A Expedição Golias levou o britânico Karl Bushby a atravessar continentes, mares e fronteiras durante quase três décadas, desafiando limites físicos, burocráticos e emocionais em sua jornada de 58 mil quilômetros
Poucas histórias de aventura são tão longas e persistentes quanto a de Karl Bushby. Nascido em 1969, na cidade de Hull, Inglaterra, o ex-paraquedista britânico decidiu há mais de 25 anos dar a volta completa no planeta apenas caminhando. Desde 1º de novembro de 1998, quando partiu de Punta Arenas, no extremo sul do Chile, ele persegue o objetivo de concluir a Expedição Golias, uma jornada contínua e sem interrupções que deve somar 58 mil quilômetros até o retorno à sua cidade natal.
Do campo militar à estrada sem fim
A ideia surgiu depois de 11 anos servindo no Regimento de Paraquedistas do Exército Britânico. Ao deixar as forças armadas, Bushby quis provar que a disciplina e a resistência aprendidas poderiam ser levadas a um novo desafio.
Com uma mochila e mapas marcados à mão, iniciou a longa travessia pela América do Sul. Enfrentou desertos, selvas e montanhas antes de alcançar o Alasca, em 2006. Até ali, já havia caminhado cerca de 27 mil quilômetros.
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O desafio congelado do Estreito de Bering
Em 2006, acompanhado do francês Dimitri Kieffer, ele enfrentou um dos trechos mais perigosos da jornada: o Estreito de Bering.
Durante 14 dias, os dois percorreram 240 quilômetros sobre o gelo, ligando o Alasca à Sibéria, em temperaturas que chegavam a –40 °C.
Apesar do feito impressionante, Bushby acabou sendo detido por autoridades russas, já que havia cruzado por um ponto não autorizado. A situação só se resolveu após discussões diplomáticas entre o Reino Unido e a Rússia.
Avanço lento e burocracia russa
Entre 2007 e 2012, Bushby teve de lidar com os obstáculos impostos pelo clima e pelos vistos russos. Só podia caminhar durante o inverno, quando os rios congelavam, o que tornava o progresso extremamente lento.
Em 2013, foi proibido de entrar novamente no país por cinco anos. Em protesto, caminhou cerca de 4.800 quilômetros até Washington, D.C., buscando apoio para reverter a decisão. A medida foi finalmente revogada em 2014, permitindo que retomasse o trajeto.
Cruzando mares e fronteiras improváveis caminhando
Nos anos seguintes, Bushby continuou pela Ásia Central e chegou ao Uzbequistão em 2019. A pandemia de COVID-19 interrompeu os planos e atrasou a expedição.
Mas, em 2024, ele surpreendeu novamente: decidiu atravessar o Mar Cáspio a nado, junto a nadadores do Azerbaijão e à americana Angela Maxwell.
A travessia de 288 quilômetros durou 31 dias e virou um dos momentos mais marcantes de sua aventura, mostrando que o cansaço nunca superou sua vontade de seguir.
A reta final de uma epopeia mundial
Em junho de 2025, Bushby aguardava o visto para entrar na Turquia, após cruzar a Armênia. Pouco depois, já estava na Bulgária e, em outubro, caminhava pela Romênia, a pouco mais de 2.200 quilômetros de sua cidade natal.
Se não houver novos contratempos, ele deve concluir a jornada em 2026, encerrando uma caminhada que soma mais de 58 mil quilômetros percorridos.
Volta ao mundo caminhando: um homem movido pela persistência
Mais do que uma façanha geográfica, a Expedição Golias é uma lição sobre resistência. Bushby enfrentou dificuldades financeiras, dormiu em tendas improvisadas e caminhou por regiões isoladas, sempre movido por um mesmo propósito: dar a volta completa ao mundo com os próprios pés.
Em seu livro Giant Steps, publicado em 2005, ele resumiu o espírito da missão em uma frase: “Cada passo é uma vitória sobre a desistência.”
Agora, às portas da Europa Ocidental, Karl Bushby continua caminhando — não apenas em direção a Hull, mas em direção à conclusão de uma das jornadas mais longas e inspiradoras da história moderna.
Com informações de Wikipedia.



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