos e a transparência técnica são essenciais para sustentabilidade de longo prazo.

Para o passageiro, o túnel submarino de Jintang entrega previsibilidade, menor tempo porta a porta e integração direta com redes de alta velocidade.

Para a economia regional, viabiliza um corredor competitivo de serviços, logística e turismo, com externalidades positivas em inovação e qualificação.

No plano da engenharia, o projeto empurra fronteiras em escavação sob pressão, navegação de precisão e gerenciamento de variabilidade geológica, consolidando padrões que podem informar empreitadas futuras em contextos igualmente exigentes.

Você vê mais valor em conectar ilhas com alta velocidade por túnel submarino ou acha que pontes e rotas marítimas continuam suficientes para a região de Zhoushan?

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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