Brasil se torna destaque mundial em capital chinês
O Brasil alcançou em 2025 a terceira posição entre os principais destinos de investimentos chineses no mundo, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
O estudo revelou que os aportes diretos mais que dobraram em relação a 2024.
O total chegou a US$ 4,2 bilhões em dezenas de projetos distribuídos por diferentes setores.
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Com esse resultado, o país superou sua posição anterior e tornou-se o principal destino fora da Europa.
Avanço chinês em energia e indústria nacional
De acordo com o CEBC, os aportes de 2025 abrangeram desde projetos no setor de energia até novas iniciativas em carros elétricos.
Uallace Moreira, secretário de desenvolvimento industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), destacou que a entrada da China promove um “choque de competitividade”.
Ele ressaltou que é necessário estimular a formação de cadeias produtivas locais.
Muitas fábricas ainda importam peças da China e realizam apenas a montagem final em território brasileiro.
Contexto diplomático e tensões globais
O crescimento dos aportes chineses ocorreu em meio ao fortalecimento das relações bilaterais entre Brasil e China.
Em 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Xi Jinping se reuniram duas vezes para consolidar parcerias estratégicas.
Enquanto isso, os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, endureceram a guerra comercial ao impor tarifas elevadas sobre produtos chineses e brasileiros.
Segundo Tulio Cariello, autor principal do estudo do CEBC, essa conjuntura explica por que empresas da China buscam expandir em mercados emergentes como o brasileiro.
Ao mesmo tempo, os aportes recuam nos Estados Unidos.
Por lá, os investimentos chineses chegaram a apenas US$ 2,2 bilhões em 2025.
Números e comparações com outros períodos
Embora expressivo, o montante atual ainda está abaixo da média registrada entre 2015 e 2019.
Nesse período, os aportes anuais chineses atingiram cerca de US$ 6,6 bilhões, em especial em projetos de petróleo e energia.
Contudo, o CEBC destacou que a China bateu recorde no número de iniciativas.
Foram 39 projetos ativos em 2025 no Brasil.
Esse avanço diversificado coloca o país atrás apenas do Reino Unido e da Hungria no ranking global.
Em contrapartida, os Estados Unidos seguem liderando como maior fonte de investimento estrangeiro direto no Brasil.
O total de aportes americanos chegou a US$ 8,5 bilhões no mesmo período.
Novos setores e desafios enfrentados no Brasil
Além de energia, petróleo e indústria automobilística, empresas como Meituan e Didi expandiram operações no setor de entregas no Brasil em 2025.
Porém, segundo Moreira, o ambiente local ainda impõe barreiras devido a custos elevados nas cadeias produtivas.
O sistema tributário complexo e as legislações trabalhistas rígidas também representam entraves.
Um exemplo foi o caso da BYD, processada em 2025 após denúncias de condições análogas à escravidão em uma fábrica em construção.
A empresa negou qualquer irregularidade.
Apesar dos desafios, o avanço chinês reflete uma tendência contínua de reposicionamento global em meio às tensões geopolíticas.
O cenário aponta para maior integração do Brasil em cadeias internacionais de valor.
Mas também exige políticas que ampliem os benefícios internos.
Afinal, até que ponto o Brasil transformará esse fluxo em desenvolvimento sustentável?