Mercado de carros usados cresce enquanto o sonho do zero km fica mais distante para muitos brasileiros. Descubra por que cada vez mais consumidores estão optando pelos seminovos.
Nos últimos 10 anos, o mercado de carros usados tem mostrado um crescimento surpreendente, enquanto as vendas de veículos zero km caíram drasticamente. A combinação de fatores econômicos, alta nos preços dos automóveis novos e custos adicionais, como impostos e seguro, fez com que os brasileiros buscassem opções mais acessíveis e vantajosas nos seminovos. Neste artigo, vamos explorar por que o carro zero km está cada vez mais fora do alcance da população e como os seminovos se tornaram a melhor opção para muitos motoristas no Brasil.
Quando o mercado de carros usados começou a se expandir?
Há uma década o mercado de veículos no Brasil apresentava características que hoje parecem distantes. Em 2014, o número de carros novos emplacados entre janeiro e agosto superava a marca de 2 milhões de unidades. Ao mesmo tempo, o mercado de carros usados já começava a mostrar sua relevância, com mais de 6 milhões de veículos sendo negociados nesse mesmo período.
Embora o mercado de carros usados já fosse expressivo, a diferença em relação aos carros novos ainda não era tão gritante naquele período. O acesso ao financiamento de veículos era relativamente mais fácil, com juros controlados e prazos que permitiam ao consumidor planejar a compra de um carro zero km.
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Além disso, programas de incentivo à indústria automobilística ajudavam a equilibrar o preço dos veículos novos. O resultado era uma parcela significativa de consumidores que optava por veículos saindo direto da fábrica, mesmo com opções de seminovos disponíveis.
Entenda o crescimento do mercado de carros usados
Entretanto, o cenário começou a mudar, e a crise econômica e a estabilidade financeira que marcaram os anos seguintes afetaram diretamente o poder de compra do brasileiro e isso impactou diretamente o mercado de carros novos, o que levou ao crescimento no mercado de carros usados.
Com o passar dos anos a frota de veículos no Brasil começou a envelhecer de maneira acelerada e esse fenômeno é diretamente ligado à queda nas vendas de carros novos e ao aumento nas negociações de veículos usados. Hoje é comum vermos carros com mais de 10 ou até 15 anos de uso circulando pelas ruas e essa realidade traz uma série de desafios como o aumento dos custos de manutenção e o impacto negativo na segurança e na eficiência dos veículos.
O que muitos não percebem é que o envelhecimento da frota também afeta diretamente o consumo de combustível e as emissões de poluentes, pois carros mais antigos tendem a gastar mais combustível e, sem a manutenção adequada, esse consumo pode aumentar ainda mais, prejudicando tanto o bolso dos motoristas quanto o meio ambiente.
Poder de compra do brasileiro é afetado
A queda no poder de compra do brasileiro é um dos principais fatores que explicam o crescimento do mercado de carros usados nos últimos anos. Para entender a dimensão desse problema precisamos voltar ao cenário de 2014.
Na época, o salário mínimo era de R$ 724 e o carro mais vendido no Brasil, o carro zero km Volkswagen Gol custava pouco mais de R$ 30.000. Isso equivalia a cerca de 41 salários mínimos.
Avançando para 2024, o salário mínimo aumentou para R$ 1.321, mas o preço dos veículos subiu de forma desproporcional. Hoje, o carro zero km mais vendido, o Volkswagen Polo, custa aproximadamente R$ 87.000, o que equivale a mais de 60 salários mínimos.
Em termos práticos, o brasileiro precisa de muito mais renda hoje para adquirir um carro zero km do que há 10 anos, tornando o sonho do carro novo algo distante para grande parte da população. Essa diferença absurda entre a renda e os preços dos carros afeta diretamente as escolhas do consumidor e as pessoas estão optando por veículos usados não porque essa seja a opção preferida, mas porque é a única acessível para muitos.