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Café de R$ 1,5 mil o quilo é processado no estômago de uma ave da Mata Atlântica em estado brasileiro

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 25/08/2025 às 16:17
Café de R$ 1,5 mil o quilo é processado no estômago de uma ave da Mata Atlântica em estado brasileiro
Foto: O jacu é uma ave silvestre que vive livre nas áreas de floresta da região de Pedra Azul, em Domingos Martins.
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Iguaria capixaba produzida em Pedra Azul combina seleção natural, fermentação no trato do jacu e produção limitada. Café de preço alto, baixa cafeína e turismo rural explicam a fama.


O café do jacu é um dos produtos mais curiosos do agro brasileiro. A ave nativa da Mata Atlântica se alimenta dos frutos mais maduros do cafeeiro e, após a digestão, os grãos são coletados, higienizados e torrados. O resultado é uma bebida rara, aromática e suave, muito procurada por turistas e amantes de cafés especiais.

De acordo com reportagens e o site da própria Fazenda Camocim, onde o método é referência, essa produção ocorre em ambiente de agrofloresta com foco em manejo orgânico e biodinâmico. Em 2025, o quilo do Jacu Bird Coffee é anunciado a R$ 1.530 na loja oficial da fazenda, valor que explica parte da aura de exclusividade ao redor do produto. Portais de turismo também destacam a mesma faixa de preço e a experiência de visitação no Espírito Santo.

A iguaria ganhou visibilidade internacional em matérias da AFP e de veículos estrangeiros, que descrevem o jacu como um “colhedor” natural, capaz de selecionar somente os melhores frutos. Esse detalhe ajuda a entender o perfil sensorial do café, frequentemente descrito como limpo, aromático e sem amargor pronunciado.

O que é o café do jacu e como ele é feito na Mata Atlântica

O jacu é uma ave silvestre que vive livre nas áreas de floresta da região de Pedra Azul, em Domingos Martins. Na Fazenda Camocim, o animal consome os frutos maduros nos talhões de café. Depois que o grão passa pelo sistema digestivo, a equipe recolhe as sementes no chão, faz a triagem manual, a higienização e a torra. O processo é lento, minucioso e depende do comportamento alimentar da ave.

A propriedade capixaba destaca práticas orgânicas e biodinâmicas desde os anos 1990, com histórico ligado ao produtor Henrique Sloper. Registros públicos e materiais institucionais reforçam a adoção de técnicas regenerativas e certificações voltadas à sustentabilidade.

Como a coleta é manual e a oferta limitada, a produção anual do café do jacu é restrita se comparada às linhas convencionais da fazenda. Isso ajuda a entender por que essa variedade entra em listas de cafés exóticos e de alto valor agregado no Brasil e no exterior.

Preço do café do jacu em 2025 e por que ele é tão caro

O preço praticado pela loja oficial em 2025 é de R$ 1.530 o quilo. A mesma faixa aparece em matérias de julho de 2025 sobre turismo em Pedra Azul, que citam pacotes menores para quem deseja provar a bebida sem pagar o quilo inteiro. Raridade, mão de obra intensiva, dependência da ave e demanda turística formam o conjunto de fatores que elevam o valor.

Além da exclusividade, o preço reflete custos de triagem, tempo de secagem e torra sob padrões de cafés especiais. Em 2025, o mercado de café também viveu volatilidade de preços internacionais, o que influencia o contexto do produto premium.

Para o consumidor, o ponto é claro. Quem busca uma experiência singular encontra no Jacu Bird Coffee um café de história única, cuja oferta pequena sustenta valores acima da média do segmento.

Baixa cafeína e sabor: o que dizem o produtor e a ciência

Segundo o produtor, o jacu consome parte da cafeína durante a digestão, o que resulta em um café naturalmente mais suave. Em 2022, um artigo revisado por pares publicado na Frontiers in Sustainable Food Systems analisou cafés bioprocessados e relatou redução de cerca de 69% de cafeína em amostras associadas ao jacu, além de alterações em compostos como ácidos clorogênicos.

Esse achado ajuda a sustentar a percepção de baixa cafeína e a explicar um perfil de xícara menos amargo. Estudos sobre processamento e fermentação de café também apontam que métodos bioprocessados podem modificar substâncias bioativas, com impacto direto na sensação de amargor e no corpo da bebida.

O café do jacu costuma ser descrito como aromático, com acidez equilibrada e amargor reduzido, o que o torna interessante para quem prefere xícaras limpas e doces.

Turismo rural em Pedra Azul ES: como conhecer o café do jacu

A Fazenda Camocim tornou-se ponto turístico na rota de Pedra Azul e mantém cafeteria e experiências guiadas. Perfis oficiais e publicações recentes informam atendimento de sexta a domingo, das 10h às 17h, além de contatos para agendamento de visitas. Recomenda-se confirmar horários antes de ir.

Quem não puder viajar encontra o produto em embalagens menores, opção que reduz o custo para uma prova. Guias de viagem lembram que a fazenda fica em área serrana, com acesso por via de terra em trecho final, o que faz parte do charme do passeio.

O turismo fortalece a economia local e a imagem do Espírito Santo no mapa do café especial. Para muitos visitantes, entender o ciclo do grão em ambiente de agrofloresta é tão relevante quanto a degustação.

Café do jacu x kopi luwak: diferenças, ética e sustentabilidade

Há paralelos com o famoso kopi luwak da Indonésia, produzido a partir dos grãos excretados por civetas. A diferença central destacada por reportagens internacionais sobre o caso capixaba é o uso de aves selvagens em ambiente aberto, o que evita práticas de confinamento criticadas em outros contextos. A discussão ética é importante e deve acompanhar qualquer café exótico.

No Brasil, o exemplo de agrofloresta e certificações voltadas à produção orgânica e regenerativa ajuda a rebater críticas e a posicionar o Jacu Bird Coffee como um produto associado à biodiversidade da Mata Atlântica.

Para o consumidor consciente, vale buscar informações sobre origem, manejo e bem-estar animal sempre que avaliar cafés raros. A transparência adiciona valor e credibilidade.

Onde o Brasil entra no consumo e nas exportações de café

O Brasil segue entre os líderes globais do setor. Em volume, o país é o segundo maior consumidor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo a ABIC e publicações oficiais. Isso contraria a ideia de que o brasileiro ocuparia apenas a quarta colocação.

No comércio exterior, dados de 2025 mostram receita recorde em julho e oscilações nos embarques diante do ambiente de preços. Relatórios do Cecafé indicam ingressos de mais de US$ 1 bilhão naquele mês, com variações na quantidade exportada e forte valorização em dólar.

Esse pano de fundo ajuda a contextualizar a atenção sobre cafés especiais e exóticos como o do jacu, que ocupam um nicho de alto valor enquanto a cadeia lida com ciclos de preço, clima e logística.

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Geovane Souza

Geovane Souza é especialista em criação de conteúdo na internet, ações de SEO e marketing digital. Nas horas vagas é Universitário de Sistemas de Informação no IFBA Campus de Vitória da Conquista.

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