A chegada da UnionPay promete movimentar o setor de cartões no Brasil em 2025, com emissão digital, impacto social e concorrência direta com Visa e Mastercard, ampliando a diversidade de opções para consumidores e lojistas.
A UnionPay, maior rede de cartões do mundo em volume emitido, prepara a estreia no Brasil em 2025 em parceria com a fintech brasileira Left.
O movimento deve adicionar uma nova bandeira à disputa com Visa e Mastercard, num momento em que a aceitação da UnionPay já é parcial no país e a agenda geopolítica entre Brasil e Estados Unidos ganhou tensão com tarifas e sanções recentes.
Em linhas gerais, a proposta combina emissão digital, integração com o ecossistema local e um componente de impacto social articulado pela Left.
-
Nordeste pode ganhar aeroporto internacional de última geração com robôs, alta conectividade, apoio da ONU e foco no turismo global
-
Bosch revela que terá demissão em massa de mais de 13 MIL funcionários e sabe quem é o culpado por isso
-
Com R$ 25 bilhões na mesa, nova fábrica de celulose no Brasil terá 3,5 milhões de t/ano, 14 mil empregos na obra e vai gerar 400 MW de energia limpa
-
O que é extraído nesse local do Nordeste o coloca entre os lugares mais perigosos
No desenho anunciado por fontes do setor, a operação brasileira começaria com cartões de crédito e posterior ampliação de funções.
A fintech ficará responsável pela conexão com adquirentes, bancos e terminais, além da integração com serviços nacionais.
Já a bandeira chinesa aportará sua rede global, hoje presente em mais de 180 países e regiões.
Embora o início esteja projetado para 2025, a UnionPay não é uma desconhecida dos brasileiros: turistas e portadores estrangeiros já usam a bandeira por aqui há anos, com aceitação crescente em áreas comerciais e turísticas.
Quem é a UnionPay e qual o peso global da bandeira
Criada em 2002 com aval do Banco Central da China, a UnionPay consolidou-se como a maior rede do mundo em número de cartões emitidos, com base massiva no mercado chinês e expansão em países emergentes.
Estima-se que haja hoje bilhões de cartões em circulação fora e dentro da China, e a aceitação se estende a destinos populares em todos os continentes.
Em diversas praças, a companhia também opera soluções de pagamento móvel, QR Code e carteiras digitais, estratégia que se tornou pilar da expansão internacional.
Em termos de competição, a disputa com Visa e Mastercard é menos sobre presença nominal e mais sobre profundidade de uso fora da China.
Ainda assim, o porte da base da UnionPay pesa na barganha com redes e varejistas.
Como está a aceitação no Brasil hoje
Mesmo antes da emissão local, a aceitação para portadores internacionais se ampliou.
Estabelecimentos com terminais da Rede (Itaú) e da Stone já processam transações da bandeira, e a retirada de dinheiro é possível em caixas do Itaú e na rede Saque e Pague.
Em capitais e polos turísticos como São Paulo, Rio, Foz do Iguaçu, Manaus e Salvador, o uso tende a ser mais fácil, com destaque para hotéis, restaurantes e lojas voltadas a visitantes estrangeiros.
A UnionPay reporta que a cobertura local supera boa parte do varejo, fruto de acordos firmados nos últimos anos com adquirentes e redes de ATM.
O que muda com a emissão local em 2025
A chegada formal abre espaço para cartões emitidos no Brasil, algo diferente da aceitação de cartões estrangeiros.
Na prática, isso significa disputar clientes com os portfólios domésticos de Visa e Mastercard em produtos de crédito, débito e, potencialmente, pré-pago.
O lançamento nasce digital, com abertura de conta e emissão 100% online, e mira público que viaja à Ásia, faz compras internacionais ou busca condições competitivas de câmbio e tarifas.
Para o comércio, mais concorrência entre bandeiras costuma pressionar custos de aceitação e ampliar alternativas de roteamento de transações.
O papel da Left e o componente de impacto social
Segundo a Left, a proposta inclui um modelo de impacto social acoplado aos serviços financeiros: parte do relacionamento do cliente no app — transferências, pagamentos e produtos — ajuda a financiar iniciativas de inclusão e projetos comunitários.
A fintech se posiciona como “banco com causa”, com narrativas de apoio a cooperativas, ações contra a insegurança alimentar e políticas de diversidade.
