Sucesso chinês na aviação: o C919 da COMAC desafia a Airbus e Boeing, com vistas a liderar o mercado internacional
Após um turbulento processo de fabricação, a China estreou seu flamante C919. Trata-se de um avião comercial de fuselagem estreita (um corredor central) que realizou o voo inaugural entre Xangai e Pequim como culminação de mais de uma década de trabalho. Trata-se de um avião que está criado de acordo com os padrões internacionais, portanto a intenção da China é entrar em um mercado dominado por gigantes como Boeing e Airbus.
A aceitação no mercado e o desenvolvimento do C939
E a jogada está saindo tão bem, pelo menos em seu terreno, que não só as companhias aéreas estão encomendando o C919 aos montes, como também a China já trabalha em uma segunda geração: o C939 de fuselagem larga.
Um grande feito
O C919 foi fabricado pela Commercial Aviation Corporation China, ou COMAC. Trata-se de uma empresa estatal que, como indicam orgulhosamente em seu site, é o “primeiro avião de passageiros a jato desenvolvido independentemente pela China, cumprindo direitos de propriedade intelectual e padrões internacionais de aeronavegabilidade”. É importante especificar “a jato” porque a mesma empresa já tinha o ARJ21, um modelo “pequeno” de turbofan para voos regionais.
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Quanto ao avião, ele foi projetado para competir com os A320 da Airbus e os Boeing 737 e conta com um comprimento de 38,9 metros, uma altura de 11,95 metros e capacidade para entre 158 e 192 passageiros, dependendo da configuração dos assentos. Sua autonomia varia de 4.075 quilômetros a 5.555 quilômetros.
Made in China (com peças ocidentais)
Mas o “made in China” é relativo, já que o problema que a empresa enfrenta é que muitas das peças e componentes chave são ocidentais. Os motores, por exemplo, são franceses. O sistema de controle de voo, o radar meteorológico e o painel de instrumentos, entre outros componentes, são americanos. Também possuem sistemas britânicos e alemães, embora parte da fuselagem e a própria construção tenham sido realizadas na China.
Sucesso
A produção da COMAC foi estimada em 150 aviões por ano em cinco anos, mas a empresa afirmou que havia conseguido mais de 1.200 pedidos do C919. Alguns apontavam que a maioria eram “cartas de intenção” de clientes nacionais, mas um ano depois, parece que o avião realmente foi um sucesso. A Air China é uma das últimas a fazer um pedido de 100 unidades (cerca de 11 bilhões de dólares no total) e a COMAC se embarcou na ampliação de suas instalações para cumprir os pedidos.
No mês de maio passado, foi informado das intenções da empresa, com a confirmação do China Aviation Planning and Design Institute Group, que a COMAC havia conseguido a licitação para a segunda fase de seu projeto de construção para o C919. Será na mesma Xangai, onde a COMAC tem sua sede, e consistirá em uma área de 330.000 metros quadrados. A AVIC-CAPDI apontou que esse projeto “atenderá às futuras necessidades de produção em lotes do grande avião de passageiros C919, melhorando sua eficiência de produção e proporcionando um forte apoio à operação comercial e à competição no mercado de grandes aviões de produção nacional”.
Ambição desmedida da China
O C919 é um orgulho para a China, tanto que o país buscará a certificação da Agência de Segurança Aérea da União Europeia e já está comercializando o modelo no sudeste asiático. No entanto, os planos vão além. Como podemos ler no South China Morning Post, o gigante asiático busca conquistar uma fatia do mercado internacional para tomar parte do mercado das duas grandes companhias dominantes.
Com a segunda linha de montagem, poderão construir cada unidade mais rapidamente e já estão buscando superar os Estados Unidos na década de 2030 ou 2040. São planos extremamente ambiciosos, mas a intenção é não competir com um único modelo, mas com três.
C939 e C929 de fuselagem larga
Após o sucesso no desenvolvimento deste modelo, China e Rússia iniciaram o caminho para criar o C929, um avião de fuselagem larga (com dois corredores). No entanto, com a invasão da Rússia à Ucrânia, os russos foram se desvinculando aos poucos do projeto, e então vieram as sanções internacionais. Fontes do SCMP apontam que na China isso foi visto como um golpe, mas não como algo que frearia o projeto.
“A saída da Rússia tem certo impacto, mas podemos gerenciá-lo. O trabalho no C929 está em andamento e avança sem problemas, aproveitando a experiência e a coordenação de sistemas que já temos para o design e desenvolvimento do C919. O tempo necessário para sua construção e desenvolvimento pode ser similar”, aponta essa fonte. No entanto, não será o único avião de fuselagem larga da COMAC, já que também estão trabalhando em um C939 para competir com os maiores da Airbus e Boeing. O problema é que não temos detalhes nem de um… nem de outro.
Planos para que seja mais ‘Made in China’
É notável o esforço que a China está realizando para conseguir sua linha ‘doméstica’ de aviões comerciais e uma boa pergunta é se o ocidente poderá impor sanções como as que estão atingindo a indústria automobilística. Em Pequim, esse é um objetivo de primeiro nível e a ideia é apostar mais em tecnologias essenciais locais para se autoabastecer, começando por peças como o trem de pouso ou os motores.
Imagens e vídeo: Ken Chen, S5A-0043
E, a China não quer ficar pra trás, despeja pelo mundo afora suas centenas de modelos de carros de suas dezenas de indústrias de automóveis, aos poucos vai dominando esse setor. Agora começa com a indústria de aviões, ataca as gigantes do setor. Em pouquíssimo tempo já dominará essa tecnologia e serão os “maiores “. Tudo é questão de tempo pra atingir o domínio total, que é seu grande objetivo. Quem viver, verá