Dispositivo chinês dispara rede silenciosa para capturar detritos espaciais, mas especialistas alertam para possível uso como arma contra satélites.
Pesquisadores chineses anunciaram a criação de um lançador compacto para capturar detritos espaciais.
O equipamento, descrito no periódico Acta Aeronautica et Astronautica Sinica, utiliza um mecanismo fechado de absorção de energia a gás para impulsionar, de forma silenciosa, uma cápsula com rede em direção a alvos em órbita.
Diferente das armas convencionais, não produz fumaça, clarão ou vibração significativa. Isso garante operação precisa sem desestabilizar a nave hospedeira.
-
Cientistas alertam: inverno nuclear devastaria agricultura e mataria milhões pela fome em poucos anos após conflito atômico
-
Celular recordista do Guinness chega ao Brasil com bateria de 7.000 mAh, carregamento de 120W e resfriamento IceSense Graphene
-
Cientistas criam a primeira língua artificial do mundo capaz de sentir e memorizar sabores por mais de 2 minutos
-
Ozempic e similares podem estar ligados a perda súbita de visão, apontam novos estudos envolvendo mais de 150 mil pacientes
A proposta inicial é ajudar na limpeza do espaço, mas especialistas alertam para o potencial militar.
Projeto e funcionamento do lançador
O sistema foi desenvolvido por engenheiros de Nanquim, Xangai e Shenyang, sob liderança de Yue Shuai, professor associado da Universidade de Ciência e Tecnologia de Nanquim.
Ele funciona com uma pequena carga de pólvora que gera gás de alta pressão. Esse gás move um pistão, rompendo uma seção frágil em pressão pré-definida e liberando o projétil.
Um anel com ângulo de 35 graus absorve o recuo, dobrando-se para dentro como uma flor, reduzindo o impulso máximo em mais de 9% em comparação a um anel de 20 graus.
O deslocamento do cano é mínimo, apenas 3,45 milímetros. Além disso, uma tampa selada mantém o gás contido, evitando contaminação no espaço.
Segundo os pesquisadores, o ângulo foi determinante para maximizar a absorção de energia e evitar impactos que poderiam danificar satélites.
Combate aos detritos espaciais
A missão oficial é lidar com o aumento dos detritos em órbita, como satélites desativados e estágios de foguetes.
O lançador dispara uma cápsula que abre uma rede para envolver e prender o objeto, conduzindo-o à atmosfera para que seja destruído na reentrada.
O equipamento se destaca por ser compacto, não precisar de energia externa e poder ser fabricado em massa em fábricas convencionais.
Potencial militar e riscos geopolíticos
Em comparação a canhões eletromagnéticos, que requerem grandes fontes de energia e sistemas complexos, o uso de pólvora é mais barato, durável e simples para operação contínua no espaço.
Embora o estudo não mencione fins militares, analistas afirmam que a tecnologia poderia ser adaptada para desativar satélites de comunicação ou reconhecimento inimigos.
Um cientista espacial de Pequim, ouvido pelo South China Morning Post, afirmou que tal ataque seria praticamente indetectável, podendo parecer apenas uma falha técnica.
O desenvolvimento surge em um cenário de crescente disputa geopolítica no espaço.
O Tratado do Espaço Exterior de 1967 proíbe armas nucleares em órbita e determina uso pacífico dos corpos celestes, mas não veda explicitamente armas cinéticas.
Futuro da tecnologia
Ainda não se sabe se o lançador já está em operação ou em fase de testes.
O perfil acadêmico de Yue indica experiência em sistemas de armas espaciais e menciona que ele já possui duas cargas úteis em órbita, com novos lançamentos planejados.
O avanço reforça o investimento chinês em tecnologias de uso duplo — civil e militar.
Para especialistas, a novidade evidencia a urgência de normas internacionais mais claras para evitar conflitos e mal-entendidos no ambiente espacial.