A China planeja reduzir emissões e expandir energia solar e eólica para 3,6 TW até 2035, acelerando a transição energética do país.
A China anuncia nova meta climática e, com isso, busca reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre 7% e 10% até 2035. Em relação ao pico histórico de emissão.
Além disso, o presidente Xi Jinping apresentou o anúncio durante a Cúpula do Clima das Nações Unidas em Nova York. Demonstrando a intenção do país de acelerar a transição energética.
No entanto, essa meta ainda fica abaixo das recomendações de cientistas para alinhar-se ao Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5ºC.
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Historicamente, a China se tornou o maior emissor global de GEE. Principalmente devido ao crescimento industrial acelerado e ao uso intenso de carvão como fonte energética.
Por isso, desde a abertura econômica na década de 1980, o país passou por uma expansão industrial sem precedentes. O que aumentou significativamente suas emissões de carbono.
Apesar disso, a China investe em energias renováveis de forma consistente e, consequentemente, assume compromissos ambientais que frequentemente superam suas próprias metas iniciais.
Dessa forma, a nova meta climática inclui o compromisso de alcançar mais de 30% de fontes não fósseis no consumo total de energia.
Esse percentual reflete o esforço do país em promover a transição energética. Considerando o tamanho da economia chinesa e a intensidade histórica do uso de carvão.
Além disso, o país integra políticas de eficiência energética em setores industriais e urbanos. Promovendo tecnologias de baixo carbono em fábricas, edifícios e sistemas de transporte.
Assim, a China não busca apenas reduzir emissões de forma isolada. Mas transformar sua economia em uma estrutura mais sustentável e adaptável às demandas do século XXI.
Expansão de energias renováveis
Para atingir esses objetivos, a China planeja expandir a capacidade de geração de energia solar e eólica para 3,6 terawatts (TW) até 2035.
Isso representa um aumento de mais de seis vezes em relação ao nível de 2020. Ou seja, praticamente dobra a capacidade atual dessas fontes de energia. Que já somavam 1.482 gigawatts (GW) em março de 2025, superando a capacidade do carvão.
Além disso, o país combina mitigação climática com crescimento econômico sustentável, pois a expansão das energias renováveis não apenas reduz as emissões. Mas também cria oportunidades econômicas, especialmente na geração de empregos e no desenvolvimento de tecnologias limpas.
Historicamente, políticas voltadas à inovação tecnológica e à produção em larga escala permitiram à China liderar a produção mundial de painéis solares e turbinas eólicas.
Assim, a capacidade chinesa de construir parques solares e eólicos em grande escala resulta de décadas de investimento em pesquisa. Desenvolvimento e construção de cadeias de suprimento eficientes.
Além disso, a China investe no aumento do volume total do estoque florestal para mais de 24 bilhões de metros cúbicos.
Por outro lado, a proteção das florestas, combinada à expansão de novas áreas verdes, sequestra carbono da atmosfera e reduz os impactos das mudanças climáticas, mostrando que a estratégia do país vai além da produção energética.
Estratégias adicionais e adaptação
O país incentiva a adoção de veículos de nova energia, como elétricos e híbridos, e também expande o Mercado Nacional de Comércio de Emissões de Carbono, cobrindo os principais setores de alta emissão.
Dessa forma, essas medidas refletem uma abordagem integrada que combina mitigação, adaptação e incentivo econômico, buscando construir uma sociedade mais resiliente às mudanças climáticas.
Apesar de a meta de redução de 7% a 10% até 2035 parecer modesta diante das recomendações científicas, a China cumpre ou supera suas metas climáticas antes do prazo.
Por exemplo, a NDC anterior, que previa atingir o pico de emissões antes de 2030, provavelmente já ocorreu em 2023, mostrando que compromissos modestos frequentemente resultam em ações efetivas que ultrapassam as expectativas.
Além disso, a meta de energia renovável para 2030, estabelecida em 2020, foi cumprida seis anos antes do previsto.
Ao mesmo tempo, a China investe em projetos-piloto de cidades sustentáveis e transporte público eficiente, evidenciando que a transição energética inclui planejamento urbano, mobilidade limpa e qualidade de vida para a população.
Contexto internacional e liderança global
O contexto internacional também influencia a decisão chinesa.
Com a COP30 marcada para novembro em Belém, no Brasil, e a expectativa de que mais de 190 países apresentem suas NDCs atualizadas, a China reforça sua posição global como líder na transição energética.
Por isso, o país quer mostrar capacidade de investir em tecnologias limpas e reduzir sua pegada ambiental sem comprometer o desenvolvimento econômico.
A posição do país é estratégica, considerando sua participação na economia global, seu papel na produção industrial e sua influência sobre cadeias de suprimentos globais, especialmente em setores ligados a energias renováveis e tecnologia limpa.
Além disso, a meta de 3,6 TW de energia solar e eólica revela uma mudança estrutural no setor energético chinês, priorizando a diversificação da matriz energética e reduzindo a dependência do carvão.
Essa transformação está alinhada com a meta de atingir emissões líquidas zero até 2060, mostrando que as decisões tomadas hoje impactam diretamente o futuro climático global.
Além disso, historicamente, a China utiliza grandes investimentos em infraestrutura energética para consolidar seu crescimento industrial.
Agora, aplica essa lógica também ao setor de energia limpa.
Além disso, o país amplia sua cooperação internacional em pesquisa e desenvolvimento de energias renováveis, estabelecendo parcerias com outros países e empresas globais para acelerar a inovação tecnológica.
Dessa forma, essa estratégia reforça seu papel central na economia verde e na liderança de práticas sustentáveis no mundo.
Implicações econômicas e sociais
O avanço em energias renováveis não é apenas ambiental, mas também geopolítico.
Consequentemente, a liderança chinesa no setor de energia limpa coloca o país como um ator central na economia verde global, influenciando padrões tecnológicos, preços de commodities e políticas de descarbonização internacionais.
No contexto doméstico, a promoção de veículos elétricos e híbridos, o aumento do estoque florestal e a implementação de políticas de mercado de carbono mostram a intenção da China de integrar sustentabilidade e crescimento econômico.
Além disso, essas medidas atendem à demanda social por ar mais limpo, conservação ambiental e adaptação às mudanças climáticas, demonstrando que o país encara a transição energética como um caminho multifacetado, envolvendo economia, tecnologia, sociedade e meio ambiente.
Além disso, a transição para energias renováveis estimula a criação de novos empregos em setores como fabricação de turbinas, painéis solares e pesquisa tecnológica.
Isso contribui para o desenvolvimento regional e redução de desigualdades.
Por isso, a China reconhece que políticas climáticas eficazes podem ser um motor de crescimento econômico e de justiça ambiental ao mesmo tempo.
Em resumo, a China anuncia nova meta climática que combina redução de emissões, expansão de energias renováveis e adaptação social e ambiental.
Apesar de a meta inicial de redução de GEE até 2035 ser considerada insuficiente para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, o histórico do país indica que compromissos modestos frequentemente resultam em ações concretas e significativas.
O crescimento da capacidade de energia solar e eólica para 3,6 TW, a expansão de veículos de nova energia e o fortalecimento de políticas florestais e de mercado de carbono representam uma abordagem ampla e estratégica.
Dessa forma, essa postura consolida a China como líder global na transição energética e na construção de um futuro sustentável.
Ela mostra que desenvolvimento econômico e preservação ambiental podem caminhar lado a lado.