O desenvolvimento de porta-aviões nuclear na China está em ritmo acelerado, com evidências capturadas por satélites
Em um marco que pode redefinir o equilíbrio de poder naval no Pacífico, a China está progredindo na direção da construção de seu primeiro porta-aviões movido a energia nuclear. A informação foi revelada pela Associated Press em 11 de novembro de 2024, com base em análises de imagens de satélite e documentos do governo chinês.
Segundo pesquisadores do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais, o projeto está ligado ao desenvolvimento de um reator nuclear terrestre em Leshan, na província de Sichuan. A instalação, localizada nas montanhas, opera sob um projeto classificado conhecido como Projeto Longwei, ou “Poder do Dragão”.
Este avanço reflete as ambições da China de construir uma marinha capaz de operar longe de suas águas territoriais, consolidando sua posição como uma potência global.
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Modernização acelerada da marinha chinesa vai muito além do novo porta-aviões nuclear
A Marinha do Exército de Libertação Popular (PLAN), que já é a maior do mundo em número de navios, está se transformando rapidamente. A construção de um porta-aviões nuclear seria um divisor de águas para Pequim, fornecendo alcance operacional e resistência sem precedentes. Isso permitiria à China expandir sua presença em regiões estratégicas, como o Pacífico Ocidental e o disputado Mar da China Meridional.
Atualmente, os porta-aviões chineses, incluindo o Liaoning, o Shandong e o mais recente Tipo 003 Fujian, operam com propulsão convencional. Embora o Fujian, lançado em 2022, tenha introduzido tecnologias modernas como sistemas de lançamento eletromagnéticos, ele ainda carece do alcance e da autonomia de embarques móveis para energia nuclear, uma capacidade essencial para missões de longo alcance.
Detalhes do Projeto Longwei
Imagens de satélite entre 2020 e 2023 mostram construção extensiva na Base 909, uma instalação a 70 milhas de Chengdu, administrada pelo Nuclear Power Institute of China. A base possui infraestrutura avançada, incluindo sistemas de entrada de água e alojamentos para o reator. Essa configuração é consistente com os requisitos de propulsão naval, mostrando que os esforços estão diretamente ligados ao programa de porta-aviões Type 004.
Documentos adicionais, como estudos de impacto ambiental e registros de compras, corroboram essa teoria. Os arquivos detalham a aquisição de equipamentos de reator específicos para instalação em grandes navios de guerra, consolidando as suspeitas de que o protótipo é destinado a porta-aviões.
Reação internacional
Os avanços da China não passaram despercebidos. Os Relatórios do Pentágono indicam preocupação crescente sobre a modernização naval chinesa, que é vista como uma ameaça direta ao domínio militar dos EUA na região do Indo-Pacífico. Apesar de ainda estar atrasado em experiência operacional e sem número de porta-aviões, o ritmo de construção naval da China destaca suas ambições de longo prazo.
Um porta-aviões movido a energia nuclear seria uma virada estratégica, potencialmente desafiando o domínio dos EUA e de seus aliados em áreas como Taiwan e o Mar da China Meridional. Pequim tem se concentrado em expandir sua influência além da Primeira Cadeia de Ilhas, uma área que historicamente serviu como barreira natural às suas operações marítimas.
Impactos geopolíticos
À medida que o PLANO evolui de uma força focada na defesa costeira para uma marinha de águas distantes, as implicações globais se tornam evidentes. A construção de um porta-aviões nuclear marca um passo significativo nessa transição. No entanto, os analistas alertam que a China ainda enfrentará desafios técnicos e logísticos antes que o seu programa de porta-aviões alcance o nível de sofisticação e eficiência da Marinha dos EUA.
O Projeto Longwei simboliza mais que um avanço tecnológico; é um sinal de rápido progresso do complexo militar-industrial da China. A comunidade internacional enfrenta agora um dilema: como equilibrar a contenção das ambições chinesas sem desencadear uma escalada que possa desestabilizar a segurança regional.
Mesmo que ainda não haja um cronograma claro para o lançamento dos porta-aviões nucleares da China, o ritmo de desenvolvimento indica que o PLANO está determinado a transformar suas aspirações em realidade. Pequenos erros no planejamento, no entanto, poderiam comprometer prazos críticos para sua conclusão.