Decisão da Adidas de transferir a produção das camisas suplentes para o Brasil divide torcedores, preocupa fábricas argentinas e reflete política de Milei.
As tradicionais camisas suplentes de River Plate e Boca Juniors, os clubes mais populares da Argentina, começaram a ser fabricadas no Brasil neste ano.
Em território argentino, a produção permanece apenas para os uniformes titulares. A mudança ocorre após o governo de Javier Milei liberar as importações, levando a Adidas a trocar de fornecedor.
Como mostrou uma reportagem da DW, apesar da expectativa de queda nos preços, os valores ainda não diminuíram. Torcedores dividem opiniões: alguns defendem a fabricação fora do país se a qualidade e o custo forem vantajosos; outros lamentam a perda da produção local.
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Indústria têxtil em queda
Em Villa Lynch, subúrbio de Buenos Aires, uma fábrica de tecidos para roupas esportivas reduziu à metade sua produção e o número de funcionários nos últimos dois anos.
Hoje, importa cerca de 20% do que comercializa. “O problema é isso, para onde vai a gente?”, lamentou um trabalhador ao citar as demissões.
O setor têxtil argentino enfrenta forte retração. Apenas um terço dos empregados atua na formalidade, e dentro desse grupo houve perda de 10% dos postos em um ano.
As importações de roupas dobraram em 2024, enquanto as compras de consumidores em sites estrangeiros — principalmente Shein e Temu — triplicaram.
Governo defende abertura e empresários contestam
O conselheiro econômico de Milei, Ramiro Castiñeira, afirma que o país não é competitivo no setor têxtil e que o corte de tarifas de importação é necessário.
Para ele, os empregos migrarão da produção para áreas como logística e comércio. Empresários discordam: dizem que transportar tecidos gera menos trabalho do que fabricá-los.
Com a inflação ainda alta e eleições legislativas à vista, o governo aposta que a abertura comercial trará estabilidade e apoio popular.