A estratégia de grandes estoques e campanhas promocionais garantiu à marca chinesa vantagem sobre a rival japonesa nas vendas de 2025.
A BYD assumiu em 2025 a sétima posição no ranking de marcas mais vendidas do Brasil, ultrapassando a Honda no acumulado de janeiro a agosto. Segundo dados da Fenabrave, a montadora chinesa emplacou 66.419 veículos, contra 65.589 da japonesa.
No topo da lista aparecem Volkswagen, Fiat e Chevrolet. Hyundai ocupa a quarta posição, seguida por Toyota e Jeep. Após a BYD e a Honda, completam o grupo Renault e Nissan.
O crescimento da BYD foi consistente ao longo dos meses. A empresa superou a Honda em abril, maio, julho e agosto, com maior diferença registrada nos dois últimos meses. Em 2024, a marca havia fechado o ano em décimo lugar, com 76.402 unidades, contra 91.450 da rival.
-
Peugeot 208 GT Hybrid 2026 estreia eletrificação no Brasil com motor 1.0 turbo e preço de R$ 134 mil
-
Nova febre no Brasil: blindagem automotiva não é tão cara, deixou de ser luxo e conquista cada vez mais brasileiros com possibilidade de proteção extra
-
Jeep Avenger: modelo vai ser produzido no Brasil com motor 1.0 turbo de 130 cv, versão híbrida e possível tração 4×4 para competir com T-Cross, Creta, Duster e outros; veja quando chega
-
Kia Sportage 2026 estreia no Brasil com novo câmbio de 8 marchas, interior repaginado e tela flutuante de 12,3
Estoque elevado e preços agressivos
O avanço da montadora chinesa está ligado ao volume de veículos importados e ao estoque elevado. Especialistas apontam que a estratégia de manter grandes remessas ajudou a controlar preços e garantir presença no mercado.
Paulo Garbossa, diretor da ADK Automotive, afirma que o poder de fogo das chinesas se estende a toda a América Latina. Para ele, o estoque permite planejar promoções e pode levar a BYD a superar até a Jeep em breve.
O consultor Milad Kalume Neto destaca que os navios da BYD trouxeram muitos veículos. Para reduzir esse volume, a empresa lançou campanhas agressivas e baixou preços. Ele avalia que a marca pode se manter entre as dez mais e até chegar ao top 5 no longo prazo.
A Anfavea também acompanha o movimento. Em julho, o presidente da associação, Igor Calvet, revelou que os estoques das montadoras chinesas atingiram 111 mil veículos. Segundo ele, esse número afeta o mercado e precisa ser considerado nas estratégias de defesa da indústria local.
Desempenho nos híbridos
No segmento de híbridos, a diferença entre as duas marcas é ainda maior. Entre janeiro e agosto de 2025, a Honda vendeu 1.774 veículos, enquanto a BYD registrou 31.953 unidades, um volume 18 vezes maior.
O Song Pro, SUV da BYD, é o modelo eletrificado mais barato da marca, custando a partir de R$ 189.990. Já o Civic Advanced Hybrid, opção mais acessível da Honda, sai por R$ 265.900, quase 40% a mais.
Além disso, o Song Pro pode rodar até 39 km no modo elétrico, recurso inexistente no Civic. Apesar disso, especialistas lembram que os modelos são voltados a públicos diferentes: sedãs tradicionais no caso da Honda e SUVs urbanos no caso da BYD.
Presença no Brasil
A Honda está presente no país desde 1971. A fábrica de Sumaré (SP) hoje produz apenas motores e componentes. Já os automóveis nacionais da marca saem de Itirapina (SP), onde são montados HR-V e City. Outros modelos, como Civic, Accord e CR-V, chegam importados.
A empresa anunciou que investirá R$ 4,2 bilhões para desenvolver o primeiro motor híbrido flex nacional, que deve equipar futuros modelos.
A BYD, por sua vez, mantém fábrica em Camaçari (BA). Lá são produzidos Dolphin Mini, Song Pro e King. A montadora também prepara a introdução de um motor híbrido flex no Song Pro, reforçando sua estratégia local.
Com preços competitivos, amplo estoque e forte presença no segmento de híbridos, a BYD se consolidou entre as dez maiores do Brasil. O desempenho de 2025 mostra que a disputa com a Honda está apenas começando.