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Cartão de crédito é o principal vilão das dívidas no Brasil — modalidade já responde por quase 1 em cada 4 casos de inadimplência

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 15/08/2025 às 07:50
Cartão de crédito é o principal vilão das dívidas no Brasil — modalidade já responde por quase 1 em cada 4 casos de inadimplência
Foto: Cartão de crédito é o principal vilão das dívidas no Brasil — modalidade já responde por quase 1 em cada 4 casos de inadimplência
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Cartão de crédito lidera ranking das dívidas no Brasil, respondendo por 23% da inadimplência. Entenda os riscos e como evitar o efeito “bola de neve”.

O cartão de crédito, um dos meios de pagamento mais usados pelos brasileiros, também lidera o ranking das dívidas que levam ao atraso no pagamento. Segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o SPC Brasil, 23% dos casos de inadimplência no país estão diretamente ligados a faturas de cartão não pagas — número que supera outras modalidades como empréstimos (16%) e crediário (12%).

O dado acende um alerta não apenas para o consumidor, mas também para o sistema financeiro, já que o cartão concentra juros elevados e, em muitos casos, acaba levando usuários para o temido crédito rotativo, cuja taxa média anual ultrapassa os 450% ao ano nos bancos tradicionais.

Cartão de crédito lidera com folga entre as dívidas mais recorrentes

O estudo revela que, entre os inadimplentes, a maior parte acumula mais de um tipo de dívida, mas o cartão é o mais presente nas pendências financeiras. Isso se explica por dois fatores principais: a facilidade de acesso, com aprovação rápida e limite inicial mesmo para pessoas sem histórico robusto, e a tendência de uso para despesas do dia a dia, que aumentou com o crescimento dos pagamentos por aproximação.

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Segundo a pesquisa, as faturas não pagas se tornaram um problema comum não apenas entre famílias de baixa renda, mas também na classe média, especialmente diante do aumento do custo de vida e da dificuldade de manter o orçamento equilibrado.

O efeito do rotativo e o risco da “bola de neve”

Quando a fatura não é paga integralmente, o saldo remanescente vai para o crédito rotativo, considerado o mais caro do mercado.

Embora regras recentes do Banco Central tenham limitado o tempo máximo de permanência no rotativo para 30 dias, após esse prazo o saldo deve ser parcelado com juros menores — ainda assim, a taxa média é extremamente elevada.

Essa dinâmica gera um efeito de “bola de neve”, no qual o valor da dívida cresce mês a mês e se torna cada vez mais difícil de quitar. O resultado é que muitos consumidores acabam precisando renegociar o débito ou aderir a programas como o Desenrola Brasil para limpar o nome.

Mudança de comportamento no uso do cartão

Além da inadimplência, há um fenômeno interessante observado nos últimos anos: o cartão deixou de ser usado apenas para compras maiores e se transformou em ferramenta para despesas cotidianas, como supermercado, farmácia e contas básicas. Isso se deve à praticidade, aos programas de cashback e pontos, mas também à tentativa de “ganhar fôlego” no orçamento, empurrando pagamentos para o mês seguinte.

No entanto, especialistas alertam que essa estratégia é perigosa, já que cria uma falsa sensação de renda disponível e aumenta o risco de entrar no rotativo.

Como evitar que o cartão se torne um problema

Economistas e educadores financeiros apontam algumas medidas essenciais:

  • Pagar sempre o valor total da fatura, evitando o rotativo.
  • Usar o cartão apenas para compras planejadas e dentro do orçamento.
  • Reduzir o número de cartões ativos para evitar descontrole.
  • Priorizar o uso de débito ou PIX para despesas recorrentes.

Um desafio que vai além do consumidor

A liderança do cartão de crédito como causa de inadimplência mostra que a questão não é apenas individual, mas também estrutural. Limites elevados, falta de transparência nas taxas e ausência de educação financeira consistente tornam o ambiente propício para o endividamento.

Enquanto isso, bancos e emissores continuam lucrando com juros elevados, mesmo em um cenário de Selic mais baixa. A pergunta que fica é: até que ponto a indústria financeira está disposta a rever suas práticas para reduzir a inadimplência — ou continuará se beneficiando dela?

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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