A China saiu na frente na corrida global pelos carros elétricos — e isso não foi por acaso. Segundo um CEO do setor automotivo, o país asiático domina o segmento graças a uma combinação de investimentos estratégicos, produção eficiente e forte apoio estatal. O executivo aponta lições que o restante do mundo precisa assimilar para não ficar para trás na transição energética.
A China saiu na frente na corrida dos carros elétricos. Enquanto outras potências ainda tentam encontrar o caminho, o país asiático acelerou sem olhar para trás. Para RJ Scaringe, CEO da Rivian, os motivos são claros. E, segundo ele, o restante do mundo tem muito o que aprender com isso.
A diferença entre China e Estados Unidos é gritante. Scaringe aponta um número simples, mas que explica muita coisa. Em 2023, os carros elétricos representaram 8% das vendas nos EUA. Na China, o número chegou a 45%. É quase seis vezes mais. E não para por aí.
A Europa, mesmo sendo vista como moderna, também fica para trás. O mercado elétrico chinês é três vezes maior que o europeu. Isso mostra como a China se tornou, de fato, líder global no setor. E mostra também por que empresas de fora, como a própria Rivian, ainda engatinham.
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O segredo está no ritmo
Para o CEO da Rivian, a razão principal está na velocidade. A China não para. Inova, testa, desenvolve, produz e lança. Tudo em tempo recorde.
Os fabricantes chineses colocam novos modelos no mercado em alta frequência. Isso gera um efeito em cadeia: os preços caem, os consumidores ganham mais opções e o mercado cresce ainda mais.
Nos Estados Unidos, a oferta ainda é restrita. Scaringe reconhece que, fora a Tesla, há poucas opções viáveis e acessíveis.
Já na China, há dezenas de modelos elétricos com preços competitivos. Isso faz com que o consumidor tenha mais poder de escolha. E isso pressiona as marcas a oferecerem mais por menos.
Rivian quer crescer
Mesmo com um mercado pequeno nos EUA, a Rivian tem planos ousados. A empresa ficou famosa depois de fechar um contrato com a Amazon para fornecer vans de entrega 100% elétricas.
Com isso, ganhou notoriedade e conseguiu lançar seus primeiros carros: o Rivian R1T e o R1S.
Esses modelos foram bem recebidos. São vistos como alternativas interessantes à Tesla, embora a diferença de mercado ainda seja enorme.
Agora, a Rivian quer dar um novo salto. Está trabalhando no desenvolvimento dos modelos R2 e R3. Eles terão papel-chave na expansão da empresa, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
Pela primeira vez, a Rivian planeja exportar para o Velho Continente. A ideia é competir não só com Tesla, mas também com marcas chinesas que começam a se posicionar fora da Ásia. Scaringe sabe que o sucesso do R2 será decisivo para isso. Mas, segundo ele, só isso não basta.
O fator China
Um ponto importante destacado pelo CEO da Rivian é o apoio do governo chinês. Esse talvez seja o diferencial mais difícil de copiar. Scaringe afirma que as empresas automotivas da China contam com apoio financeiro pesado do governo. Isso permite que elas se concentrem no que importa: desenvolver, inovar e produzir.
Enquanto nos Estados Unidos as empresas precisam equilibrar as contas e lidar com riscos de mercado, na China a situação é outra. Com financiamento garantido, as montadoras têm liberdade para crescer sem medo. Isso desequilibra a balança.
Para tentar conter esse avanço, novos impostos de importação começaram a surgir. Mas, segundo Scaringe, apenas tarifas não serão suficientes. O mercado precisa de mais opções. Precisa de novas marcas, novos modelos e preços mais baixos.
“Precisamos que o R2 tenha sucesso. E precisamos de mais 10, 15, 20 opções para realmente crescer o mercado de elétricos nos EUA”, diz o CEO.
O cenário atual mostra que a China está vários passos à frente. E, se os concorrentes não se moverem rápido, essa distância só tende a aumentar. Para a Rivian e outras marcas, a corrida não é apenas por inovação. É uma corrida contra o tempo.