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China constrói e instala turbinas colossais de impulso de 500 MW, equipada com 21 conchas, algo nunca visto antes

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 10/08/2025 às 10:36
China constrói e instala turbinas colossais de impulso de 500 MW, equipada com 21 conchas, algo nunca visto antes
O desenvolvimento dessas turbinas levou cerca de quatro anos, com tecnologia totalmente interna da Harbin Electric. (Foto: English.news.cn)
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Cada uma dessas turbinas hidrelétricas tem 80 toneladas, mede 6,2 metros de diâmetro e é fabricada em aço martensítico de alta resistência, com 21 conchas de água para assegurar o fluxo ideal durante a operação

As turbinas de impulso (como o modelo Pelton usado no projeto Datang Zala) funcionam com jatos de água de alta pressão que atingem as pás da turbina, fazendo-a girar no ar, diferente das turbinas de reação, como a Francis, que operam totalmente submersas. Esse funcionamento em alta queda é ideal para locais com muita elevação, aproveitando a gravidade.

Aqui, atingir uma capacidade de 500 MW por unidade é algo nunca visto antes. É a primeira vez que o mundo vê turbinas de impulso com esse nível de potência, um verdadeiro salto tecnológico que serve como um marco na engenharia hidrelétrica.

Esse feito ganha ainda mais relevância por unir grande capacidade a eficiência operacional. Quando uma turbina é tão poderosa quanto eficiente, ela impacta positivamente toda a matriz energética, representando inovação, sustentabilidade e economia de escala.

Para quem se interessa por tecnologia limpa e avanços em energia, o projeto simboliza como a China está avançando rapidamente no setor de energia renovável, estabelecendo um novo padrão tanto em capacidade de geração quanto em dimensionamento de turbinas.

A engenharia por trás das turbinas gigantes da Harbin Electric

Cada turbina pesa impressionantes 80 toneladas e tem um diâmetro de 6,2 metros, sendo construída em aço martensítico de alta resistência, com 21 conchas de água para garantir o fluxo necessário à sua operação. Isso demonstra a complexidade técnica envolvida.

O aço martensítico foi escolhido pelo equilíbrio entre durabilidade e resistência à corrosão — essencial para equipamentos que operam sob alta pressão e em escala industrial. Essa durabilidade é vital, especialmente considerando que as turbinas funcionarão praticamente 24 horas por dia.

O desenvolvimento dessas turbinas levou cerca de quatro anos, com tecnologia totalmente interna da Harbin Electric. A fabricação feita por uma empresa chinesa contribui para a independência tecnológica e consolidação da expertise nacional em engenharia pesada.

Em comparação com turbinas hidráulicas padrão, essa inovação técnica sinaliza que a China não só produz mais, mas também eleva o nível de complexidade e eficiência dos próprios equipamentos — algo crítico para manter liderança em energia renovável.

A Usina Hidrelétrica de Datang Zala e seu papel na matriz energética chinesa

A usina está localizada no Rio Yuqu, afluente do Rio Nu (ou Salween), no leste do Tibete. A zona possui uma queda vertical de 671 metros, caracterizando-se como sistema de “alta queda” — o que maximiza a eficiência das turbinas de impulso.

Espera-se que a eficiência das turbinas salte de 91% para 92,6%, o que representa aproximadamente 190.000 kWh extras por dia — um ganho significativo considerando que estamos falando de geração contínua de energia.

Com duas turbinas de 500 MW, a usina terá uma capacidade total instalada de 1.000 MW. Anualmente, deve gerar quase 4 bilhões de kWh, energia suficiente para substituir 1,3 milhão de toneladas de carvão — e reduzir em 3,4 milhões de toneladas de CO₂ as emissões associadas à geração térmica.

Este projeto insere-se na estratégia da China de neutralidade de carbono até 2060, usando a hidreletricidade avançada como pilar para descarbonização e transição energética sustentável.

