China divulga pela primeira vez detalhes técnicos do míssil nuclear DF-5, com ogiva de 4 megatons e alcance intercontinental
A China surpreendeu o mundo ao divulgar, pela primeira vez, detalhes de um de seus mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) nucleares.
A emissora estatal CCTV compartilhou informações específicas sobre o DF-5, um armamento desenvolvido nos anos 1970.
A revelação marca uma mudança na postura normalmente reservada de Pequim sobre suas capacidades nucleares.
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Características impressionantes do DF-5
O DF-5 é um míssil de dois estágios, baseado em silos fixos. Segundo o relatório da CCTV, ele transporta uma única ogiva nuclear com rendimento entre 3 e 4 megatons de TNT. Esse poder destrutivo equivale a cerca de 200 vezes a força da bomba lançada sobre Hiroshima em 1945.
Com alcance de 12.000 quilômetros, o DF-5 consegue atingir alvos nos Estados Unidos continentais e na Europa Ocidental.
Seu erro circular provável (CEP) é de 500 metros, o que representa um nível de precisão adequado para missões estratégicas de dissuasão.
O míssil mede 32,6 metros de altura e 3,35 metros de diâmetro. No momento do lançamento, pesa 183 toneladas. Apesar de analistas externos já estimarem esses números, a confirmação oficial da mídia estatal chinesa não tem precedentes.
Para muitos especialistas, essa divulgação é uma mensagem direcionada tanto ao público interno quanto a observadores internacionais.
Importância histórica do DF-5
O ex-instrutor do Exército de Libertação Popular (PLA), Song Zhongping, destacou ao jornal South China Morning Post o papel fundamental do DF-5.
Segundo ele, o míssil foi essencial para estabelecer a capacidade nuclear intercontinental da China. “Sem o DF-5, a China não seria considerada uma nação com capacidade de ataque intercontinental confiável“, afirmou.
Song acrescentou que essa divulgação pode indicar uma preparação para apresentar ICBMs de nova geração.
“Estamos presenciando a eliminação gradual de sistemas mais antigos que já cumpriram sua função. A mensagem é clara: a China tem capacidades muito mais poderosas do que demonstrou ao mundo”, explicou.
Modernizações e novos armamentos
Nos últimos anos, o DF-5 passou por modernizações. A variante DF-5B já pode transportar múltiplos veículos de reentrada independentes (MIRVs).
Com isso, o míssil chinês se aproxima da capacidade de sistemas americanos, como o Minuteman III, que entrou em operação em 1970, mas carrega apenas uma ogiva.
Além do DF-5, a China investe em outras plataformas móveis de ICBM, como o DF-31 e o DF-41. Este último também possui capacidade de transportar múltiplos MIRVs e supera os 12.000 quilômetros de alcance.
Em 2023, a China realizou seu primeiro teste de ICBM publicamente reconhecido em décadas. O teste envolveu o lançamento de uma ogiva fictícia no Oceano Pacífico. Especialistas acreditam que o míssil testado foi uma variante do DF-31.
Expansão do arsenal nuclear
Segundo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a China já possui mais de 600 ogivas operacionais. A expectativa é que esse número ultrapasse 1.000 até 2030.
O Pentágono também estima que existam pelo menos 320 silos de ICBM na China, muitos deles recém-construídos ou modernizados.
Apesar da rápida expansão de seu arsenal estratégico, Pequim mantém sua política declarada de não usar armas nucleares em primeiro lugar. Também promete não utilizá-las contra países que não possuem armamento nuclear.