CEO da Scania elogia o Brasil como centro de manufatura, defende o acordo UE–Mercosul e destaca o papel da indústria brasileira na transição energética.
O CEO global da Scania, Christian Levin, reforçou em recente entrevista que a companhia tem “muita sorte de ter o Brasil como centro de manufatura”. E que o acordo UE–Mercosul é interessante. A declaração sintetiza o peso da indústria brasileira no cenário global da fabricante sueca de caminhões e ônibus pesados. Segundo Levin, a operação nacional é hoje não apenas uma base produtiva, mas também um polo de inovação tecnológica que tem contribuído para a transição energética e a descarbonização do transporte.
O Brasil abriga uma das maiores plantas industriais da Scania no mundo. A fábrica instalada em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, cresceu a ponto de superar em escala a própria matriz europeia. Atualmente, a produção nacional é cerca de dez vezes maior que a operação sueca, atendendo não só o mercado interno, mas também exportando para toda a América Latina. Esse desempenho transforma o país em peça-chave da estratégia global de crescimento da companhia.
CEO da Scania defende a aprovação do acordo UE–Mercosul
Um dos pontos centrais da fala de Levin foi a defesa da aprovação urgente do acordo UE–Mercosul. O executivo explicou que a integração entre os dois blocos não apenas reduziria tarifas e burocracias, mas também criaria um ambiente mais competitivo para empresas que apostam na transição energética.
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Para a Scania, o tratado é visto como um catalisador que permitirá atender mercados de forma mais eficiente, conectando as linhas de produção do Brasil com a demanda europeia.
Segundo Levin, a expectativa é que o acordo seja finalmente ratificado para destravar investimentos e ampliar as exportações brasileiras.
O executivo deixou claro que a Scania deseja uma estrutura comercial que facilite a circulação de veículos, peças e tecnologias entre continentes, elevando a produtividade e posicionando a indústria brasileira como parceira estratégica da Europa no setor automotivo.
Indústria brasileira como motor da transição energética
Outro destaque das declarações foi o papel da indústria brasileira na agenda de sustentabilidade da Scania. O país, por suas características e matriz energética mais limpa, tem sido laboratório para soluções que unem eficiência e redução de emissões.
A Scania já desenvolve no Brasil caminhões movidos a biocombustíveis, além de apostar em programas de eletrificação voltados para o transporte urbano.
Christian Levin foi enfático ao afirmar que sustentabilidade e lucratividade não devem ser vistas como forças opostas. Para ele, o futuro da mobilidade depende de empresas capazes de provar que investir em tecnologias limpas também pode gerar retorno econômico.
A operação brasileira, segundo o CEO, é exemplo dessa convergência, pois demonstra que é possível reduzir emissões sem perder competitividade.
A Scania e o investimento em inovação no Brasil
Nos últimos anos, a Scania anunciou um novo ciclo de investimentos da ordem de R$ 2 bilhões no Brasil, destinados à produção de veículos pesados movidos a energia elétrica e híbrida.
Esses recursos reforçam a aposta na modernização da planta de São Bernardo do Campo e no desenvolvimento de novas linhas de produtos alinhadas à agenda climática global.
Com o crescimento da demanda por soluções sustentáveis, a Scania aposta que o Brasil pode se tornar referência não apenas em volume de produção, mas também em inovação tecnológica.
A combinação entre tradição industrial, disponibilidade de biocombustíveis e mão de obra qualificada coloca o país em vantagem frente a outros mercados emergentes.
Acordo UE–Mercosul como diferencial competitivo
O acordo UE–Mercosul, segundo Levin, deve ser visto como um passo estratégico que beneficia tanto a Europa quanto a América do Sul.
A possibilidade de ampliar a integração comercial permitirá que veículos produzidos no Brasil cheguem mais rápido e com custos reduzidos a mercados internacionais. Ao mesmo tempo, abrirá espaço para a importação de tecnologias de ponta que podem acelerar o processo de eletrificação.
No contexto de concorrência global, o CEO da Scania defendeu que o Brasil não pode se dar ao luxo de perder essa oportunidade.
Em sua visão, o tratado fortalece a posição do país como centro de manufatura e garante previsibilidade para novos investimentos no setor automotivo.
Indústria brasileira no cenário global
Ao elogiar o Brasil como centro de manufatura, Levin destacou também a resiliência da indústria brasileira diante de crises econômicas, políticas e logísticas.
Para o CEO, a experiência acumulada pelo país em superar adversidades e manter a produção ativa mostra a solidez de um ecossistema industrial capaz de sustentar projetos de longo prazo.
A presença da Scania no Brasil há quase sete décadas é prova dessa confiança. O país não apenas cresceu em relevância dentro da estratégia da companhia, mas hoje é visto como um polo de onde saem soluções capazes de atender tanto o mercado interno quanto as exigências internacionais.