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China coloca mais de R$ 1 bilhão na mesa para construção de terminal no Brasil e deixa os EUA em alerta com ameaça direta ao seu domínio agrícola, diz canal

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 25/10/2025 às 15:30
China investe mais de R$ 1 bilhão no terminal da COFCO no porto de Santos, Brasil, ampliando exportação de grãos e reacendendo disputa com os EUA.
China investe mais de R$ 1 bilhão no terminal da COFCO no porto de Santos, Brasil, ampliando exportação de grãos e reacendendo disputa com os EUA.
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Um investimento bilionário da China no porto de Santos promete mudar a rota global do agronegócio, ampliando a presença da estatal COFCO no Brasil e reacendendo disputas comerciais entre chineses, brasileiros e norte-americanos.

China coloca mais de R$ 1 bilhão na mesa para construção de terminal no Brasil e deixa os EUA em alerta com ameaça direta ao seu domínio agrícola, diz canal Construction Time

O novo terminal graneleiro que a estatal chinesa COFCO International implanta no porto de Santos (SP) entrou em fase operacional em 2025 e tem previsão de aumento progressivo até 2026.

A capacidade própria da companhia no Brasil deve passar de cerca de 3 milhões para até 14 milhões de toneladas por ano, conforme o plano de ramp-up divulgado pela empresa.

Segundo reportagem publicada pelo canal Construction Time, a iniciativa integra a estratégia chinesa de ampliar rotas de suprimento agrícola com ativos dedicados fora da Ásia.

O canal atribui ao projeto um papel central na diversificação logística de grãos, com foco em soja e milho embarcados no litoral paulista.

Expansão no maior porto da América Latina

Localizado no litoral de São Paulo, o porto de Santos encerrou 2024 com 179,8 milhões de toneladas movimentadas, recorde histórico da autoridade portuária.

Em 2025, o complexo manteve ritmo elevado, sustentado por safras volumosas e pelo reforço da oferta de berços e armazenagem para granéis sólidos vegetais.

Novo terminal de granéis da COFCO no porto de Santos amplia capacidade de exportação no agronegócio brasileiro.
Novo terminal de granéis da COFCO no porto de Santos amplia capacidade de exportação no agronegócio brasileiro.

Ainda de acordo com apuração do Construction Time, o avanço do terminal ocorre em um contexto de alta utilização da infraestrutura existente e de busca por ganhos de eficiência no escoamento do Centro-Oeste.

Especialistas ouvidos pelo setor portuário apontam que novas capacidades em Santos tendem a reduzir filas em janelas de pico e a dar previsibilidade de embarque.

Estrutura do terminal da COFCO em Santos

O empreendimento corresponde ao STS-11, um dos maiores terminais de granéis sólidos vegetais do porto.

Documentos públicos indicam capacidade anual projetada em torno de 14,3 milhões de toneladas, armazenagem estática próxima de 490 mil toneladas e dois berços com integração rodoferroviária.

As obras começaram em 2023, com operação por fases a partir de 2025 e plena carga estimada para 2026.

Para alimentar o terminal, a COFCO adquiriu 979 vagões e 23 locomotivas e firmou estrutura operacional com a Rumo, ampliando o fluxo ferroviário entre polos produtores do Centro-Oeste e a Baixada Santista.

Segundo a empresa, esse pacote adiciona até 4 milhões de toneladas por ano de capacidade de transporte dedicada ao STS-11.

Por que Santos é estratégico

Santos concentra retroáreas e conexões às malhas ferroviária e rodoviária que ligam Mato Grosso, Goiás e Paraná, estados com forte produção de soja e milho.

Especialistas em logística portuária afirmam que a localização e a escala do complexo funcionam como amortecedor de gargalos sazonais, ao distribuir volumes entre diferentes terminais e ampliar a vazão de carregamento de navios.

O canal Construction Time também apontou que, com ativos de grande porte e berços dedicados, operadores conseguem reduzir tempos médios de atracação e padronizar janelas de operação, o que tende a diminuir custos logísticos por tonelada em períodos de maior pressão de safra.

Impacto na geopolítica do agro

Vista aérea do porto de Santos com infraestrutura para escoamento de soja e milho rumo à China. (Imagem: Datamar News)
Vista aérea do porto de Santos com infraestrutura para escoamento de soja e milho rumo à China. (Imagem: Datamar News)

Desde 2018, quando se intensificou a disputa comercial entre China e Estados Unidos, analistas de comércio exterior registram maior diversificação de origens por parte de importadores chineses.

Em linha com essa tendência, o terminal de Santos é apresentado por fontes do setor como elemento de segurança de abastecimento, por reduzir a exposição a rotas alternativas mais longas e a operadores sem integração ferroviária no interior do Brasil.

Segundo o Construction Time, a ampliação de infraestrutura sob gestão de uma estatal chinesa em território brasileiro é acompanhada por agentes do agronegócio norte-americano, que monitoram efeitos potenciais sobre a participação dos EUA nas vendas à Ásia.

A avaliação corrente entre consultorias é que novos terminais fortalecem a competitividade brasileira quando câmbio, prêmios portuários e safra são favoráveis.

Números do agro brasileiro

O Brasil exportou mais de 100 milhões de toneladas de soja em grão em 2023, segundo dados consolidados por órgãos oficiais e entidades setoriais.

Em 2024, houve leve recuo, mas 2025 retomou o crescimento e projeta-se volume anual novamente acima de 100 milhões de toneladas, a depender da confirmação do ritmo no quarto trimestre.

A China permanece como principal destino, de acordo com as séries estatísticas de comércio exterior.

Investimento e financiamento

Os valores associados ao terminal variam conforme o recorte metodológico.

A COFCO divulgou R$ 1,64 bilhão para o ativo portuário e cerca de R$ 1,2 bilhão no pacote ferroviário relacionado à operação, incluindo material rodante.

Em comunicações setoriais, o escopo portuário também aparece traduzido como US$ 285 milhões, diferença explicada por câmbio e etapas de obra consideradas em cada publicação.

Apesar de metodologias distintas, as cifras convergem para um aporte bilionário em infraestrutura de exportação.

Operação e critérios ambientais

Materiais técnicos do projeto e da autoridade portuária mencionam carregadores de alta vazão, esteiras enclausuradas, mitigação de particulados e ruído e aproveitamento de águas pluviais.

Segundo especialistas em engenharia portuária, essas soluções estão alinhadas às práticas de ESG adotadas em terminais graneleiros de grande porte, com foco em controle ambiental e eficiência operacional.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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