Gigante asiático quer mais que comprar: meta é dominar também a produção com novas tecnologias genéticas, transgênicos e até inteligência artificial
O Brasil, maior produtor mundial de soja, está prestes a vivenciar uma nova era no setor agrícola. Isso porque a China, que até agora atuava como uma das principais compradoras da oleaginosa brasileira, quer ir além: chegou o momento de também influenciar e fornecer tecnologias na produção nacional.
O movimento é estratégico. Em vez de depender exclusivamente de fornecedores ocidentais e pagar altos royalties por sementes e tecnologias genéticas, os chineses miram o domínio de ponta a ponta da cadeia produtiva. O recado é claro: a China quer plantar, colher e transformar a soja brasileira com seu próprio DNA biotecnológico.
Tecnologia, genética e inteligência artificial no campo – A soja mudou
A entrada chinesa não é tímida. Pesquisadores do laboratório governamental Yazhouwan, na ilha de Hainan, estão desenvolvendo novas variedades de soja e milho com foco em alto rendimento, resistência a pragas e qualidade exigida pelo mercado chinês. A iniciativa vai além do Brasil: inclui projetos para adaptação em países tropicais, América Central e até África.
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Com uma demanda crescente — 120 milhões de toneladas por ano — e uma produção local que cobre apenas 20 milhões, a China tem pressa. A meta é clara: aumentar em pelo menos 15% a produção doméstica até 2030, mas também ganhar espaço nos países que já dominam o setor. E o Brasil é o principal deles.
Ferramentas como seleção genômica, transgenia, edição genética e uso de inteligência artificial para modelar novas proteínas resistentes a pragas já são realidade nos laboratórios chineses. O foco agora é em variedades tolerantes a herbicidas e resistentes a doenças devastadoras como a ferrugem asiática.
Empresas chinesas já em solo brasileiro
Um exemplo do avanço é a DBN, empresa jovem que já atua no Brasil há quatro anos. A companhia planeja dominar 30% do mercado brasileiro de biotecnologia da soja em apenas uma década. A estratégia? Parcerias com gigantes do setor, como a argentina GDM, e investimento pesado em pesquisa e desenvolvimento no Brasil.
Além da DBN, a LongPing, uma das maiores empresas de sementes da China, também já está desenvolvendo cultivares para o solo brasileiro. E tudo isso acontece enquanto o próprio mercado chinês começa a liberar o cultivo de transgênicos, mas com uma regra: apenas com sementes criadas por empresas locais.
Brasil precisa correr ou vai ficar para trás
Enquanto os chineses avançam a passos largos, o alerta vem da própria Embrapa: o Brasil pode estar perdendo a corrida tecnológica. Outros países já desenvolvem variedades de soja com alto teor de ácido oleico — um tipo de óleo 70% menos poluente que o tradicional e até comparado ao azeite de oliva em valor nutricional.
Com o aumento da demanda e o avanço da tecnologia, os chineses agora olham para todos os lados: do Cerrado brasileiro à savana africana. A China quer garantir o fornecimento, reduzir custos e ampliar o controle sobre a soja mundial — e o Brasil está no centro dessa revolução.
Prepare-se: a disputa pela próxima geração da soja já começou. E ela será travada nos laboratórios, nos campos e nos algoritmos.