Com tributos de 37%, veículos mais pesados e montadoras lucrando com preços altos, a era do carro acessível ficou no passado.
Os carros no Brasil atingiram um patamar de preço que dificilmente voltará atrás. Entre a alta carga tributária, que chega a 37% do valor final, o aumento do peso médio dos veículos e a estratégia das montadoras de priorizar margens mais altas, o consumidor brasileiro se vê diante de um cenário em que a ideia de carro popular barato deixou de ser realidade.
De acordo com o Market Makers, ao longo das últimas décadas, o mercado automotivo nacional passou por transformações profundas. O carro compacto e simples dos anos 1990 deu lugar a modelos mais pesados, com mais itens de segurança e tecnologia, mas também com preços inalcançáveis para grande parte da população.
Tributos pesam no bolso
Um dos fatores centrais para explicar por que os carros no Brasil são tão caros está na carga tributária.
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Enquanto em mercados desenvolvidos os impostos sobre veículos giram em torno de 20%, no Brasil eles superam um terço do valor de cada carro novo.
Isso significa que o consumidor paga praticamente um carro a mais apenas em impostos.
Essa estrutura é consequência de um sistema tributário que privilegia a taxação sobre consumo em vez de renda.
Como o país precisa de alta arrecadação para sustentar gastos públicos, a conta recai sobre o comprador, que vê preços cada vez mais distantes da sua realidade de renda.
O peso extra dos carros modernos
Além dos tributos, os veículos vendidos hoje são mais pesados e sofisticados. Nos últimos dez anos, a média de peso dos carros subiu cerca de 300 kg na Europa, e no Brasil a tendência é a mesma.
Modelos que nos anos 1990 pesavam 800 kg agora superam facilmente uma tonelada, resultado do uso de mais aço, equipamentos de segurança e sistemas eletrônicos.
Essa evolução trouxe ganhos importantes em segurança, como airbags, ABS e controles de estabilidade. Porém, ela também encareceu a produção.
Cada quilo extra de aço e tecnologia se transforma em custo adicional, e, no fim, o consumidor é quem arca com a diferença.
A nova estratégia das montadoras
Outro ponto decisivo é que as próprias fabricantes mudaram sua lógica de negócios. Com a experiência da pandemia, perceberam que vender menos, mas mais caro, é mais lucrativo do que disputar mercado com preços baixos.
O resultado foi um reajuste estrutural que elevou o valor dos carros em todo o mundo, mas com impacto ainda maior no Brasil, devido aos impostos e à renda média mais baixa da população.
Esse movimento também explica por que os carros usados ganharam relevância.
Com preços de zero-quilômetro cada vez mais altos, a saída para milhões de brasileiros é permanecer por mais tempo com o veículo atual ou buscar opções no mercado de seminovos.
Carros elétricos e híbridos não são solução imediata
Se o consumidor espera que a chegada dos elétricos resolva o problema do preço, a realidade é outra. Hoje, as montadoras vendem modelos elétricos no Brasil muitas vezes com margem negativa, o que não é sustentável a longo prazo.
Além disso, o custo das baterias e a falta de infraestrutura de recarga tornam esses carros inviáveis para grande parte da população.
Já os híbridos plug-in, que combinam motor a combustão e elétrico, esbarram no preço: dificilmente saem por menos de R$ 160 mil.
Ou seja, estão restritos a uma fatia pequena e mais rica do mercado, sem perspectiva de se tornarem populares no curto prazo.
O carro zero como artigo de luxo
Diante desse cenário, o carro zero se tornou um artigo de luxo para muitos brasileiros. O mercado nacional de veículos novos já é proporcionalmente muito menor que o de usados, com seis vezes mais transações de segunda mão.
Essa proporção tende a se manter, já que não há sinais de queda estrutural nos preços, mesmo com medidas temporárias de redução de impostos em modelos populares.
Enquanto isso, fabricantes buscam adaptar suas linhas ao novo consumidor: menos volume, mais rentabilidade e foco em segmentos que oferecem margens maiores, como SUVs e picapes.
Os carros no Brasil refletem uma equação que combina impostos altos, custos de produção crescentes e estratégias empresariais voltadas ao lucro maior por unidade.
Tudo indica que a era do carro barato ficou para trás, e o consumidor terá de conviver com preços elevados como regra do jogo.
E você, acredita que os carros no Brasil ainda podem voltar a ser acessíveis ou o futuro será cada vez mais restrito ao mercado de usados? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive essa realidade na prática.