Carro barato demais para ser verdade? 30% dos carros usados vendidos no Brasil têm quilometragem adulterada: entenda por que desconfiar de certos seminovos e aprenda a identificar.
Você já olhou um carro usado e pensou: “Nossa, está novo demais pra idade que tem”? Pois é, esse “cheirinho de oportunidade” pode ser na verdade um sinal de alerta. Estima-se que cerca de 30% dos seminovos vendidos no Brasil tenham a quilometragem adulterada, segundo dados do setor automotivo. E o pior: essa fraude é mais comum do que parece, e pode pesar no seu bolso (e na sua segurança) no futuro. Mas calma. Mesmo sem equipamentos de concessionária, dá pra desconfiar de um carro “pouco rodado demais” usando só o bom senso e alguns truques simples de observação. Quer saber como? Vem comigo.
A média nacional não mente: faça as contas
Um brasileiro comum roda cerca de 15 mil quilômetros por ano, de acordo com o IBGE. Isso quer dizer que, se você encontrar um carro 2018 com só 35 mil km no painel, é bom ligar o sinal amarelo. Claro, pode ser que o dono usasse pouco, mas pode também ser quilometragem adulterada. E não custa lembrar: motoristas de aplicativo, por exemplo, chegam a rodar mais de 10 mil km por mês. Ou seja, tudo que foge muito dessa média precisa ser investigado com calma.
“É uma média nacional e, claro, há casos em que se roda mais ou menos. Mas tudo que foge muito disso já é passível de desconfiança”, explica Bruno Daibert, da Peritos Automotivos, empresa especializada em vistorias e avaliação veicular.
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Manual do Proprietário: o amigo que não mente
Carros novos vêm com revisões programadas a cada 10 mil km ou um ano — e isso fica registrado no Manual do Proprietário. Se o carro usado que você está de olho tem três revisões carimbadas, mas o hodômetro mostra só 15 mil km, tem algo errado aí. Ou as revisões foram feitas fora do prazo (o que já é ruim), ou o painel foi adulterado.
Concessionária pode entregar o jogo
Se o vendedor disser que perdeu o manual ou os registros, uma visita à concessionária da marca pode esclarecer tudo. Isso porque as autorizadas mantêm um sistema interligado, e pelo número do chassi é possível acessar o histórico completo de manutenções.
“O concessionário acessa quantas revisões foram feitas, pois os dados são integrados. Pelo chassi, ele checa as revisões e faz uma média de quanto o modelo rodou”, afirma o engenheiro Erwin Franieck, da SAE Brasil.
Pneus: um indicador que não engana
Os pneus originais de fábrica duram, em média, 30 mil km. Se um carro está anunciando 20 mil km rodados, mas já teve os pneus trocados, algo não bate. Verifique a data de fabricação dos pneus (está gravada na lateral) e compare com o ano do carro. Troca precoce de pneu pode ser um indício de quilometragem maior do que o anunciado.
Olhe para dentro: cabine também entrega o jogo
Carros com pouca quilometragem não devem ter volante descascado, bancos puídos, pedais gastos ou alavanca de câmbio surrada. Se esses sinais aparecerem, mesmo com o painel marcando 25 mil km, o carro provavelmente rodou muito mais.
E mais: observe o estado dos bancos traseiros e do apoio de braço do carona. Se estiverem tão gastos quanto o lado do motorista, pode ser um indicativo de que o carro era usado para transporte de passageiros, como Uber ou táxi.
De olho no motor e nos detalhes
Abra o capô e veja o estado das mangueiras, borrachas e componentes plásticos. Se estiverem muito ressecados, rachados ou esbranquiçados, pode apostar: o carro rodou bastante. Outra dica é observar o escapamento. Sujeira e acúmulo de resíduos nas conexões são normais em carros mais rodados, e ninguém lava isso com facilidade.
“As conexões do escapamento acumulam muito mais detrito e sujeira com o tempo. E ninguém consegue lavar bem essas partes do veículo”, reforça Franieck.
Barulhos, folgas e test-drive sincero
Na hora de dirigir, fique atento ao barulho da suspensão, especialmente em ruas com paralelepípedos ou lombadas. Veja se o carro dá “fim de curso” com facilidade. Além disso, pedais baixos, câmbio com folga e direção imprecisasão sinais de desgaste que não combinam com quilometragens baixas.
Outro ponto é testar itens elétricos: vidros, travas, retrovisores. Esses sistemas começam a falhar com o tempo, especialmente depois dos 60 mil km.
Portas e dobradiças falam mais do que o vendedor
Parece bobagem, mas o barulho ao fechar a porta e o desgaste nas dobradiças podem revelar muito. Veja se há folga nas maçanetas, se precisa fazer força demais para fechar bem a porta, e olhe o ferro onde a trava se encaixa — ele se desgasta com o tempo e mostra quantas vezes a porta já foi aberta.
E quando nada disso basta?
Se você ainda estiver em dúvida, dá para ir além. Sites como o CheckAuto, Olho no Carro e Detran oferecem serviços de consulta de histórico de veículo com base na placa ou chassi. Também existem empresas especializadas em vistoria cautelar, como a Super Visão, que fazem um pente-fino completo incluindo estrutura, histórico, quilometragem, registro de sinistros e até verificação de clonagem. O serviço custa entre R$ 200 e R$ 500, mas pode evitar um prejuízo muito maior.
Olho vivo, bolso seguro
Comprar um carro usado pode ser um ótimo negócio desde que você não caia no conto da quilometragem adulterada. Desconfie de valores muito abaixo do mercado, de hodômetros milagrosos e de histórias mal contadas. Faça as contas, peça ajuda a um mecânico de confiança, verifique histórico e, principalmente, observe cada detalhe. Um carro que rodou pouco tem que parecer pouco rodado. Simples assim.
Gostou das dicas? Você já passou por alguma situação parecida? Conhece alguém que comprou um carro com quilometragem adulterada? Conta pra gente nos comentários ou compartilhe este artigo com quem está pensando em comprar um usado!