Com investimento superior a R$ 8 bilhões, o Carrefour planeja abrir 120 novas lojas do Atacadão nos próximos cinco anos. O ritmo da expansão, porém, dependerá do cenário econômico, especialmente da taxa de juros e do nível de consumo.
O Grupo Carrefour Brasil estabeleceu como meta abrir 120 novas unidades do Atacadão em até cinco anos, com um investimento que deve ultrapassar R$ 8 bilhões, de acordo com reportagem publicada pela Revista Veja.
A expansão, contudo, está condicionada ao cenário macroeconômico do país. Como afirmou o presidente da companhia, Pablo Lorenzo, “vai depender da taxa de juros e do nível de consumo”.
Expansão do Atacadão condicionada ao cenário econômico
A meta faz parte de um plano de investimento voltado ao formato de atacarejo, que atualmente responde pela maior parte das receitas do grupo no Brasil.
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Segundo reportagem publicada pela revista Exame, o projeto busca ampliar a presença da bandeira em diferentes regiões do país, priorizando áreas com demanda identificada e disponibilidade de terrenos adequados.
Ainda não há um cronograma detalhado por estado.
Ao comentar o ritmo das inaugurações, Lorenzo associou o cronograma ao desempenho da economia.
De acordo com ele, as decisões de abertura dependerão do custo de capital, determinado pela taxa básica de juros, e da evolução do consumo.
“Vai depender da taxa de juros e do nível de consumo”, reforçou o executivo.
Fechamento de capital e nova fase de gestão
O grupo concluiu em maio o fechamento de capital na B3, encerrando a negociação de suas ações no mercado brasileiro.
De acordo com apuração da revista Exame, a operação trouxe simplificação administrativa à estrutura do grupo.
Pablo Lorenzo afirmou que o ambiente de mercado impunha uma rotina de explicações excessivas sobre temas considerados de pouca relevância operacional.
Com a saída da Bolsa, o planejamento financeiro e a execução de projetos passaram a ter maior autonomia, segundo analistas do setor.
Para especialistas em varejo consultados pela Exame, a mudança permite mais agilidade na tomada de decisão, já que o grupo deixa de estar sujeito às flutuações de curto prazo do mercado acionário.
A expansão do Atacadão, no entanto, deve seguir critérios de retorno financeiro e adequação à demanda local.
Investimento e retorno esperado
O aporte previsto de mais de R$ 8 bilhões cobre a aquisição de terrenos, construção das lojas, compra de equipamentos e formação de estoques iniciais.
Fontes do setor ouvidas pela revista Exame destacam que a empresa mantém como referência um retorno compatível com os padrões do atacarejo, avaliando indicadores como produtividade por metro quadrado e tempo de maturação de vendas.
A distribuição geográfica do investimento ainda não foi divulgada.
Segundo especialistas em varejo, critérios como acesso viário, densidade populacional, presença de pequenos comerciantes e competitividade na cadeia de abastecimento costumam orientar a escolha das localidades.
Fatores como licenciamento urbano e custo de terrenos também influenciam a velocidade de expansão.
Juros, consumo e sensibilidade do varejo
Economistas consultados por veículos do setor explicam que a taxa de juros tem impacto direto sobre os investimentos do varejo, pois afeta o custo de financiamento e o crédito disponível a fornecedores e consumidores.
O nível de consumo, por sua vez, indica a velocidade de retorno das novas unidades.
Em períodos de renda estável e inflação controlada, a maturação das lojas tende a ocorrer mais rapidamente.
Em momentos de retração econômica, empresas costumam adotar postura mais cautelosa, abrindo lojas apenas em regiões com indicadores de consumo mais firmes.
Em entrevista concedida à revista Exame, Pablo Lorenzo reafirmou que o ritmo de expansão dependerá da combinação dessas variáveis.
A companhia pretende ajustar o cronograma de abertura de lojas conforme a evolução dos fundamentos econômicos ao longo dos próximos anos.
Governança mais enxuta e foco operacional
A saída da Bolsa também alterou a dinâmica de governança do grupo.
Sem a necessidade de divulgar resultados trimestrais ao mercado e de atender a um número elevado de acionistas minoritários, a administração aponta ganhos em eficiência e agilidade interna.
“Precisávamos dar explicações excessivas sobre questões que, na prática, eram irrelevantes”, afirmou Lorenzo ao descrever o período anterior.
A Exame também destacou que o grupo passou a concentrar esforços em métricas internas de produtividade e margem, buscando otimizar custos operacionais e fortalecer a estrutura logística.
Especialistas em governança corporativa avaliam que o fechamento de capital pode facilitar a execução de projetos de longo prazo, desde que a empresa mantenha padrões de transparência e controle.
Efeitos sobre o mercado e o consumidor
Analistas do setor avaliam que a expansão do Atacadão tende a aumentar a concorrência no varejo alimentar e ampliar a oferta de produtos a preços mais competitivos.
O formato de atacarejo, baseado em sortimento essencial e embalagens econômicas, continua a atrair tanto consumidores finais quanto comerciantes de pequeno porte, o que explica o interesse das grandes redes em reforçar presença nesse segmento.
A expansão também deve exigir investimentos complementares em centros de distribuição, frota e sistemas de abastecimento, pontos considerados cruciais por especialistas em logística para manter a eficiência e a regularidade no fornecimento.
O Atacadão, segundo dados do setor, responde por parte significativa do faturamento do Carrefour Brasil e é considerado o principal motor de crescimento do grupo no país.