José Kobori, integrante do conselho da empresa, tem destacado que a entrada de uma bandeira não americana pode “descolonizar” o arranjo de pagamentos local, historicamente dominado por redes sediadas nos EUA.
Em termos operacionais, a Left deve atuar como emissora e integradora da UnionPay ao sistema nacional.
Comparativo com Visa e Mastercard: concorrência e efeitos esperados
No Brasil, Visa e Mastercard mantêm capilaridade de aceitação próxima da universalidade, múltiplos emissores e ampla oferta de benefícios, das milhas a seguros e parcerias.
A UnionPay chega com uma rede internacional robusta e foco em soluções digitais, mas precisará construir, com parceiros locais, programas de fidelidade, oferta de crédito e presença em carteiras e superapps.
O histórico de aceitação com Rede e Stone ajuda, porém a disputa por top of wallet dependerá de preço, benefícios e experiência do usuário.
Ainda assim, mais uma bandeira no mercado tende a gerar pressão competitiva sobre taxas, reduzir concentração e diversificar fontes de negociação para emissores e lojistas.
Tabela comparativa das principais bandeiras
Bandeira | Participação global aproximada | Origem | Características principais |
---|---|---|---|
UnionPay | ~40% | China | Maior volume de cartões no mundo, foco em mercados emergentes, expansão digital, modelo com impacto social |
Visa | ~32% | EUA | Rede consolidada globalmente, ampla aceitação no Brasil, forte integração bancária |
Mastercard | ~24% | EUA | Inovação em serviços digitais, benefícios em programas de pontos e viagens, presença massiva no país |
Outras (Amex, Elo, etc.) | ~4% | EUA/Brasil | Nicho premium ou regional, aceitação restrita em relação às líderes |
Contexto geopolítico: por que o timing importa
A movimentação ocorre enquanto Washington e Brasília atravessam um período de atritos.
Em julho e agosto, os Estados Unidos anunciaram tarifas sobre uma lista de produtos brasileiros e sanções a autoridades e pessoas ligadas ao Judiciário, com episódios de revogação de vistos e medidas baseadas na legislação americana de sanções.
O ambiente elevou o debate doméstico sobre dependência de infraestrutura financeira de origem norte-americana.
Para analistas, a entrada de uma bandeira chinesa não resolve tensões comerciais, mas oferece redundância e diversificação de meios de pagamento, sobretudo para fluxos ligados à Ásia.
O que o consumidor pode esperar
Para quem viaja a destinos asiáticos, a presença da UnionPay reduz fricções em compras e saques.
No e-commerce internacional, a compatibilidade da bandeira com gateways e marketplaces tende a ampliar opções de checkout.
Caso a emissão local avance com tarifas competitivas e programas de benefícios alinhados ao perfil brasileiro, o produto pode se tornar alternativa real nos portfólios pessoais.
Do lado do lojista, a tendência é de mais flexibilidade de aceitação e possibilidade de ofertas específicas a clientes da bandeira, inclusive via pagamentos por aproximação e QR Code.
O que ainda precisa de confirmação pública
Há pontos que dependem de anúncio oficial detalhado: cronograma de emissão, benefícios embarcados nos primeiros cartões, condições de câmbio em compras internacionais, eventual integração ao Pix e mecanismos do programa de impacto social em transações com cartão.
Também permanece a expectativa sobre metas de cobertura, governança dos repasses sociais e quais parceiros bancários apoiarão o projeto na largada.
Enquanto isso, a aceitação existente para portadores estrangeiros segue ativa e serve de base para a próxima fase.
Como essa entrada pode redesenhar o mercado em 2025
Mais concorrência entre bandeiras tende a beneficiar o usuário final, tanto em preço quanto em serviços.
No crédito, emissores ganham poder de barganha ao negociar com três redes globais.
No débito, a adaptação à regulação brasileira e a convivência com arranjos locais vão definir a velocidade de adoção.
Para o turismo, a interconexão com a Ásia e a presença em países com fluxo de negócios com o Brasil podem facilitar pagamentos.
A médio prazo, o sucesso dependerá da experiência digital, do ecossistema de parceiros e da capacidade de traduzir a escala global da UnionPay em propostas de valor que façam sentido para o público brasileiro.
Quais fatores, na sua visão, mais pesam para você considerar uma nova bandeira no seu dia a dia: custo, benefícios, cobertura internacional, integração com carteiras digitais ou reputação da marca?