Desfile em Pequim apresenta arsenal estratégico completo, incluindo DF-5C, DF-61 e JL-3, com capacidade de lançar ogivas nucleares por terra, ar e mar, marcando avanço militar e ampliando tensão geopolítica global
A China revelou nesta quarta-feira (3) uma nova geração de mísseis nucleares intercontinentais durante o desfile militar realizado em Pequim, em comemoração aos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. A exibição pública contou com a apresentação da tríade nuclear completa — com armamentos capazes de serem lançados de terra, ar e mar — consolidando o país como uma potência estratégica em expansão militar.
O destaque foi o míssil balístico intercontinental DF-5C, que possui alcance de até 20 mil quilômetros, cobrindo metade da circunferência do planeta. Essa capacidade permite atingir qualquer país, com múltiplas ogivas nucleares independentes lançadas sobre um mesmo alvo. O arsenal também incluiu o DF-61, um novo míssil móvel de longo alcance, além dos modelos JL-1 e JL-3, lançados a partir de aeronaves e submarinos.
Segundo especialistas, a apresentação da tríade nuclear é considerada uma rara demonstração de poder estratégico do governo de Xi Jinping, enviando uma mensagem direta ao Ocidente em um momento de tensões crescentes com os Estados Unidos.
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Tríade nuclear e novos armamentos
De acordo com a agência Reuters, a presença do DF-5C simboliza o salto tecnológico da China no campo nuclear. Já a Xinhua, agência estatal chinesa, destacou que o arsenal exibido serve como “trunfo” estratégico para salvaguardar a soberania nacional.
Além dos mísseis intercontinentais, o desfile apresentou mísseis antinavio da família YJ, capazes de atingir porta-aviões e embarcações de grande porte. Modelos como o YJ-17, YJ-19 e YJ-20 podem atingir velocidades hipersônicas, superando cinco vezes a velocidade do som. Especialistas consultados pela AFP afirmaram que essa evolução busca conter o poder naval norte-americano no Estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China.
Durante os ensaios, observadores militares também registraram a presença de veículos submarinos não tripulados, entre eles o protótipo AJX002, com cerca de 20 metros de comprimento. O país mantém hoje o maior programa mundial de veículos submarinos autônomos extragrandes (XLUUV).
Expansão do arsenal nuclear
O Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (SIPRI) calcula que a China possui aproximadamente 600 ogivas nucleares, número ainda distante das mais de 5 mil ogivas de Estados Unidos e Rússia. No entanto, estudos indicam que Pequim pode ampliar esse número para 1.500 ogivas até 2035, refletindo uma política de modernização militar acelerada.
Conforme reportagem do portal G1 com base em dados do SIPRI, o programa nuclear chinês vem ganhando destaque em fóruns internacionais de segurança e representa uma mudança significativa no equilíbrio estratégico global.
Outro sistema apresentado foi o HQ-29, descrito por analistas como um possível “caçador de satélites”, com capacidade de interceptar mísseis a até 500 km de altitude e neutralizar satélites de órbita baixa.
Novas tecnologias reveladas
De acordo com matéria recente aqui no CPG, entre as inovações expostas, chamou atenção um veículo retangular camuflado, apontado pelo jornal South China Morning Post como um sistema de defesa a laser. Segundo relatos, a tecnologia poderia derrubar drones e mísseis inimigos. Em publicações na rede social X, perfis ligados ao Exército chinês afirmaram que se trata do “sistema de defesa a laser mais potente do mundo”.
O evento também apresentou drones subaquáticos, escudos antimísseis e aeronaves experimentais, ampliando a percepção de que a China busca desenvolver um arsenal diversificado, combinando armas nucleares, hipersônicas e tecnologias emergentes.
Especialistas observam que essa estratégia segue a tendência global de modernização militar, onde países priorizam tanto capacidade ofensiva quanto sistemas defensivos inovadores.
Contexto geopolítico
A exibição militar ocorreu na Praça Tiananmen, em Pequim, diante de líderes políticos e militares. O desfile foi marcado por forte simbolismo, reforçando a narrativa do governo de Xi Jinping de que a China está preparada para proteger sua soberania diante de pressões externas.
Fontes oficiais destacaram que todos os armamentos exibidos são de “fabricação nacional” e já estão em operação. A decisão de mostrá-los publicamente é interpretada como uma mensagem direta aos Estados Unidos e seus aliados, especialmente diante das disputas territoriais no Pacífico.
O evento, transmitido ao vivo pela TV estatal chinesa, reforçou a imagem de que o país busca ampliar sua influência militar global e consolidar-se como protagonista na nova ordem internacional.
Na sua visão, até que ponto o avanço do arsenal chinês representa uma ameaça direta aos Estados Unidos e seus aliados?