Novo acelerador de partículas será maior, mais potente e eficiente, com construção prevista para a década de 2030, prometendo revolucionar a física de partículas.
O CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) revelou oficialmente o projeto de um novo acelerador de partículas que deverá substituir o Grande Colisor de Hádrons (LHC), hoje considerado o maior acelerador de partículas do mundo. O novo equipamento, chamado de Future Circular Collider (FCC), promete superar em tamanho, capacidade e eficiência o seu antecessor, com início de construção previsto para a década de 2030.
Novo colisor será mais de três vezes maior que o atual
O LHC, que funciona desde 2008, possui 27 quilômetros de circunferência e está instalado a cerca de 100 metros de profundidade entre a Suíça e a França. Com o avanço das pesquisas e a limitação da estrutura atual, os engenheiros do CERN concluíram que é hora de dar um novo passo.
O novo acelerador de partículas terá aproximadamente 90 quilômetros de circunferência, mais de três vezes o tamanho do atual. O acelerador será construído a 200 metros de profundidade, o dobro do LHC. Essa nova estrutura permitirá experimentos ainda mais avançados, contribuindo para a compreensão de fenômenos físicos que ainda não podem ser explicados pela ciência atual.
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Estudo de viabilidade analisou mais de 100 cenários
Para chegar ao formato final do projeto, a equipe de engenheiros do CERN avaliou mais de 100 cenários diferentes. O foco principal foi encontrar uma solução que maximizasse os benefícios científicos e, ao mesmo tempo, reduzisse os impactos ambientais e sociais da obra.
O estudo também leva em conta a sustentabilidade. A proposta inclui a reutilização do calor gerado pelos aceleradores, que poderá ser usado para aquecer a água utilizada por vilas próximas ao laboratório. Essa medida faz parte de uma política de ecodesign que será aplicada desde a concepção até a desmontagem da estrutura.
Investimento previsto é de R$ 104 bilhões ao longo de 12 anos
O orçamento estimado para a construção do novo acelerador de partículas é de 15 bilhões de francos suíços, o que equivale a cerca de R$ 104 bilhões. Esse valor será distribuído ao longo de 12 anos e virá, em grande parte, do orçamento anual do próprio CERN.
A entidade, que representa um consórcio internacional de países, incluindo França e Suíça, já começou a discutir o projeto com representantes locais. A ideia é envolver a população desde o início, para garantir transparência e apoio às futuras fases da construção.
Etapas do FCC vão até o ano de 2100
O plano é dividir o desenvolvimento do novo acelerador de partículas em fases. Na primeira etapa, prevista para a década de 2040, o colisor permitirá colisões entre elétrons e pósitrons. Essas partículas, quando colidem em alta velocidade, ajudam os cientistas a estudar as forças fundamentais do universo.
Em um segundo momento, por volta de 2070, o equipamento será adaptado para realizar colisões entre prótons, assim como acontece hoje com o LHC. Essa mudança permitirá uma nova geração de experimentos e deve manter o FCC em funcionamento até o final do século, com operações previstas até o ano 2100.
Revisões técnicas e decisão final só devem ocorrer em 2028
Antes da construção, o projeto passará por uma série de análises técnicas. O relatório atual será avaliado por comissões de especialistas independentes e, depois, será encaminhado ao Conselho do CERN.
A organização informou que a próxima reunião sobre o tema está marcada para novembro deste ano. No entanto, a decisão final sobre o início das obras não deve sair antes de 2028.
Segundo comunicado oficial, o CERN reafirma o compromisso com a sustentabilidade e a transparência.
“Qualquer novo projeto no laboratório será um exemplo de infraestrutura de pesquisa sustentável, integrando princípios de ecodesign em todas as fases do projeto, do design à construção, operações e desmontagem”, informou a entidade.
Maior acelerador de partículas do mundo marcará nova era na física
Com sua dimensão e capacidade, o FCC será o maior acelerador de partículas do mundo. A expectativa é que o equipamento permita a descoberta de novas partículas e ajude a responder questões fundamentais sobre a origem do universo, a matéria escura e a natureza das forças que regem o cosmos.
O projeto também reforça o papel do CERN como um dos principais centros de pesquisa científica do planeta. A construção do novo acelerador de partículas mostra que, mesmo após décadas de avanços, a ciência ainda tem muito a explorar no campo da física de partículas.
Enquanto o LHC se aproxima do fim de sua vida útil, a próxima geração de cientistas já se prepara para trabalhar no FCC e levar adiante os estudos que poderão transformar o conhecimento sobre o universo.
Fonte: Olhar Digital