Para o piloto de testes César Urnhani, montadoras como Volkswagen, GM e Hyundai provam que transmissões automáticas “de verdade” são mais eficientes e prazerosas de dirigir.
O câmbio CVT (Transmissão Continuamente Variável), adotado em massa por grandes montadoras sob a bandeira da eficiência de combustível, está no centro de uma polêmica acesa pelo especialista e piloto de testes César Urnhani. Em análise contundente, Urnhani afirma que o principal argumento de venda da tecnologia, a economia, “não é verdade”. Ele aponta que concorrentes como Volkswagen, GM e Hyundai entregam resultados de consumo superiores ou equivalentes utilizando transmissões automáticas convencionais, que ele classifica como “de verdade”.
A crítica de Urnhani vai além dos números de consumo, focando diretamente na experiência do motorista. Segundo ele, a condução de um carro com transmissão CVT é marcada por uma sensação incômoda de “embreagem patinando”, ruído excessivo do motor em acelerações e falta de respostas rápidas. Para o especialista, enquanto a indústria defende o CVT por custos de produção mais baixos, o resultado prático para o consumidor é um carro menos prazeroso e, em muitas situações, nem tão econômico quanto o prometido.
O que é o câmbio CVT e por que ele gera polêmica?
Diferente das transmissões automáticas convencionais, que possuem um número definido de engrenagens, o câmbio CVT funciona com um sistema de duas polias de diâmetro variável, conectadas por uma correia metálica. Essa arquitetura permite que a transmissão ofereça uma variação infinita de relações, mantendo o motor na faixa de rotação mais eficiente possível. É daí que vem o nome “Transmissão Continuamente Variável”. Em teoria, a ideia é extrair o máximo de performance e economia sem os “saltos” de uma troca de marcha tradicional.
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No entanto, é exatamente essa característica que, segundo César Urnhani, gera a principal queixa dos motoristas. A sensação ao acelerar é de um descompasso: o motor sobe de giro e faz muito barulho, mas o carro demora a responder com o mesmo vigor. “Para quem sempre dirigiu câmbio mecânico, é a sensação de estar patinando embreagem”, explica o especialista. Ele critica o ruído elevado durante ultrapassagens, algo que, em sua visão, contradiz a promessa de conforto e chega a ser “vergonhoso” em certas situações.
O argumento da economia: “Não é verdade”, diz Urnhani
O ponto mais forte da análise de César Urnhani é a desconstrução do mito da economia de combustível. Embora as montadoras justifiquem o uso do câmbio CVT para atender a normas de emissões e consumo, o especialista aponta para os dados oficiais para provar seu ponto. “Você vai olhar lá na lista do Inmetro e vai encontrar motores muito eficientes, por exemplo, da Volkswagen, e que não usa CVT, usa a transmissão comum, a transmissão de verdade”, argumenta.
Urnhani reforça que essa lógica se aplica a outras gigantes do setor. “Você vai ver carros da GM que têm lá um consumo de combustível incrível […] e não tem a transmissão CVT. Você tem também a Hyundai […] e ela não tem a transmissão CVT”, detalha. Para ele, a eficiência do CVT é condicional e falha em cenários do mundo real, como em cidades com muitas subidas e descidas. Nessas condições, a transmissão é forçada a trabalhar em regimes elevados, o que aumenta o ruído e o desgaste, anulando qualquer vantagem teórica.
Automático “de verdade”: A superioridade na condução
Em contrapartida, Urnhani exalta as qualidades das transmissões automáticas convencionais (com conversor de torque) e as de dupla embreagem (DCT). Ele utiliza uma analogia para explicar por que um maior número de marchas é mais eficiente: “Imagina você tentando subir uma escada com degraus muito altos. […] Gera menos esforço”. O mesmo, segundo ele, acontece com o motor, que trabalha de forma mais suave e econômica.
Essas transmissões, que ele chama de “automáticas de verdade”, oferecem uma experiência de condução superior. As trocas são rápidas, precisas e praticamente imperceptíveis, colocando o controle do veículo “na mão” do motorista. Urnhani desmente a ideia de que caixas automáticas dão trancos. “Uma caixa sequencial não dá tranco. Uma caixa de dupla embreagem não dá tranco”, afirma. Ele cita como exemplo de excelência o câmbio PDK da Porsche, mas ressalta que mesmo os sistemas mais comuns de VW, GM e Hyundai já entregam essa sensação de controle.
Por que as montadoras insistem no CVT?
Se a experiência de dirigir é inferior e a economia é questionável, por que tantas marcas renomadas como Honda, Toyota e Nissan apostam no câmbio CVT? A resposta, de acordo com César Urnhani, é simples e direta: custo de produção. A arquitetura da transmissão CVT é significativamente mais simples e barata de fabricar em comparação com uma complexa caixa automática de oito ou nove velocidades. Essa economia para a montadora permite posicionar os veículos com preços mais competitivos no mercado.
O especialista observa que, embora marcas como Honda, Toyota, Nissan e Renault utilizem amplamente o CVT, outras, como a Stellantis, alternam entre as tecnologias. Para Urnhani, a escolha pelo CVT é uma decisão industrial que nem sempre se traduz no melhor produto para o consumidor, especialmente para aquele que valoriza o prazer ao dirigir. “O carro seria incrível se tivesse uma transmissão automática”, conclui, referindo-se a modelos que, em sua opinião, são prejudicados pela transmissão.
A análise de César Urnhani coloca em xeque uma das tecnologias mais difundidas na indústria. Para ele, o tipo de transmissão é um fator decisivo na compra, a ponto de afirmar que não compraria um modelo com a tecnologia atual do CVT.
Mas e para você, a transmissão é um fator decisivo na compra de um carro? Você concorda com a crítica sobre o conforto e a eficiência? Deixe sua opinião nos comentários, queremos ouvir quem vive isso na prática.