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China se beneficia da pressão dos EUA e assume o petróleo russo que antes abastecia a Índia

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 21/08/2025 às 17:08
Navio petroleiro russo descarrega petróleo em porto chinês com bandeira da China ao fundo
Navio petroleiro russo atracado em porto chinês simboliza o aumento das importações após a queda da demanda da Índia e tarifas dos EUA.
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Refinarias chinesas assumem protagonismo na compra de petróleo russo diante da retração indiana

As refinarias da China intensificaram as compras de petróleo russo em outubro e novembro de 2025. Isso ocorreu após a redução da demanda da Índia.

Essa movimentação reflete a reação direta às tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump.

Em julho, Trump ameaçou aplicar sanções secundárias a países que mantivessem importações de petróleo de Moscou.

No início deste mês, o presidente norte-americano anunciou tarifas de 25% sobre as exportações indianas.

Também impôs taxas sobre petróleo e gás russos, pressionando Nova Délhi a cortar drasticamente seus volumes de compra.

Queda da Índia abre espaço para avanço chinês

Segundo a analista Muyu Xu, da consultoria Kpler, até a semana passada as refinarias chinesas haviam garantido 15 carregamentos de petróleo russo para outubro e novembro.

Cada um desses carregamentos variava entre 700 mil e 1 milhão de barris, segundo os analistas.

Normalmente, esses embarques partiriam de portos do Ártico e do Mar Negro com destino à Índia.

Diante da retração do mercado indiano, os lotes foram direcionados para a China.

A Reuters também confirmou a negociação dos mesmos carregamentos, citando especialistas de mercado.

Além disso, Xu destacou que o movimento foi considerado “oportunista”.

Isso porque o petróleo russo permanece cerca de US$ 3 mais barato por barril do que alternativas do Oriente Médio.

O desconto vem sendo explorado por Pequim desde a invasão da Ucrânia em 2022.

Naquele ano, países ocidentais passaram a restringir severamente as importações de energia russa.

Contexto político e pressões externas

Desde a invasão da Ucrânia, China e Índia se tornaram os dois maiores compradores do petróleo russo.

Eles representam participação significativa no comércio global de energia.

Dados da ONU mostram que, em 2024, a Índia importou US$ 53 bilhões em petróleo bruto e derivados da Rússia.

Esse montante representava cerca de 36% de seu consumo interno, segundo a Vortexa, empresa especializada em energia.

Já a China, no mesmo ano, comprou US$ 62,6 bilhões em petróleo russo.

Esse volume equivalia a 13,5% de suas importações totais de petróleo bruto.

Contudo, a recente política tarifária norte-americana mudou esse equilíbrio.

Durante entrevista à Fox News, Trump declarou que não pretende, por ora, impor medidas retaliatórias contra Pequim pela ampliação de compras.

Ainda assim, sinalizou que pode adotar novas sanções em “duas ou três semanas”.

Impacto direto no mercado energético global

As negociações chinesas demonstram que, embora haja espaço para ampliar o volume, a China não conseguirá compensar integralmente o corte indiano.

De acordo com Xu, a Índia costumava importar aproximadamente 1,7 milhão de barris por dia da Rússia.

Enquanto isso, a China recebe cerca de 1,2 milhão de barris diários por via marítima.

Essa diferença indica que Moscou pode enfrentar sérios desafios para manter o mesmo nível de receita com exportações de petróleo.

Esse risco aumenta caso a Índia continue reduzindo suas compras.

Além disso, os novos contratos fechados pelas refinarias chinesas reforçam a tendência de redirecionamento de fluxos de petróleo.

Esses carregamentos do Mar Negro e do Ártico eram tradicionalmente destinados ao mercado indiano.

Esse reposicionamento logístico demonstra como as tarifas norte-americanas estão remodelando as rotas comerciais globais.

Perspectivas futuras para Rússia, China e Índia

Especialistas avaliam que, no curto prazo, refinarias chinesas devem manter ou até ampliar as aquisições de petróleo russo.

Esse movimento ocorre aproveitando os preços mais baixos no mercado.

No entanto, o cenário de médio prazo dependerá das próximas medidas da administração Trump.

Se novas sanções forem confirmadas contra Pequim, o mercado poderá enfrentar instabilidade ainda maior.

Isso traria impactos diretos sobre preços e disponibilidade de barris no comércio internacional.

Enquanto isso, a Rússia observa com preocupação a diminuição das compras indianas.

Embora o mercado chinês seja expressivo, ele não absorve integralmente os volumes redirecionados.

Para analistas, essa fragilidade reforça a dependência de Moscou das decisões políticas e econômicas de seus principais compradores na Ásia.

Você acredita que a China conseguirá sustentar esse papel estratégico sem sofrer sanções adicionais dos Estados Unidos?

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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