Após sete anos de embargo, Ceará negocia retorno das exportações de camarão, lagosta e atum via Reino Unido em 2025. Acordo pode reabrir mercado bilionário.
O ano de 2025 pode marcar um ponto de virada para a pesca e a aquicultura brasileiras. Após sete anos de embargo europeu às exportações de pescados do Brasil, o Ceará conduz negociações para retomar o envio de camarão, lagosta e atum ao continente. As conversas avançam com o Reino Unido, porta de entrada estratégica para o mercado europeu, e podem destravar um setor avaliado em bilhões de dólares.
O embargo, aplicado em 2017 devido a questionamentos sanitários e falhas de rastreabilidade, interrompeu uma das rotas mais lucrativas do pescado nacional. Agora, com novos protocolos de inspeção e auditoria, o Brasil vê a chance de recolocar suas espécies mais nobres nas mesas europeias, onde o consumo per capita de frutos do mar ultrapassa 25 quilos por habitante ao ano.
Camarão do Nordeste: tradição ameaçada e oportunidade de retomada
O camarão cultivado no Nordeste, especialmente no Rio Grande do Norte e no Ceará, já foi líder nas exportações brasileiras. Em 2003, o setor chegou a embarcar mais de 60 mil toneladas ao exterior, com a Europa absorvendo a maior parte dos volumes.
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Após o embargo, as vendas se concentraram em mercados alternativos, como Estados Unidos e países árabes, mas a margem de lucro caiu.
Em 2025, a possível reabertura da Europa representa não apenas a volta a um cliente histórico, mas também a chance de reposicionar o produto como camarão premium, aproveitando a valorização da proteína em restaurantes e redes de food service. Especialistas calculam que a retomada pode render US$ 300 milhões anuais adicionais só com o crustáceo.
Lagosta do Ceará: joia do mar que volta ao jogo
A lagosta brasileira, capturada sobretudo na costa do Ceará, sempre foi um produto de alto valor no comércio exterior. O embargo europeu atingiu diretamente os pescadores artesanais, que perderam acesso a clientes dispostos a pagar valores elevados por cada quilo.
Em 2025, a retomada das exportações pode recolocar a lagosta nacional entre as mais disputadas do mundo, ao lado das caribenhas e australianas.
O Reino Unido, com forte tradição em frutos do mar, surge como destino prioritário: somente Londres movimenta centenas de milhões de dólares em importações anuais. O potencial de receita para o Brasil com a lagosta é estimado em até US$ 150 milhões por ano.
Atum brasileiro e o mercado global
O atum capturado no litoral cearense também pode se beneficiar diretamente do acordo em negociação. A espécie é valorizada pela indústria de enlatados, mas principalmente pelo setor de sushi e sashimi, que paga prêmios por peixes frescos e de alta qualidade.
Com o embargo, a exportação ficou restrita a mercados alternativos, mas o retorno ao Reino Unido pode abrir uma cadeia de valor que inclui não apenas a Europa, mas também o Japão e outros destinos asiáticos que operam em parceria com importadores europeus.
Mercado bilionário de frutos do mar
A expressão “mercado bilionário de frutos do mar” não é exagero. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o comércio mundial de pescados movimenta mais de US$ 160 bilhões por ano, e a Europa responde por cerca de 30% desse volume.
Se o Brasil recuperar espaço, mesmo que em fatias pequenas, o impacto será significativo para os pescadores, para as indústrias de processamento e para a balança comercial. O Ceará, com sua tradição em pesca e aquicultura, tende a ser protagonista.
Gargalos e exigências sanitárias
O retorno ao mercado europeu, no entanto, depende de cumprir regras rígidas. O novo protocolo em discussão prevê:
- Rastreabilidade completa do pescado, desde a captura até a chegada ao porto de destino;
- Certificação sanitária internacional, com inspeções independentes;
- Infraestrutura de armazenamento refrigerado que garanta a qualidade do produto durante todo o transporte;
- Auditorias periódicas feitas por missões técnicas do Reino Unido e da União Europeia.
Essas medidas têm custo, mas também reforçam a imagem da pesca brasileira como sustentável e confiável.
Frutos do mar brasileiros e a disputa global
O acordo com o Reino Unido deve ser lido também no contexto da disputa global por proteínas marinhas. Países como Chile, Equador e Vietnã expandiram suas exportações enquanto o Brasil esteve fora da Europa. A reentrada brasileira pode reposicionar o país como competidor relevante e abrir novas rotas comerciais.
A China já se movimenta para ampliar sua presença no Atlântico Sul, investindo em frotas pesqueiras e infraestrutura. Retomar a exportação via Reino Unido é também uma forma de garantir soberania comercial e evitar que o espaço seja ocupado por concorrentes estrangeiros.
O impacto social no Ceará
Além dos números, o retorno ao mercado europeu teria um efeito direto sobre milhares de famílias no Ceará que vivem da pesca artesanal. A venda da lagosta, do camarão e do atum sustenta comunidades inteiras no litoral.
A retomada das exportações significaria melhores preços pagos ao pescador, geração de empregos em frigoríficos e indústrias de processamento, além do fortalecimento da economia regional. Para cidades como Fortaleza, Aracati e Camocim, o impacto seria imediato.
Perspectivas para 2025 e além
As negociações seguem em andamento e, se confirmadas, os primeiros embarques de frutos do mar brasileiros para o Reino Unido devem ocorrer ainda em 2025. O acordo funcionaria como um teste de confiança: a partir dele, outros países da União Europeia poderiam gradualmente voltar a autorizar as importações.
A expectativa é que, em até cinco anos, o Brasil recupere a posição de destaque perdida no mercado europeu e alcance mais de US$ 500 milhões em exportações anuais de pescados.
O retorno de um gigante adormecido
Após sete anos de embargo, o Brasil se aproxima de um retorno histórico ao mercado europeu de frutos do mar. O acordo via Reino Unido pode ser a chave para destravar bilhões em negócios e recolocar o camarão, a lagosta e o atum do Ceará entre os mais valorizados do planeta.
Mais do que números, trata-se de uma vitória simbólica para a pesca brasileira, que busca recuperar credibilidade, conquistar mercados premium e garantir futuro para milhares de famílias no litoral. Se 2017 marcou a queda, 2025 pode ser lembrado como o ano da grande retomada.
Reportagem incompleta.
Inacreditável que não tenham explicado o(s) motivo(s) da Europa ter feito tais embargos ao Ceará.