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China patenteia, pela primeira vez, tecnologia tão avançada e crítica que sua comercialização é proibida pelos EUA

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 06/01/2023 às 23:54
Atualizado em 10/01/2023 às 20:53
China patenteia, pela primeira vez, tecnologia tão avançada e crítica que sua comercialização é proibida pelos EUA
Foto: VEJA/Reprodução

China patenteia tecnologia que pode mudar o mercado de chips semicondutores. Tecnologia produzida pela Huawei pode fazer com que o país alcance os EUA neste segmento.

Com uma grande dificuldade no setor no ano passado, a empresa Huawei, da China, registrou uma patente de uma tecnologia que consegue alterar a relação de forças entre a China e os Estados Unidos (EUA) e mitigar o risco de uma possível guerra com Taiwan. Trata-se da litografia ultravioleta extrema, uma tecnologia muito avançada e crítica que possui a venda controlada pelos estadunidenses.

Conheça a tecnologia desenvolvida pela empresa da China

A nova tecnologia só existe na Twinscan NXE, uma grande máquina localizada na Holanda, pela empresa Advanced Semiconductor Materials Lithography (ASML). O equipamento pesa aproximadamente 180 toneladas, custando cerca de 150 milhões de dólares e consumindo 1,3 milhão de watts de energia, utilizada para produzir os chips semicondutores de computador mais avançados que existem.

A máquina só consegue realizar tal feito devido à litografia ultravioleta extrema (EUV), que gera e maneja luz de alta frequência, com ondas muito pequenas, microscópicas o suficiente para desenhar as estruturas dos semicondutores.

A China não possui esta máquina e nem mesmo pode comprá-la, pois os EUA não permitem que ela seja exportada para o país. A ASML gostaria de fazer isso, entretanto não pode, já que a Holanda, em 1996, assinou o Acordo de Wassenaar, um tratado que proíbe a exportação de armas e tecnologias de uso militar e civil (Dual) para alguns países, no qual a China está incluída.

Desse modo, a China permanece muito atrás do Ocidente em relação à produção de chips semicondutores. E isso está na raiz das tensões envolvendo Taiwan, onde está localizada a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC).

China utiliza técnica de produção de quase 20 anos atrás 

A TSMC é responsável pela produção de processadores da Apple, da Qualcomm, Nvidia e AMD, operando a maioria das máquinas de litografia extrema. Desta forma, ela produz os chips mais avançados do mundo, esculpidos com precisão de 3 a 5 nanômetros, o equivalente a 20 mil vezes menos que a espessura de um fio de cabelo.

Quanto mais preciso o processo, mais transistores podem ser colocados na CPU, fazendo com que o mesmo fique mais potente e consuma mais energia. A China também possui máquinas da ASML, porém só de gerações mais antigas, sem litografia extrema. E sua tecnologia própria está muito atrás da ocidental. Até o ano de 2021, o país apenas dominava o processo de fabricação de 90 nanômetros, muito atrás dos padrões atuais, sendo o mesmo utilizado no Pentium 4, um chip que a Intel lançou há quase 20 anos.

Ao longo do último ano, a China conseguiu tirar parte da diferença, dominando a tecnologia de 28 nanômetros. Com ela, é possível produzir chips semicondutores equivalentes aos que o Ocidente fabricava em 2012.

China pode liderar o setor por meio da tecnologia 

Caso a China assuma o controle de Taiwan, terá acesso imediato à tecnologia de litografia extrema, zerando as diferenças com o Ocidente. Passará a comandar a TSMC e, com isso, comandará parte da produção mundial de chips semicondutores, podendo dificultar ou vetar sua exportação para os EUA, por exemplo. Também poderá assumir a liderança em termos de tecnologia nas próximas gerações de CPUs, utilizadas não apenas em produtos de consumo, mas também em equipamentos e sistemas militares.

A supremacia em chips de computador, o produto mais complexo que a humanidade produz, é um elemento central nas tensões envolvendo os EUA, Taiwan e China, com capacidade para desencadear uma guerra.

Entretanto, há outro caminho, já que no fim de 2022 a Huawei registrou a patente de sua própria tecnologia de litografia ultravioleta extrema, com a qual a China poderia alcançar o Ocident e começar a produzir chips semicondutores mais avançados.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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