Benefícios ambientais e contribuição para a meta de neutralidade de carbono

A substituição da geração térmica a carvão por hidrelétrica limpa representa uma enorme redução de emissões de gases do efeito estufa. As 3,4 milhões de toneladas de CO₂ evitadas por ano são um avanço significativo para o meio ambiente.

Além disso, a usina aproveita seus ganhos de eficiência para maximizar a produção dentro de parâmetros ecológicos — gerando mais energia com menos impactos, um princípio fundamental da energia renovável moderna.

A China vem investindo amplamente em hidrelétricas reversíveis, que permitem armazenar água em reservatórios e liberar energia sob demanda. Esses sistemas são versáteis e flexíveis, reforçando o papel das hidrelétricas como “baterias limpas” para a rede elétrica.

Tudo isso converge para uma transição energética mais eficiente e sustentável, crucial para que o país alcance sua meta nacional de neutralidade de carbono até 2060 — com hidrelétrica como protagonista.

Questões geopolíticas e ambientais no Rio Nu/Salween

O Rio Nu, que se torna o Salween, atravessa o Tibete e segue para Mianmar, tornando-se uma hidrovia internacional vital para milhões de pessoas que dependem dela para água, agricultura e energia.

Projetos anteriores, como o da Yarlung Tsangpo, enfrentaram forte resistência devido a riscos de escassez hídrica e tensões legais e ambientais com países vizinhos. A usina Datang Zala, embora menor, levanta debates semelhantes.

A China já foi impedida de construir uma barragem de 6.000 MW no rio Irauádi por Mianmar em 2011 — mostrando que há uma sensibilidade regional que não deve ser ignorada.

Portanto, mesmo que o projeto não esteja no mesmo nível de escândalo geopolítico, ele traz à tona o debate: quem decide o destino de um rio compartilhado por milhões de pessoas? Transparência e diálogo são essenciais para que avanços energéticos não se tornem conflitos ambientais.

A liderança da China na energia hidrelétrica mundial

Até o final de 2024, a China acumulava cerca de 436 GW de capacidade hidrelétrica instalada, frente aos 103,1 GW dos Estados Unidos — evidência clara de sua liderança global no setor.

Em 2024, a China também foi responsável por praticamente metade dos 24,6 GW de nova capacidade hidrelétrica mundial — com 14,4 GW entrando em operação no país. Isso inclui hidrelétricas reversíveis, altamente valorizadas por sua flexibilidade.

Essa expansão reforça que a China está não só ampliando sua infraestrutura, mas também impactando o mercado global em tecnologia hidrelétrica.

A construção das turbinas de 500 MW só amplia essa vantagem competitiva. O país abre caminho para exportar tecnologia, propor novos padrões de eficiência e ditar o rumo do setor para as próximas décadas.

O futuro da tecnologia de turbinas de impulso

Com essa inovação, abre-se um leque de possibilidades: outras nações com rios de alta queda podem adotar turbinas semelhantes para ampliar sua matriz energética limpa — com alta eficiência e poder de geração.

Espera-se que os ganhos de eficiência continuem aumentando, à medida que os projetos aprendem com o desenvolvimento da tecnologia. A integração com sistemas híbridos (eólica, solar, armazenamento) pode elevar o impacto energético desses sistemas.

Além disso, como esperado, o projeto Datang Zala deve entrar em operação plena até 2028 — quando essas turbinas passarão de protótipos a componentes operacionais no sistema elétrico chinês.

Esse avanço técnico é um passo importante rumo ao futuro da energia renovável — onde a capacidade, eficiência e sustentabilidade caminham lado a lado.

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10/08/2025 10:46

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Geovane Souza

Geovane Souza é especialista em criação de conteúdo na internet, ações de SEO e marketing digital. Nas horas vagas é Universitário de Sistemas de Informação no IFBA Campus de Vitória da Conquista.

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