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China não tem mais para onde crescer: a dura verdade sobre a situação do país asiático

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 18/08/2024 às 15:20

Você já parou para pensar como a falta de imigração e as crises demográficas estão moldando o futuro econômico da China de maneira inesperada?

De acordo com Ruy Alves, gestor da Kinea, esses são desafios centrais que esse país enfrenta atualmente. Durante sua participação no Os Economistas Podcast, Alves detalhou como esses problemas estão impactando a economia global e o que isso pode significar para o futuro da potência econômica.

O problema demográfico na China

Segundo Ruy Alves, a China está em meio a uma crise demográfica grave. “A situação chegou a um ponto em que muitas pessoas compravam sua terceira ou quarta casa, muitas vezes fechando o imóvel sem nem alugá-lo”, explicou o gestor.

Ele detalhou que culturalmente, na China, não se alugava os imóveis porque o sistema penalizava os retornos financeiros obtidos com aluguéis. As pessoas adquiriam apartamentos visando apenas a valorização, o que resultava em muitos imóveis permanecendo desocupados.

Conforme Ruy Alves, esse sistema mostrou-se insustentável. “Agora, a China terá que passar alguns anos ajustando seu mercado imobiliário e lidando com os custos internos da economia”, afirmou. O gestor observa que essa crise não é apenas uma questão de mercado imobiliário, mas reflete um problema mais amplo relacionado à estrutura econômica e social do país.

Desafios de custo e educação

De acordo com o gestor, a educação na China tornou-se extremamente cara. “O sistema de saúde também está ficando cada vez mais caro. Com saúde cara, educação cara e moradia cara, quem vai se casar para ter filhos?” questionou Ruy Alves.

Ele destacou que esses altos custos estão desincentivando a formação de novas famílias, o que só agrava o problema demográfico. Além disso, Alves mencionou que a China enfrenta um déficit de mulheres, com cerca de 50 milhões a menos em relação aos homens.

“Esse déficit foi criado de maneira nefasta, como podemos imaginar”, explicou. A combinação desses fatores está criando um cenário preocupante para o futuro da população chinesa, tornando a recuperação demográfica um desafio ainda maior.

Reequilíbrio econômico da China

Para o gestor, a economia chinesa precisa de um reequilíbrio urgente. “Já tentamos o suficiente para incentivar a economia chinesa, mas parece que não está dando certo”, afirmou Ruy Alves.

A China está tentando se destacar na produção de veículos elétricos e na cadeia de produção de chips, mas, conforme o gestor, “as avenidas de crescimento parecem limitadas no momento”.

Nesse sentido, ele relata que a sobrecarga de carros elétricos no mercado global e as restrições de tecnologia impostas pelos EUA estão complicando ainda mais a recuperação econômica da China.

Futuro econômico da China

Conforme Ruy Alves, a economia chinesa enfrenta desafios significativos não apenas em seu mercado interno, mas também em suas relações comerciais internacionais.

“Os Estados Unidos já restringiram a venda de certos produtos, como semicondutores, para a China, tentando limitar seu acesso a tecnologias avançadas”, explicou o gestor.

Esse bloqueio tecnológico é uma tentativa de controlar o avanço da China em setores estratégicos e tem impactos profundos na economia do país.

Além disso, segundo Ruy Alves, a China enfrenta dificuldades em seu mercado imobiliário e no mercado de ações. “Mesmo o próprio povo chinês parece não confiar no mercado local”, afirmou. Esse sentimento de desconfiança está agravando a crise econômica interna e tornando mais difícil para a China encontrar soluções eficazes.

Semelhanças com o mercado brasileiro

Para o gestor, o mercado chinês compartilha semelhanças com o mercado brasileiro. “Ambos não têm apresentado crescimento significativo em termos de valor desde 2006”, observou Ruy Alves.

Ele destacou que a situação é tão crítica que até o cobre, um dos recursos naturais valiosos, foi vendido novamente devido ao excesso de oferta da China.

“A China começou a exportar cobre em excesso”, explicou o gestor, refletindo sobre como as políticas e condições econômicas podem ter repercussões globais.

A situação na Europa

Ruy Alves também abordou a situação econômica da Europa, que está em um ponto de inflexão crítico. “A Europa está literalmente entre dois gigantes: os Estados Unidos, que dominam o setor de tecnologia, e a China, que vem crescendo cada vez mais”, afirmou o gestor.

Nesse sentido, ele observou que, apesar de sua reputação por qualidade e inovação, a Europa possui poucas empresas de tecnologia e enfrenta desafios significativos em sua economia.

Além disso, Ruy Alves destacou que a Europa está enfrentando uma intensa competição no setor automotivo.

“Os asiáticos estão produzindo carros elétricos melhores e mais competitivos”, destacou o gestor. Essa competição crescente tem gerado debates sobre possíveis sanções ao carro elétrico na Europa, mostrando o impacto da pressão asiática na indústria automobilística europeia.

Reflexões sobre a economia global

Por fim, conforme Ruy Alves, a economia global está em constante mudança. “As decisões geopolíticas e econômicas tomadas hoje moldarão o futuro de países como China e Europa”, concluiu o gestor, alertando que o que é certo é que a China enfrenta desafios complexos que exige uma adaptação rápida e eficaz para garantir a estabilidade econômica a longo prazo.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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