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Carro flex: invenção brasileira que desafiou o petróleo, virou padrão em mais de 80% da frota nacional, mas fracassou em ganhar espaço fora do país

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 04/09/2025 às 06:47
Carro flex: invenção brasileira que desafiou o petróleo, virou padrão em mais de 80% da frota nacional, mas fracassou em ganhar espaço fora do país
Foto: Carro flex: invenção brasileira que desafiou o petróleo, virou padrão em mais de 80% da frota nacional, mas fracassou em ganhar espaço fora do país
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Carro flex: invenção brasileira que domina mais de 80% da frota nacional, desafiou o petróleo e se tornou referência em biocombustíveis no mundo.

A história do carro flex brasileiro começa nos anos 1970, quando o mundo enfrentava choques do petróleo e o Brasil buscava alternativas energéticas. Foi nesse cenário que nasceu o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), incentivando o uso de etanol como combustível alternativo à gasolina.

Na época, surgiram veículos movidos exclusivamente a álcool, mas a instabilidade do preço do etanol e a dificuldade de abastecimento afastaram consumidores. A solução definitiva só veio décadas depois, com a criação do sistema flex fuel, capaz de rodar tanto com etanol quanto com gasolina — ou qualquer mistura dos dois.

O Gol Total Flex e a virada do mercado automotivo

Em 2003, a Volkswagen lançou o Gol 1.6 Total Flex, primeiro automóvel brasileiro produzido em massa com a tecnologia.

O sucesso foi imediato: em pouco tempo, todas as grandes montadoras adotaram o modelo em suas linhas de produção.

A vantagem era clara: o motorista podia escolher o combustível mais barato no momento, equilibrando custos e mantendo a mobilidade.

O carro flex se tornou um escudo contra a volatilidade do petróleo e as flutuações no preço do etanol.

Tecnologia flex e o impacto na frota brasileira

Hoje, o carro flex representa mais de 80% da frota leve nacional, tornando-se praticamente um padrão brasileiro.

Esse domínio transformou o país em referência global em biocombustíveis, colocando o etanol de cana-de-açúcar como protagonista no setor de transportes.

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Além da flexibilidade, a tecnologia ajudou a reduzir a dependência externa de gasolina, trouxe ganhos ambientais com menor emissão de CO₂ e impulsionou toda a cadeia produtiva da cana, que envolve milhões de trabalhadores e bilhões em exportações.

O carro flex fora do Brasil: por que não vingou

Apesar do sucesso no Brasil, a tecnologia flex fuel nunca se consolidou no mercado internacional. Alguns países chegaram a testar veículos flex, como os Estados Unidos, Suécia e Canadá, mas o modelo não ganhou escala.

Nos EUA, por exemplo, os carros flex chegaram a representar parte da frota, mas a baixa disponibilidade de postos com E85 (mistura de 85% de etanol com gasolina) desestimulou motoristas.

Já na Europa, o alto custo do etanol em comparação à gasolina inviabilizou a tecnologia.

Em resumo, fatores econômicos e logísticos impediram que o carro flex se transformasse em uma solução global.

Vantagens e desafios do etanol brasileiro como combustível

O sucesso do carro flex no Brasil está diretamente ligado à abundância e competitividade do etanol de cana-de-açúcar.

Diferente do milho usado nos EUA, a cana tem alta produtividade, reduz custos e torna o combustível mais atraente para o consumidor.

Por outro lado, a oscilação do preço do etanol entre safra e entressafra, além da concorrência com a gasolina subsidiada em alguns períodos, impõe desafios para manter a competitividade constante.

Mesmo assim, a flexibilidade continua sendo vista como um trunfo único para o mercado brasileiro.

O futuro do carro flex na era da eletrificação

Com a ascensão dos veículos elétricos, surge a dúvida: qual será o papel do carro flex no Brasil? Especialistas defendem que a tecnologia ainda terá espaço por muitos anos, especialmente em mercados emergentes onde a infraestrutura de recarga é limitada.

Além disso, a combinação de motores híbridos com etanol desponta como alternativa promissora: veículos que unem eletrificação e biocombustível podem ser solução de transição para reduzir emissões sem abrir mão da logística existente.

Um símbolo da inovação nacional

O carro flex é uma das maiores inovações da indústria automotiva brasileira. Criado em resposta à vulnerabilidade energética, tornou-se padrão absoluto no país e consolidou o Brasil como líder em biocombustíveis.

Mesmo que tenha fracassado em ganhar escala global, o flex se tornou um símbolo da engenhosidade nacional, mostrando como o Brasil pode criar soluções adaptadas à sua realidade energética.

Mais do que uma tecnologia, é um reflexo da capacidade do país de transformar crises em inovação.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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