Estudo global mostra que consumo de bacon, linguiça e salsicha aumenta risco de doenças graves mesmo em pequenas porções diárias
Um estudo publicado em setembro de 2024 pela revista científica Nature Medicine reacendeu o alerta da comunidade internacional sobre o impacto do consumo de carnes processadas, como salsicha, linguiça, bacon, presunto e salame.
De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), esses alimentos fazem parte do Grupo 1 de agentes cancerígenos, a mesma categoria do cigarro e do amianto. Isso significa que existem fortes evidências científicas de que eles causam câncer em humanos, especialmente o câncer colorretal.
Pesquisadores reforçam que não existe uma quantidade considerada segura para o consumo desse tipo de alimento, já que mesmo pequenas porções diárias aumentam significativamente os riscos para a saúde.
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Investigação científica revela riscos crescentes
O levantamento reuniu mais de 60 estudos realizados entre 2000 e 2023 e mostrou que o consumo diário de carnes processadas eleva consideravelmente o risco de doenças graves.
Entre os principais dados levantados, destacam-se:
- +11% no risco de diabetes tipo 2
- +7% no risco de câncer de intestino grosso
Portanto, segundo os especialistas, um cachorro-quente consumido diariamente já é suficiente para elevar os riscos de forma preocupante.
O médico Clayton Macedo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), afirmou em entrevista que os efeitos parecem “modestos” em nível individual. No entanto, em escala populacional, os impactos se tornam alarmantes, já que atingem milhões de pessoas.
Comparação com outros hábitos alimentares prejudiciais
O estudo comparou ainda os efeitos das carnes processadas com outros itens de consumo frequente, como refrigerantes e gordura trans.
De acordo com a análise:
- Uma lata de refrigerante por dia (350 ml) aumenta em 8% o risco de diabetes e em 2% o de doença cardíaca isquêmica.
- O consumo diário de gordura trans, entre 0,25% e 2,56% das calorias totais, está ligado a um aumento de 3% no risco de problemas cardíacos.
Apesar dos perigos do refrigerante e da gordura trans, as carnes processadas lideraram os índices de risco. Elas se consolidaram como o principal fator de preocupação global.
Impactos na saúde pública
Embora sejam produtos comuns e acessíveis, os especialistas alertam que os impactos em longo prazo são devastadores.
Segundo relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) em agosto de 2024, o Brasil registra cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano. Entre eles, o câncer colorretal está entre os mais incidentes.
Diante desse cenário, a OMS destacou em 2023 que reduzir o consumo de carnes processadas deve ser prioridade para os países.
Estratégias de prevenção e recomendações médicas
Para reduzir os riscos, especialistas indicam substituir carnes processadas por carnes frescas, vegetais e grãos integrais. Essa mudança pode representar uma redução expressiva nas taxas de câncer, diabetes e doenças cardiovasculares.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Brasil está entre os países que mais consomem esse tipo de alimento na América Latina.
Mais de 34% da população relatou consumo frequente em pesquisa de 2024. Esse dado reforça a necessidade de políticas públicas urgentes e de orientação médica para reduzir o hábito alimentar nocivo.
Portanto, a recomendação dos órgãos de saúde é clara: quanto menor o consumo, menores os riscos para a saúde.
O que está em jogo para a saúde brasileira?
A pesquisa reforça que a escolha entre manter hábitos práticos ou preservar a saúde a longo prazo precisa ser feita urgentemente pela população.
Embora o consumo de carnes processadas seja comum no Brasil, as evidências científicas comprovam que o impacto sobre a saúde é grave.
Nesse cenário, a governança em saúde pública terá papel fundamental para orientar a população. Campanhas educativas devem incentivar a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis.
Enquanto isso, a decisão individual também se torna crucial: até que ponto vale a pena manter um consumo barato e prático, mas que compromete a saúde?