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C919: O novo rival da Boeing e Airbus! O jato chinês promete desbancar os gigantes, com capacidade para até 192 passageiros e autonomia de 5.555 km. Será este o futuro da aviação?

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 27/09/2024 às 19:18
China - transporte Aéreo - Boeing - Airbus - aviação
O primeiro avião comercial “made in China” foi um sucesso. Tanto que está se preparando para superar a Airbus e Boeing

Sucesso chinês na aviação: o C919 da COMAC desafia a Airbus e Boeing, com vistas a liderar o mercado internacional

Após um turbulento processo de fabricação, a China estreou seu flamante C919. Trata-se de um avião comercial de fuselagem estreita (um corredor central) que realizou o voo inaugural entre Xangai e Pequim como culminação de mais de uma década de trabalho. Trata-se de um avião que está criado de acordo com os padrões internacionais, portanto a intenção da China é entrar em um mercado dominado por gigantes como Boeing e Airbus.

A aceitação no mercado e o desenvolvimento do C939

E a jogada está saindo tão bem, pelo menos em seu terreno, que não só as companhias aéreas estão encomendando o C919 aos montes, como também a China já trabalha em uma segunda geração: o C939 de fuselagem larga.

Um grande feito

O C919 foi fabricado pela Commercial Aviation Corporation China, ou COMAC. Trata-se de uma empresa estatal que, como indicam orgulhosamente em seu site, é o “primeiro avião de passageiros a jato desenvolvido independentemente pela China, cumprindo direitos de propriedade intelectual e padrões internacionais de aeronavegabilidade”. É importante especificar “a jato” porque a mesma empresa já tinha o ARJ21, um modelo “pequeno” de turbofan para voos regionais.

Quanto ao avião, ele foi projetado para competir com os A320 da Airbus e os Boeing 737 e conta com um comprimento de 38,9 metros, uma altura de 11,95 metros e capacidade para entre 158 e 192 passageiros, dependendo da configuração dos assentos. Sua autonomia varia de 4.075 quilômetros a 5.555 quilômetros.

Made in China (com peças ocidentais)

Mas o “made in China” é relativo, já que o problema que a empresa enfrenta é que muitas das peças e componentes chave são ocidentais. Os motores, por exemplo, são franceses. O sistema de controle de voo, o radar meteorológico e o painel de instrumentos, entre outros componentes, são americanos. Também possuem sistemas britânicos e alemães, embora parte da fuselagem e a própria construção tenham sido realizadas na China.

Sucesso

A produção da COMAC foi estimada em 150 aviões por ano em cinco anos, mas a empresa afirmou que havia conseguido mais de 1.200 pedidos do C919. Alguns apontavam que a maioria eram “cartas de intenção” de clientes nacionais, mas um ano depois, parece que o avião realmente foi um sucesso. A Air China é uma das últimas a fazer um pedido de 100 unidades (cerca de 11 bilhões de dólares no total) e a COMAC se embarcou na ampliação de suas instalações para cumprir os pedidos.

No mês de maio passado, foi informado das intenções da empresa, com a confirmação do China Aviation Planning and Design Institute Group, que a COMAC havia conseguido a licitação para a segunda fase de seu projeto de construção para o C919. Será na mesma Xangai, onde a COMAC tem sua sede, e consistirá em uma área de 330.000 metros quadrados. A AVIC-CAPDI apontou que esse projeto “atenderá às futuras necessidades de produção em lotes do grande avião de passageiros C919, melhorando sua eficiência de produção e proporcionando um forte apoio à operação comercial e à competição no mercado de grandes aviões de produção nacional”.

Ambição desmedida da China

O C919 é um orgulho para a China, tanto que o país buscará a certificação da Agência de Segurança Aérea da União Europeia e já está comercializando o modelo no sudeste asiático. No entanto, os planos vão além. Como podemos ler no South China Morning Post, o gigante asiático busca conquistar uma fatia do mercado internacional para tomar parte do mercado das duas grandes companhias dominantes.

Com a segunda linha de montagem, poderão construir cada unidade mais rapidamente e já estão buscando superar os Estados Unidos na década de 2030 ou 2040. São planos extremamente ambiciosos, mas a intenção é não competir com um único modelo, mas com três.

C939 e C929 de fuselagem larga

Após o sucesso no desenvolvimento deste modelo, China e Rússia iniciaram o caminho para criar o C929, um avião de fuselagem larga (com dois corredores). No entanto, com a invasão da Rússia à Ucrânia, os russos foram se desvinculando aos poucos do projeto, e então vieram as sanções internacionais. Fontes do SCMP apontam que na China isso foi visto como um golpe, mas não como algo que frearia o projeto.

“A saída da Rússia tem certo impacto, mas podemos gerenciá-lo. O trabalho no C929 está em andamento e avança sem problemas, aproveitando a experiência e a coordenação de sistemas que já temos para o design e desenvolvimento do C919. O tempo necessário para sua construção e desenvolvimento pode ser similar”, aponta essa fonte. No entanto, não será o único avião de fuselagem larga da COMAC, já que também estão trabalhando em um C939 para competir com os maiores da Airbus e Boeing. O problema é que não temos detalhes nem de um… nem de outro.

Planos para que seja mais ‘Made in China’

É notável o esforço que a China está realizando para conseguir sua linha ‘doméstica’ de aviões comerciais e uma boa pergunta é se o ocidente poderá impor sanções como as que estão atingindo a indústria automobilística. Em Pequim, esse é um objetivo de primeiro nível e a ideia é apostar mais em tecnologias essenciais locais para se autoabastecer, começando por peças como o trem de pouso ou os motores.

Imagens e vídeo: Ken Chen, S5A-0043

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Noel Budeguer

De nacionalidade argentina, sou redator de notícias e especialista na área. Abordo temas como ciência, petróleo, gás, tecnologia, indústria automotiva, energias renováveis e todas as tendências no mercado de trabalho.

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