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China, Rússia e Índia avançam com a OCX e pressionam o Brasil a escolher seu lado na nova geopolítica

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 02/09/2025 às 19:34
Bandeiras da China, Rússia, Índia e Brasil sobre mapa-múndi simbolizando articulação geopolítica e expansão da OCX em 2025
Bandeiras de China, Rússia, Índia e Brasil sobre mapa ilustram o avanço da OCX e o reposicionamento geopolítico observado na cúpula de Tianjin.
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Brasil observa novo tabuleiro global em formação liderado por China, Rússia e Índia

Com a cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX) realizada em julho de 2025, a China intensificou sua influência geopolítica.

O encontro reuniu líderes de vinte países e apontou para uma nova ordem mundial.

Essa nova ordem é menos dependente dos Estados Unidos e mais ancorada no eixo eurasiático.

O Brasil, diante desse cenário, avalia como pode se inserir estrategicamente.

Cúpula marca avanço da integração eurasiana

A reunião da OCX em Tianjin foi promovida por Pequim como o maior evento diplomático do ano.

Contou com a presença de Xi Jinping, Vladimir Putin e Narendra Modi, além do Irã.

O Irã ingressou como membro pleno da OCX em julho de 2023 e se tornou parte do BRICS Plus em janeiro de 2024.

A convergência desses blocos evidencia um reposicionamento estratégico na geopolítica mundial.

Esse reposicionamento impõe novos desafios e oportunidades.

Xi Jinping utilizou o evento para apresentar a China como potência estabilizadora diante da fragmentação global.

Ele destacou a importância de um multilateralismo prático e de alianças em áreas como energia, segurança e logística.

Putin defendeu a OCX como núcleo de uma arquitetura de segurança regional e exaltou Xi como um “verdadeiro estadista”.

A OCX reúne 42% da população mundial e 23% do PIB global, o que reforça a escala da transformação em curso.

Índia reforça sua autonomia estratégica

A participação de Narendra Modi marcou um momento crucial na dinâmica asiática.

Após sete anos sem pisar em solo chinês, o líder indiano viajou à Tianjin em julho de 2025.

A visita ocorreu em meio às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos às exportações indianas, consideradas retaliatórias.

Apesar de tensões anteriores com a China, a Índia sinalizou independência diplomática e interesse em manter o diálogo com potências como China e Rússia.

Essa atitude reforça a lógica de equilíbrio entre os blocos ocidental e eurasiano, característica da atual política externa indiana.

Além disso, o país se posiciona como grande consumidor de petróleo russo, o que fortalece seus laços econômicos.

Para o Brasil, essa autonomia indiana serve como modelo de articulação entre interesses diversos sem se submeter a um único eixo geopolítico.

Diante do novo cenário, o Brasil possui instrumentos legais e diplomáticos para participar das transformações.

O artigo 4º da Constituição Federal orienta a política externa com base na cooperação internacional e na rejeição a sanções unilaterais.

Além disso, prevê a solução pacífica de conflitos.

Uma declaração oficial reafirmando esses princípios já posicionaria o Brasil no debate global, sem compromissos irreversíveis.

O país pode solicitar status de “observador” ou “parceiro de diálogo” dentro da OCX, como já ocorreu com outros países.

Egito, Turquia e Arábia Saudita já receberam essas designações.

Esse movimento exigiria apenas um memorando de entendimento e posterior aprovação pelo Congresso Nacional.

A exigência está prevista nos artigos 49 e 84 da Constituição.

Essa ação fortaleceria o elo entre o Brasil e o BRICS Plus sem gerar obrigações militares ou políticas de alinhamento.

Desafios incluem sanções e recalibragem diplomática

Contudo, o Brasil enfrenta riscos evidentes ao se aproximar de Rússia e China. Por essa razão, os Estados Unidos podem adotar retaliações comerciais severas contra o país.

Além disso, o Congresso norte-americano aprovou o CAATSA em agosto de 2017. Essa lei permite sanções contra países com laços próximos a adversários de Washington.

Portanto, para evitar danos econômicos, o Itamaraty deveria priorizar cooperações civis. Entre elas, destacam-se áreas como energia, infraestrutura e comércio bilateral.

Ao mesmo tempo, o Brasil deve evitar envolver-se com temas sensíveis. Isso inclui setores estratégicos como defesa e segurança militar.

A estratégia exige máxima cautela. Por isso, diplomacia e análise precisa do cenário global tornam-se essenciais. Enquanto isso, a União Europeia observa de perto a postura brasileira e mantém sanções ativas contra Moscou.

Brasil pode ampliar protagonismo sem abandonar autonomia

O entrelaçamento entre a OCX, o BRICS e o BRICS Plus amplia significativamente as oportunidades para o Brasil, que busca se posicionar nesse novo cenário geopolítico.

Além disso, a entrada de países como Egito, Arábia Saudita e Irã reforça, de maneira decisiva, os laços institucionais que conectam esses blocos emergentes.

Fundado em 2003, o Fórum IBAS (Índia-Brasil-África do Sul) surgiu como instrumento estratégico de cooperação política entre países do Sul Global, com foco em articulação multilateral.

Embora tenha se tornado menos ativo nos últimos anos, o IBAS continua relevante, principalmente por ainda oferecer espaço diplomático para pautas comuns e diálogo político direto.

A Índia, ao participar simultaneamente dos três fóruns (OCX, BRICS e IBAS), proporciona ao Brasil uma posição geopolítica que pode ser altamente estratégica.

Graças a isso, o Brasil consegue transitar entre continentes e agendas distintas, mantendo sua vocação atlântica e africana sem comprometer parcerias emergentes.

Recentemente, a cúpula de Tianjin reforçou a percepção de que o centro do poder global está se deslocando gradualmente em direção à Eurásia.

Diante disso, o Brasil tem uma chance concreta de ampliar sua presença internacional, valendo-se de sua tradição diplomática e de uma base jurídica consolidada.

O principal desafio, portanto, será equilibrar a profundidade do envolvimento, conciliando a ampliação da cooperação com estratégias prudentes e bem dosadas.

Hoje, vivemos em um contexto internacional onde tarifas e sanções se tornaram ferramentas centrais e recorrentes da política externa global.

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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