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Celulares: coisa do passado? China apresenta nova tecnologia que projeta tela invisível diante dos olhos e permite acessar redes sociais, traduzir falas e muito mais

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 31/07/2025 às 11:03
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China revela óculos com IA que projetam tela invisível diante dos olhos e dispensam o celular: já são 300 mil vendidos

Em fevereiro deste ano, durante um fórum econômico na China, o fundador da Rokid surpreendeu o público com uma frase que rapidamente viralizou nas redes: “Meu discurso está nos meus óculos, então não preciso de transcrição”. A frase chamou atenção não apenas pela ousadia, mas pelo dispositivo que ele usava: os Rokid Glasses, óculos inteligentes de realidade aumentada que prometem ser a próxima grande revolução tecnológica depois dos smartphones.

Pesando apenas 49 gramas, com design semelhante ao de um óculos comum e bateria de longa duração, o dispositivo reúne inteligência artificial, projeção de imagens virtuais e navegação em tempo real em um único acessório portátil. A proposta da Rokid se destaca não apenas pela tecnologia embarcada, mas também pela forma como os óculos se integram de maneira natural ao cotidiano.

Mais do que um acessório: uma plataforma tecnológica em expansão

Durante a apresentação, o CEO da Rokid, Zhu Mingming — conhecido como “Misa” no mundo da tecnologia na China — não apenas explicou o funcionamento dos óculos, mas demonstrou, ao vivo, como conseguia trocar slides usando um anel inteligente enquanto lia mensagens do WeChat projetadas diante dos seus olhos. Tudo isso sem interromper sua fala ou desviar o olhar do público.

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Segundo Zhu, os modelos anteriores de óculos inteligentes não emplacaram por serem “muito grandes ou com pouca capacidade”, sendo, na prática, pouco mais do que “fones Bluetooth com visor”. A nova geração da Rokid busca corrigir esses erros.

Os Rokid Glasses permitem ao usuário visualizar legendas em tempo real, traduções instantâneas, direções de GPS e respostas geradas por IA diretamente nas lentes. Tudo isso é possível graças a modelos avançados de inteligência artificial desenvolvidos na China, como o DeepSeek e o Doubao.

Com comandos de voz simples, o usuário pode pedir para identificar objetos, receber chamadas, resolver equações ou navegar em redes sociais e assistir vídeos — tudo sem tirar o celular do bolso.

O fim dos celulares está mais perto do que parece?

Zhu afirma que mais de 90% do orçamento da Rokid é destinado à pesquisa e desenvolvimento (P&D), tornando a empresa uma potência em inovação mesmo em comparação com padrões internacionais. Essa aposta já está dando resultados: após a apresentação dos óculos na Feira de Eletrônicos de Consumo (CES) de Las Vegas, o interesse global disparou.

Com preço estimado em 3.000 yuans (cerca de R$ 2.250 ou US$ 418), os óculos da Rokid são bem mais acessíveis do que concorrentes internacionais, cujos preços ultrapassam facilmente os 10 mil yuans. Essa estratégia agressiva de preços foi fundamental para que a empresa atingisse a marca de 300 mil unidades vendidas em pouco tempo — número que surpreendeu até mesmo a própria Rokid.

“O desafio agora é dar conta das entregas dentro do prazo”, admitiu Zhu, que reconhece que o sucesso do produto depende também da aceitação do público. “Os óculos inteligentes serão a próxima grande plataforma depois dos smartphones, mas o mercado ainda está sendo educado para isso”, explicou.

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Do coração da indústria ótica chinesa para o futuro da IA

A Rokid não quer apenas vender um produto — quer transformar uma indústria. Em Yujiang, cidade natal de Zhu localizada na província de Jiangxi e onde operam mais de 260 empresas do setor ótico, a empresa firmou um acordo estratégico com o governo local para construir uma nova base de produção.

O plano inclui integrar a cadeia de suprimentos da região e estabelecer parcerias com universidades locais, formando uma nova geração de técnicos especializados em IA e ótica de precisão. “O talento já está aqui”, afirmou Zhu. “O povo de Yujiang entende tudo de óculos. Agora, só falta ensiná-los sobre óculos inteligentes”.

O empresário reconhece que a mudança levará tempo, mas vê um enorme potencial de transformação. “Se conseguirmos modernizar essa indústria tradicional e torná-la mais inovadora, esse será o nosso maior feito”, concluiu.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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