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Cemitério de carros elétricos: Fabricantes chineses desesperados com o crescimento surreal de veículos abandonados na China. Mas você sabe o porquê?

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 15/06/2024 às 11:05
Carros elétricos - China
Foto: IA

Descubra os motivos por trás do abandono em massa de veículos elétricos no gigante asiático

Nos últimos anos, os carros elétricos têm transformado o setor automotivo globalmente. Em 2010, os elétricos representavam apenas 0,01% das vendas de veículos no mundo. Em 2022, esse número saltou para 14%, com a tendência de continuar subindo. A China, uma das maiores economias do mundo, também é um dos principais mercados consumidores de veículos elétricos, de acordo com o vídeo do canal Conhecimento Global. 

Em 2022, o país foi responsável por 60% das vendas globais deste segmento. Atualmente, mais da metade de todos os carros elétricos do mundo estão teoricamente em circulação na China. No entanto, fotos e vídeos recentes mostram milhares desses veículos abandonados em terrenos, conhecidos como “cemitérios de automóveis”.

A popularização dos carros elétricos na china

A popularização dos veículos elétricos foi extremamente benéfica para a China. Anteriormente, as montadoras chinesas, apesar de produzirem carros baratos, eram vistas com desconfiança devido à qualidade inferior em comparação com montadoras japonesas, americanas ou alemãs. Com os veículos elétricos, todas as empresas começaram praticamente do zero, proporcionando uma oportunidade para as empresas chinesas competirem em igualdade de condições.

Além de reduzir a dependência de petróleo e cumprir metas ambientais, o governo chinês decidiu, a partir de 2009, conceder grandes incentivos para empresas e consumidores, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento dos carros elétricos. Até o momento, o governo já investiu cerca de 60 bilhões de dólares em subsídios para compradores e investimentos nas empresas.

Entenda melhor porque o abandono dos carros elétricos ocorre

Incentivos governamentais e crescimento exponencial

Com o apoio financeiro e legal, a indústria de carros elétricos na China cresceu exponencialmente. Das 25 maiores empresas do setor, 15 são chinesas, incluindo a BYD, líder mundial em vendas de veículos elétricos e híbridos. Outras montadoras tradicionais chinesas, como Chery e Lifan, também entraram no mercado promissor.

Além dos incentivos financeiros, o governo implementou leis que favorecem os veículos elétricos. Em cidades como Pequim, apenas carros elétricos podem transitar na área central, enquanto em Xangai, o emplacamento de um veículo tradicional custa 12 mil dólares, sendo gratuito para os elétricos. O país também anunciou planos para eliminar a venda de carros movidos a combustíveis fósseis até 2035.

O surgimento dos “cemitérios de automóveis”

Apesar do crescimento, fotos e vídeos mostram que muitos veículos elétricos estão sendo abandonados em “cemitérios de automóveis” em várias partes da China. Este fenômeno é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a rápida ascensão e queda de empresas de compartilhamento de veículos.

A China se tornou um terreno fértil para a economia compartilhada, com empresas como Uber e Airbnb popularizando o conceito. Com o aumento dos incentivos e investimentos, o número de empresas de compartilhamento de veículos disparou. Apenas em 2017, o setor recebeu cerca de 76 bilhões de yuans (aproximadamente 51 bilhões de reais). Mais de 340 empresas de compartilhamento de veículos foram criadas entre 2015 e 2017.

Empresas como EVCard e MicroCity se destacaram pela quantidade de veículos oferecidos, com frotas que chegavam a dezenas de milhares. Montadoras de luxo como BMW, Mercedes-Benz e Audi também entraram no mercado, oferecendo seus próprios serviços de compartilhamento de veículos.

A queda das empresas de compartilhamento

No entanto, a grande concorrência e a falta de diferenciais levaram a uma guerra de preços e margens de lucro reduzidas. Muitos consumidores começaram a enfrentar dificuldades para estacionar os veículos e se queixavam das condições dos carros. A pandemia e os rigorosos confinamentos impostos pelo governo chinês foram o golpe de misericórdia para muitas dessas empresas. Incapazes de dar o retorno esperado, muitas empresas afastaram investidores e deixaram de fazer a manutenção adequada dos veículos, resultando no abandono em massa dos carros.

Os veículos elétricos abandonados, ironicamente, estão causando poluição ambiental. A falta de informações oficiais torna difícil saber se as baterias, que contêm metais pesados, foram retiradas dos veículos. Se deixadas nos carros, podem causar sérios danos ambientais.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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