Proposta relatada por Arthur Lira pode beneficiar até dez milhões de brasileiros, mas embate sobre como compensar perda de R$ 30 bilhões anuais ameaça votação histórica, segundo O Globo
A Câmara dos Deputados decide nesta quarta-feira se milhões de trabalhadores ficarão livres do Imposto de Renda até R$ 5 mil mensais. O projeto, enviado pelo governo há sete meses, tornou-se prioridade absoluta e é considerado uma das principais vitórias legislativas da gestão Lula em 2025.
Apesar do consenso em torno da faixa de isenção, o impasse está na compensação da perda de arrecadação, estimada em R$ 30 bilhões por ano. Deputados pressionam por mudanças e novas fontes de receita, enquanto o Planalto aposta na aprovação do texto para já garantir efeitos em 2026, ano eleitoral.
O que prevê o projeto relatado por Lira
O relatório apresentado por Arthur Lira mantém a isenção total até R$ 5 mil mensais e amplia a faixa de transição até R$ 7.350, com cobrança progressiva.
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Para equilibrar a renúncia fiscal, inclui tributação mínima de 10% para rendas anuais acima de R$ 1,2 milhão e imposto de 10% sobre lucros e dividendos remetidos ao exterior acima de R$ 50 mil mensais.
Além disso, o texto prevê compensação automática a estados e municípios, atendendo à demanda de governadores e prefeitos, e a possibilidade de usar eventual superávit para reduzir a alíquota da nova Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
A ideia é blindar o pacto federativo e evitar perdas regionais, um dos pontos mais sensíveis nas negociações.
O impasse das compensações
O grande obstáculo está na forma de bancar a renúncia.
Uma emenda liderada por Cláudio Cajado, com apoio de 35 parlamentares, sugere ampliar a faixa de isenção parcial até R$ 7.590.
Cobrindo o custo com um adicional de 5% na CSLL de bancos e instituições financeiras que tenham lucro acima de R$ 1 bilhão anuais.
O setor financeiro já sinalizou resistência e líderes do centrão calculam que a proposta pode travar a votação.
Outras alternativas, como taxar apostas online ou gigantes da tecnologia, também foram cogitadas, mas enfrentam receio do governo de abrir muitas frentes de conflito.
Pressão política e corrida contra o tempo
O Planalto trabalha para aprovar a proposta integral ainda hoje e enviar ao Senado, onde Davi Alcolumbre já prometeu celeridade.
Lula reforçou o apelo em almoço reservado com lideranças, pedindo empenho máximo para garantir que a isenção comece a valer em 2026.
Nos bastidores, contudo, não está descartada a possibilidade de fatiar a votação: aprovar primeiro a faixa de isenção, de consenso, e deixar a definição das fontes de custeio para uma etapa posterior.
Essa saída, porém, divide lideranças e pode enfraquecer o protagonismo da Câmara no processo.
Impacto social e eleitoral
Segundo o governo, a medida pode beneficiar diretamente dez milhões de brasileiros, aliviando a carga tributária da classe média e fortalecendo o poder de compra das famílias.
Ao mesmo tempo, a disputa bilionária sobre quem paga a conta coloca em jogo o equilíbrio das contas públicas e o humor do mercado.
Especialistas lembram que o Imposto de Renda é um dos tributos mais simbólicos para a população e que qualquer alteração em ano pré-eleitoral carrega forte peso político.
A aprovação ou rejeição do texto pode marcar a pauta econômica de 2026.
A votação de hoje pode definir se milhões de brasileiros ficarão isentos do Imposto de Renda até R$ 5 mil, mas a conta bilionária ainda gera divergências.
O governo defende o alívio para trabalhadores, enquanto opositores alertam para riscos fiscais e novas cargas sobre setores estratégicos.
Na sua opinião, a prioridade deve ser aliviar a vida de quem ganha menos ou proteger a arrecadação diante do rombo estimado em R$ 30 bilhões? Deixe seu comentário — queremos ouvir como você enxerga essa mudança na prática.