A China acaba de registrar um feito histórico na engenharia de perfuração com a conclusão do “Shenditake 1”, considerado o segundo poço vertical mais profundo do mundo. Com uma profundidade de 10.910 metros, esse projeto fortalece significativamente as capacidades de exploração de petróleo e gás ultraprofundas do país.
O poço vertical mais profundo do mundo está localizado na Bacia de Tarim, na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, uma das regiões mais desafiadoras do mundo para perfuração. Além de avançar na extração de recursos, a perfuração desse poço representa um grande salto para os estudos geológicos e climáticos, permitindo que os cientistas explorem a história da Terra e sua evolução ao longo de milhões de anos.
O desafio da Bacia de Tarim
A Bacia de Tarim é o maior reservatório de petróleo e gás da China em águas profundas. Estima-se que 83,2% dos recursos de petróleo profundo e 63,9% do gás natural estejam enterrados a mais de 6.000 metros de profundidade. No entanto, explorar essa riqueza é um desafio monumental devido às estruturas geológicas complexas e às condições ambientais extremas.
A região é cercada pelas montanhas Tianshan e Kunlun, e sua superfície é marcada por temperaturas extremas e terrenos hostis. Para viabilizar a perfuração do “Shenditake 1”, foi necessário desenvolver tecnologias específicas, incluindo um sistema de perfuração robusto o suficiente para suportar pressões elevadas e temperaturas superiores a 210ºC.
-
ONGs acionam a Justiça para suspender perfuração da Petrobras na bacia da Foz do Amazonas e contestam licença do Ibama com foco em impacto ambiental e povos tradicionais
-
A nova Reforma Tributária muda o rumo do petróleo e do gás no Brasil e coloca o país diante do maior desafio fiscal da década
-
Petrobras e Equinor vencem leilão no pré-sal da Bacia de Campos, arrematando bloco de Jaspe com maior lance do 3º Ciclo da Oferta Permanente e excedente recorde
-
Com mais de 5.500 km de extensão, 1,4 milhão de barris transportados por dia e ramificações que cruzam metade da Europa, este colosso subterrâneo é o maior oleoduto do mundo e um dos pilares estratégicos da economia russa
Quebrando recordes na perfuração ultraprofundas
O “Shenditake 1” não apenas atingiu a impressionante profundidade de 10.910 metros, mas também quebrou diversos recordes globais. A cimentação de revestimento mais profunda, o registro de imagens de wireline mais profundo e a perfuração terrestre mais rápida são algumas das conquistas desse projeto.
A perfuração levou mais de 580 dias, sendo que os últimos 910 metros foram os mais desafiadores, exigindo cerca de 300 dias para serem concluídos. Cada metro adicional aumentava exponencialmente a complexidade do processo, tornando necessário um monitoramento constante e ajustes em tempo real na estratégia de perfuração.
O projeto atravessou 12 formações geológicas diferentes e atingiu camadas rochosas com mais de 500 milhões de anos, oferecendo um vislumbre inédito da história da Terra.
A tecnologia por trás da façanha no poço vertical mais profundo do mundo
Diante dos desafios impostos por esse tipo de exploração, a China National Petroleum Corporation (CNPC) desenvolveu a primeira sonda de perfuração automatizada de 12.000 metros do mundo. Essa inovação permitiu maior precisão e segurança na perfuração de grandes profundidades.
Foram empregadas ferramentas avançadas de perfilagem para analisar e estabilizar o poço, evitando colapsos estruturais e vazamentos de formação. Mais de 90% dos componentes do sistema de perfuração foram desenvolvidos internamente, o que demonstra a capacidade da China de inovar e liderar a exploração ultraprofundas.