Capitão da Marinha compartilha foto de caça americano no WhatsApp e acaba punido por “violação de sigilo”. O caso, repleto de controvérsias, foi parar na Justiça, onde o militar busca reverter a decisão.
A Marinha brasileira está no centro de uma polêmica envolvendo um de seus oficiais de alta patente. O capitão Marcos Roberto Cavalcanti Sales foi punido após compartilhar imagens consideradas sensíveis de um caça americano F-35C Lightning II.
O registro foi feito na Base Aérea e Naval de São Pedro da Aldeia, mas a divulgação gerou uma série de consequências graves para o militar, que agora recorre à Justiça para anular a decisão.
Em maio deste ano, um incidente inesperado chamou a atenção no litoral fluminense. Um caça F-35C Lightning II, do porta-aviões USS George Washington, precisou fazer um pouso de emergência.
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De acordo com o jornal O Globo, as imagens dessa operação acabaram sendo compartilhadas por Sales, que, curiosamente, não estava na região no momento. Segundo seus advogados, ele estava em uma missão oficial em Belém. Mesmo assim, a punição foi imediata.
A reação da Marinha e a punição ao oficial
Conforme relato da própria Marinha, o capitão foi acusado de enviar a foto sem a devida autorização, em um grupo de WhatsApp, resultando na perda de “controle de replicação” do material.
Para a instituição, a conduta do oficial foi contra as diretrizes de contrainteligência, o que justificou uma série de sanções administrativas.
Entre as punições impostas ao militar, está a destituição de seu cargo como Chefe do Departamento de Inteligência, a transferência para outra unidade e a redução de seu conceito militar, que caiu de 10 para 7.
A Marinha classificou a imagem como “material sensível”, argumentando que a divulgação sem controle poderia trazer riscos à segurança.
Defesa do capitão: alegações de injustiça
A defesa de Marcos Roberto Cavalcanti Sales, representada pelos advogados Cláudio Lino e Adão Farias, contesta a decisão da Marinha.
Os advogados argumentam que o militar não teve o direito ao contraditório e à ampla defesa durante o procedimento administrativo que culminou na punição. Além disso, questionam a classificação da imagem como sensível.
Em sua petição, os advogados ressaltam que as imagens do caça já estavam circulando nas redes sociais e grupos de WhatsApp antes mesmo de o capitão compartilhá-las.
A própria Marinha dos EUA teria divulgado a aeronave de forma pública e ostensiva. “Além disso, como Sales poderia ter feito o registro, se estava em Belém e o avião em São Pedro da Aldeia?“, questionam os defensores.
O contexto do caça e a presença dos EUA
O incidente envolvendo o caça americano aconteceu no contexto do exercício militar “Southern Seas 2024”, conduzido pelas Forças Navais do Comando Sul dos Estados Unidos.
O USS George Washington, porta-aviões de onde o caça partiu, é uma das principais plataformas navais dos EUA, equipado com aeronaves avançadas como o Boeing F/A-18F Super Hornet e o próprio F-35C Lightning II.
A presença do F-35C, uma aeronave stealth de quinta geração, marcou um momento significativo, já que foi a primeira vez que esse tipo de caça sobrevoou o espaço aéreo brasileiro.
Em nota, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil confirmou que o pouso de emergência ocorreu como parte dos preparativos do exercício militar.
Posição da Marinha sobre o processo
Procurada para comentar o caso, a Marinha declarou que não se manifesta sobre processos que estão em curso no Poder Judiciário.
A nota oficial reafirma o compromisso da instituição com a legislação e os valores éticos, garantindo que continuará colaborando integralmente com a Justiça no decorrer do processo.
A punição ao capitão Sales levanta questões sobre o tratamento de informações sensíveis dentro das Forças Armadas e os limites da divulgação em redes sociais.
Este caso, além de colocar em evidência as práticas de contrainteligência da Marinha, abre um debate sobre o uso de redes sociais por militares e as consequências de atos aparentemente inofensivos.
A batalha judicial segue
Agora, o capitão busca na Justiça a anulação da punição que, segundo ele, foi aplicada de maneira injusta e desproporcional.
A batalha jurídica promete ser longa e tensa, com implicações que podem ir além do caso específico e afetar o comportamento futuro de outros militares em relação ao uso de redes sociais e compartilhamento de informações.
Diante desse cenário, fica a pergunta: até que ponto o compartilhamento de informações em redes sociais pode prejudicar a carreira de um militar? Será que a Justiça irá dar razão ao capitão ou à Marinha? Deixe sua opinião nos comentários!