Porta-aviões Fujian, de 80 mil toneladas, pode estrear em setembro no aniversário da vitória chinesa sobre o Japão, simbolizando avanço militar e mensagem política.
O porta-aviões mais avançado da China, o Fujian, poderá entrar em serviço já no mês que vem, segundo a mídia estatal. Uma reportagem exibida pela Televisão Central da China (CCTV) no sábado (23 de agosto) destacou que o comissionamento oficial pode coincidir com o 80º aniversário da vitória chinesa sobre o Japão, celebrado em 3 de setembro.
O jornal South China Morning Post (SCMP) relatou que o material televisivo começou com imagens do estaleiro Jiangnan, em Xangai, onde o Fujian foi construído e lançado. Logo em seguida, as cenas mostraram o navio no mar, em preparação para assumir funções plenas.
Carregada de simbolismo histórico
Durante a reportagem, o narrador ligou o Fujian ao passado de conflitos. Ele afirmou: “Em agosto de 2025, o primeiro porta-aviões chinês equipado com catapulta, projetado e construído inteiramente no país, está se preparando para o comissionamento oficial. Oitenta e oito anos atrás, o navio almirante Izumo, da Marinha Imperial Japonesa, navegava nas mesmas águas”.
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O tom adotado deixou claro o simbolismo da data. A ideia apresentada foi de “vingança” ou justiça histórica contra a agressão japonesa. Uma vez em serviço, a China será o único país além dos Estados Unidos a operar um porta-aviões com sistema de catapulta eletromagnética.
Lembrança do passado de guerras
O historiador naval Chen Yue reforçou o vínculo com a memória bélica. Segundo ele, “os canhões do cruzador blindado Izumo estavam apontados diretamente para os distritos urbanos de Xangai”. Chen lembrou ainda que o financiamento daquele navio japonês veio das reparações obtidas no Tratado de Shimonoseki.
A menção ressaltou que o Izumo se transformou em símbolo da agressão japonesa, em contraste com o Fujian, visto agora como resposta tecnológica e militar.
Testes concluídos no mar
A expectativa pelo comissionamento do Fujian cresceu nas últimas semanas, porque o navio completou uma série de testes de decolagem. As imagens das avaliações foram transmitidas no aniversário de 98 anos da formação do Exército de Libertação Popular da China.
O Fujian, de 80.000 toneladas, é o primeiro porta-aviões chinês totalmente produzido internamente. Ele se diferencia por usar catapulta eletromagnética em vez das rampas tradicionais. Esse sistema amplia o poder do navio porque permite lançar aeronaves mais pesadas e em maior frequência.
Potência ampliada
Construído para operar caças furtivos e jatos de guerra eletrônica, o Fujian representa um salto significativo na marinha chinesa. Ele deixou o estaleiro pela primeira vez em junho de 2022 e desde então passou por 117 dias de ensaios em oito viagens de teste.
Em comparação, os outros dois porta-aviões chineses, Liaoning e Shandong, tiveram testes menos rigorosos. Isso demonstra a maior complexidade e a capacidade superior do novo navio.
Exibição de força no desfile
O provável comissionamento do Fujian deve ocorrer em meio às celebrações nacionais, ao lado de tanques, mísseis e uma banda militar com mil integrantes. Essa apresentação foi projetada não apenas como ato de celebração, mas como mensagem para rivais estratégicos.
“O equipamento para o desfile não foi feito para exibição, mas para combate”, afirmou um comandante de tanques em entrevista à CCTV. Segundo ele, se houver ordem, as tropas podem ir do desfile direto ao campo de batalha.
Orgulho e mensagem política
A entrada em serviço do Fujian reforça o orgulho militar chinês e encurta a distância em relação à Marinha dos EUA. Além disso, a data escolhida para a estreia conecta o avanço tecnológico a uma memória de sofrimento nacional.
Portanto, o Fujian não é apenas um navio de guerra moderno. Ele também simboliza a transformação da China, que deixou de ser alvo de agressões navais para se tornar potência capaz de operar alguns dos porta-aviões mais avançados do mundo.