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Celac expõe racha: maioria dos países latino-americanos critica navios dos EUA no Caribe, enquanto outros, incluindo a Argentina, rejeitam nota

Publicado em 06/09/2025 às 09:26
Caribe, EUA, Venezuela
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Celac divulga nota sobre movimentação militar dos EUA no Caribe, mas divisões entre países latino-americanos revelam fragilidade do consenso regional em meio à crise

A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) divulgou uma nota que expôs as divisões internas da região diante da crescente tensão militar entre Estados Unidos e Venezuela. A maioria dos países, incluindo Brasil, México e Colômbia, expressou “profunda preocupação” com a movimentação militar “extra-regional” no Caribe, em referência ao envio de navios, submarinos e militares americanos à costa venezuelana.

Argentina, Equador, Peru e Paraguai recusaram-se a assinar o comunicado.

Segundo o texto, a América Latina e o Caribe formam uma Zona de Paz, conceito baseado na abolição da ameaça ou do uso da força, na solução pacífica de controvérsias e no respeito à soberania e à integridade territorial.

Se recorda que a América Latina e o Caribe foram proclamados como Zona de Paz, compromisso adotado por todos os Estados membros e sustentado em princípios como: a abolição da ameaça ou o uso da força, a solução pacífica de controvérsias, a promoção do diálogo e o multilateralismo, o respeito irrestrito à soberania e à integridade territorial”, diz o documento.

Quem assinou e quem ficou de fora

O comunicado recebeu a assinatura de países como Brasil, México, Colômbia, Bolívia, Chile, Suriname, Uruguai e Venezuela. Também assinaram Honduras, Guatemala, Belize e Nicarágua, além de caribenhos como República Dominicana, Cuba, Barbados, Antígua e Barbuda, Granada, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Dominica.

Por outro lado, ficaram de fora Argentina, Equador, Paraguai, Peru, Costa Rica, El Salvador, Guiana, Jamaica e Trinidad e Tobago. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, atual líder da Celac, afirmou que essa minoria de países se opôs à nota.

Crescente tensão no Caribe

A publicação ocorreu em meio a um aumento das tensões entre Washington e Caracas. O governo Donald Trump deslocou navios e um submarino para a costa venezuelana sob o argumento de combate às drogas. Ao mesmo tempo, acusou Nicolás Maduro de comandar um cartel narcotraficante.

Maduro rejeitou as acusações, afirmando que os EUA querem apenas promover uma “troca de regime” no país, dono das maiores reservas de petróleo do mundo.

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil recusaram o rótulo de “narcoestado” usado pelo governo Trump.

Novos episódios

O Pentágono acusou a Venezuela de sobrevoar, com aeronaves militares, próximo a um navio americano em águas internacionais.

Segundo os EUA, a manobra buscava interferir em operações “anti-narcoterrorismo”. Caracas não comentou o episódio.

Em seguida, agências internacionais informaram que os EUA enviaram 10 caças F-35 para Porto Rico. A Reuters afirmou que o objetivo seria reforçar operações contra cartéis de drogas no Caribe.

Trump também divulgou um vídeo de um ataque a um barco supostamente carregado de drogas perto da Venezuela, que teria resultado em 11 mortes.

O governo Maduro reagiu e acusou os EUA de usarem inteligência artificial para forjar as imagens.

Mobilização interna na Venezuela

Enquanto isso, o governo Maduro iniciou a convocação de civis para integrar as Milícias Bolivarianas. Segundo Caracas, 8 milhões de pessoas fariam parte da força auxiliar do Exército.

Maduro anunciou a ativação de unidades comunitárias em todo o território nacional. Ele explicou que cada comunidade terá uma base popular destinada à defesa abrangente.

Defesa da paz regional

No comunicado da Celac, os países que assinaram destacaram que o combate ao crime organizado deve ocorrer por meio de cooperação regional e respeito ao Direito Internacional.

Eles também lembraram que a região é protegida pelo Tratado de Tlatelolco, que proíbe armas nucleares. O texto reforça que o tratado reflete a vocação dos povos pela paz e pelo abandono definitivo desse tipo de armamento.

Visita de Marco Rubio

As tensões cresceram ainda mais com a visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao México e ao Equador.

Durante o giro, ele voltou a criticar Maduro e descartou relatório da ONU que minimizava a importância da Venezuela no tráfico global de drogas.

Não me importa o que a ONU diga. Maduro foi condenado por tráfico de drogas nos EUA e é um fugitivo da justiça americana”, afirmou Rubio no Equador.

O chanceler venezuelano, Yván Gil, respondeu acusando Rubio de negar evidências e semear ódio. Ele afirmou que o país combate o narcotráfico com eficácia exemplar.

Gil ironizou ainda a parceria dos EUA com o Equador. Segundo ele, Daniel Noboa, presidente equatoriano, é herdeiro de um império exportador de bananas associado ao contrabando de cocaína para EUA e Europa.

Acusações cruzadas

A Venezuela vem associando a família Noboa ao tráfico por causa das apreensões de cocaína em carregamentos de bananas.

A polícia equatoriana estima que 70% da droga contrabandeada sai escondida nesse tipo de exportação.

Por sua vez, Noboa lançou um programa de “mão dura” contra o crime e apoia as operações navais dos EUA próximas à Venezuela.

A disputa no Caribe, portanto, envolve não apenas interesses estratégicos dos EUA e da Venezuela, mas também expõe divisões internas na Celac, onde parte dos países se alinhou à defesa de Maduro e outra parte evitou assinar a nota, revelando a fragilidade do consenso regional.

Com informações de Agência Brasil.

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Romário Pereira de Carvalho

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