Pesquisa mostra que o cultivo de cânhamo industrial oferece retorno muito superior ao da soja e pode gerar empregos e inovação no campo
O cânhamo industrial, planta da variedade “Cannabis sativa” com menos de 0,3% de THC — portanto sem efeito psicoativo —, tem se destacado como uma alternativa rentável e sustentável para o agronegócio brasileiro.
Segundo estudo divulgado pela Kaya Mind, o cultivo pode garantir um retorno líquido até 11 vezes maior que o da soja.
A pesquisa reforça o potencial da cultura como uma das mais promissoras do país.
Rentabilidade e comparação com outras culturas
De acordo com o levantamento, o cultivo de cânhamo para flores (CBD) pode alcançar R$ 23.306,80 por hectare.
A soja gera cerca de R$ 2.053,34 por hectare e o milho R$ 3.398,34 por hectare.
Esses números evidenciam o alto potencial de lucro do cânhamo e a vantagem competitiva frente a outras culturas agrícolas tradicionais.
Além disso, o cânhamo pode ser integrado aos sistemas agrícolas já existentes, aproveitando maquinários adaptáveis e reduzindo custos de produção.
O cultivo também contribui para a recuperação do solo, pois favorece a rotação de culturas e melhora a qualidade ambiental das áreas produtivas.
Geração de empregos e impacto social
Além da alta lucratividade, a pesquisa destaca que o cânhamo tem uma forte capacidade de geração de empregos.
Na Colômbia, por exemplo, estima-se a criação de 17,3 empregos por hectare cultivado.
Esses dados reforçam o papel do cânhamo como ferramenta de desenvolvimento rural e de diversificação da produção agrícola.
No Brasil, a adoção da cultura poderia impulsionar a economia local e fortalecer comunidades rurais.
Esse movimento seria especialmente relevante em regiões dependentes da soja e do milho, diversificando a base produtiva do campo.
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Potencial industrial e aplicações
Durante audiência pública realizada, a pesquisadora Daniela Bittencourt, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, destacou o enorme potencial do cânhamo.
Segundo ela, o cânhamo pode ser utilizado em mais de 25 mil produtos.
O uso vai desde fibras têxteis e bioplásticos até cosméticos e materiais de construção.
Essa versatilidade torna a planta uma matéria-prima estratégica para a bioeconomia.
O cânhamo também reduz a dependência de insumos petroquímicos e estimula setores industriais sustentáveis em crescimento no país.
Regulamentação e desafios legais
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) trabalha para cumprir decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A decisão reconheceu o direito de importar sementes de cânhamo industrial, além de autorizar o cultivo e a comercialização para fins medicinais e farmacêuticos.
Apesar do avanço, o principal desafio regulatório está na definição do limite de THC permitido.
Segundo Thiago Campos, diretor-relator do tema, esse ponto deve ser analisado com cautela para não impedir o avanço de pesquisas.
O especialista reforça que é necessário equilibrar controle regulatório e estímulo à inovação farmacêutica.
Perspectivas para o futuro
Com a regulamentação em andamento e o crescimento do interesse internacional, o cânhamo se consolida como opção de alta rentabilidade e sustentabilidade.
Sua introdução em larga escala pode fortalecer a bioindústria nacional e estimular a recuperação ambiental de áreas degradadas.
Além disso, o cultivo pode gerar milhares de empregos no campo, promovendo inclusão social e crescimento econômico regional.
O relatório da Kaya Mind aponta que, com regras claras e incentivo à produção, o cânhamo industrial pode revolucionar o agronegócio brasileiro.
A cultura oferece lucros expressivos, sustentabilidade ambiental e inovação tecnológica.



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