Tecnologia chinesa usa luz solar concentrada para transformar solo lunar em tijolos resistentes, reduzindo custos e viabilizando a construção de bases na Lua.
Cientistas chineses desenvolveram um equipamento inovador que pode mudar a forma de construir na Lua. Trata-se de uma impressora 3D movida a luz solar concentrada, capaz de transformar o regolito — solo lunar — em tijolos resistentes, sem depender de materiais enviados da Terra.
Em outras palavras, os chineses querem ser os primeiros a inaugurar uma verdadeira fábrica na lua.
Tecnologia baseada no Sol
O projeto é do Laboratório de Exploração do Espaço Profundo, em Hefei.
-
Nova tecnologia promete aposentar a alvenaria pesada e já acelera obras com blocos de concreto celular autoclavado (CCA): estrutura mais leve, conforto térmico superior e menos desperdício
-
Fim do Wi-Fi: nova tecnologia transmite dados pela luz e atinge velocidades até 100 vezes maiores
-
Uma jovem brasileira de apenas 15 anos criou um sistema movido à luz solar que purifica a água da chuva no sertão e conquistou um prêmio da ONU por inovação ambiental
-
Por que a NASA decidiu levar naves gêmeas por uma rota improvável até Marte? A resposta está no enigma da atmosfera perdida que a missão EscaPADE quer solucionar
O sistema usa um refletor parabólico para captar a radiação solar e direcioná-la por feixes de fibra óptica.
No ponto focal, a luz atinge intensidade mais de 3.000 vezes maior que o padrão, elevando a temperatura a mais de 1.300 °C. Isso é suficiente para fundir o regolito e moldá-lo em tijolos.
Os blocos resultantes são densos e duráveis, ideais para construir abrigos, estradas e plataformas. O mais importante é que tudo é produzido a partir do próprio solo lunar, aproveitando apenas a energia do Sol.
Limitações e uso prático
Apesar da robustez, os engenheiros lembram que esses tijolos não suportam sozinhos a pressão interna no vácuo e na baixa gravidade.
Por isso, serão usados como camada protetora sobre módulos pressurizados, feitos de estruturas rígidas ou infláveis. Essa cobertura ajudará a proteger contra radiação e impactos de meteoritos.
Desafios do desenvolvimento
O processo levou dois anos e enfrentou obstáculos, como a variação na composição do solo lunar e a transmissão eficiente da energia solar. Para superar isso, a equipe criou diferentes tipos de solo lunar simulado e fez testes extensivos. Essa estratégia garante que a tecnologia funcione no ambiente hostil da Lua.
Segundo o engenheiro sênior Yang Honglun, a máquina não usa aditivos, operando apenas com regolito. Isso elimina a necessidade de transportar material pesado da Terra, reduzindo custos e simplificando a criação de bases lunares.
Visão de futuro
A ideia vai além de fabricar tijolos. O plano inclui integrar componentes modulares e validar as estruturas em condições reais da superfície. Robôs automatizados devem participar do processo, ampliando a escala de construção.
Para avaliar a durabilidade, tijolos simulados serão enviados ao espaço. Astronautas chineses na estação espacial do país exporão o material, entregue pela nave de carga Tianzhou 8 em novembro de 2024, às condições espaciais. Isso permitirá medir resistência térmica, integridade mecânica e proteção contra radiação, etapas essenciais para a futura base lunar.


-
Uma pessoa reagiu a isso.