A BYD inaugura pela terceira vez sua fábrica na Bahia, mas sem iniciar a produção nacional, e gera dúvidas no mercado automotivo.
BYD repete inauguração e causa confusão no mercado automotivo brasileiro
A BYD, montadora chinesa que vem dominando o mercado automotivo global, voltou a chamar atenção no Brasil — mas desta vez, por um motivo curioso.
A empresa realizou, pela terceira vez, a inauguração da mesma fábrica em Camaçari, na Bahia, sem que a unidade tenha iniciado de fato a produção nacional de veículos.
O evento mais recente contou com a presença de Lula e Geraldo Alckmin, reforçando o simbolismo político e econômico do projeto.
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No entanto, a confusão entre “inauguração”, “montagem” e “produção efetiva” levantou questionamentos sobre o real estágio da operação.
Uma fábrica, três inaugurações e muitas dúvidas
A primeira cerimônia aconteceu em março de 2024, quando a BYD anunciou o início da construção da unidade. Na ocasião, a montadora chamou o evento de “inauguração da futura fábrica” — um termo que, tecnicamente, se refere apenas ao assentamento da pedra fundamental.
Meses depois, em outubro de 2025, a empresa realizou uma nova cerimônia, agora com autoridades nacionais. E novamente, a unidade foi apresentada como uma fábrica pronta, embora ainda não esteja produzindo veículos completos.
Por isso, a BYD quebrou um recorde inusitado: o de inaugurações repetidas de uma fábrica que ainda não fabrica nada.
Comunicação ambígua e marketing estratégico
O discurso da BYD tem confundido parte da imprensa e do público. Em seus comunicados, a montadora afirma que modelos como o Song Pro GS “agora têm linha de montagem no Brasil”. Tecnicamente, isso é verdade — mas a montagem é apenas parcial.
Os processos de soldagem, pintura e fabricação de componentes ainda não existem em Camaçari. Assim, os veículos continuam chegando semimontados da China, passando apenas por uma etapa final de montagem no Brasil.
Na prática, isso significa que a fábrica opera como uma montadora CKD (Completely Knocked Down) — modelo comum em transições industriais, mas distante de uma produção nacional completa.
Estratégia global e simbolismo político
Por outro lado, a BYD tem motivos claros para insistir nas inaugurações simbólicas. A marca quer reforçar seu compromisso com o Brasil, especialmente no momento em que o governo federal busca atrair investimentos industriais e gerar empregos na Bahia, após o fechamento da antiga unidade da Ford.
Além disso, o setor automotivo vive um momento de forte disputa global, com montadoras chinesas acelerando sua expansão em mercados estratégicos. Assim, cada evento público ajuda a manter a marca em evidência e fortalecer sua imagem de inovação e crescimento.
Camaçari: o centro da aposta da BYD no Brasil
A planta baiana é um dos projetos mais ambiciosos da BYD fora da Ásia. O complexo prevê três linhas produtivas: uma para veículos elétricos, outra para chassis de ônibus e uma terceira para baterias.
Entretanto, até agora, apenas a linha de montagem de automóveis opera de forma limitada. A promessa é que a produção nacional plena inicie em 2026, quando a empresa espera concluir as obras e ampliar sua capacidade.
Enquanto isso, os carros vendidos no Brasil continuam importados ou parcialmente montados, o que reforça o caráter de transição industrial da unidade.
Especialistas pedem mais transparência da montadora
Para analistas do mercado automotivo, o discurso da BYD precisa ser mais claro e transparente. O uso de termos como “fábrica”, “produção” e “montagem” sem distinção pode gerar ruído no setor e até enganar consumidores sobre o grau real de nacionalização dos veículos.
Apesar das críticas, ninguém duvida da força da marca. A BYD já lidera as vendas de carros elétricos no Brasil e promete investir bilhões na expansão local. Ainda assim, a fábrica da Bahia segue como uma promessa em construção — e não uma realidade consolidada.
O futuro da produção nacional da BYD
Com a crescente demanda por carros elétricos e incentivos do governo, a Bahia pode se tornar o novo polo de produção automotiva nacional. Mas, para isso, a BYD precisará transformar o marketing em prática e iniciar a fabricação real de veículos no país.
Por enquanto, a montadora soma mais cerimônias do que carros produzidos, num enredo que mistura estratégia de imagem, expectativa política e muito marketing.

 
                         
                        
                                                     
                         
                         
                         
                         
    
 
                     
         
         
         
         
        
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