China pressiona o BRICS a adotar o yuan como moeda de referência, mas Brasil, Índia e África do Sul defendem um sistema multimoedas contra o domínio chinês.
A China tem intensificado suas iniciativas para ampliar o uso do yuan como moeda de referência dentro do bloco dos BRICS.
A proposta aparece em um momento em que os países do grupo discutem alternativas ao dólar para reduzir riscos em transações internacionais.
O tema ganhou força após as sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra a Rússia, que estimularam a busca por outras formas de pagamento.
-
China investe US$ 2,2 bilhões no Brasil em 2025 e faz do país o segundo maior destino global de aportes — ‘tarifaço’ dos EUA abre espaço estratégico para novos bilhões
-
Nova medida do governo dá vantagem para BYD, Honda, Toyota e outras na corrida dos veículos elétricos montados no Brasil; entenda como
-
Venezuela reage à pressão dos EUA com alistamento em massa convocado por Nicolás Maduro após envio de três destróieres e navios anfíbios ao Caribe
-
Pequenos negócios do Brasil veem expansão global ‘garantida’ ruir após tarifas de Trump inviabilizarem exportações para os Estados Unidos
Nesse contexto, Rússia e Brasil passaram a adotar o yuan de forma mais frequente em operações comerciais, especialmente no setor de petróleo e em outras commodities.
Durante as cúpulas realizadas em 2023 e 2024, o governo de Xi Jinping apresentou propostas formais para que o yuan fosse considerado tanto nas reservas de bancos centrais quanto em transações comerciais.
Além disso, Pequim sugeriu que os países membros utilizassem com maior frequência suas moedas locais nas trocas, ressaltando, no entanto, o papel do yuan como alternativa disponível.
Reações internas no bloco
Apesar da pressão, a estratégia não é aceita de forma unânime pelos países dos BRICS.
Índia e África do Sul mostram cautela porque defendem um sistema multimoedas.
Um sistema multimoedas, defendido em várias ocasiões pelos BRICS, é um arranjo financeiro no qual diferentes moedas nacionais dos países membros podem ser usadas nas transações comerciais e financeiras entre eles, em vez de depender quase exclusivamente do dólar norte-americano como referência.
Segundo eles, esse formato permitiria que diferentes moedas locais tivessem espaço, sem dar exclusividade ao yuan.
Mesmo o Brasil, que vinha utilizando a moeda chinesa em várias transações, agora reforça essa posição de não dar um maior protagonismo ao yuan.
Os três países argumentam que o comércio interno do bloco deve ser diversificado e que uma cesta de moedas poderia competir com o dólar de forma mais equilibrada.
Empréstimos em moeda chinesa
Além do comércio, a China pressiona pelo uso do yuan em financiamentos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).
Países como Paquistão, Sri Lanka e nações africanas já receberam empréstimos denominados em yuan. A medida reforça a intenção de Pequim em consolidar sua moeda como alternativa global.
No entanto, nem todos concordam. A Índia chegou a utilizar o yuan em algumas liquidações, mas desistiu rapidamente.
Essa decisão mostra o receio de depender excessivamente da moeda chinesa
Críticas ao protagonismo da China nos BRICS
A China é, de longe, a maior economia do BRICS. Seu PIB supera o somado de vários membros do bloco, o que gera um desequilíbrio natural de poder.
Especialistas apontam que essa disparidade permite a Pequim pautar os rumos do grupo, reduzindo a autonomia de países como Brasil e África do Sul.
Para críticos, em vez de cooperação equilibrada, o BRICS pode se tornar uma extensão da política externa chinesa.
Analistas observam que a China enxerga o BRICS como instrumento de projeção internacional.
Ao defender uma nova moeda de referência, baseada no yuan, e ampliar sua influência no Novo Banco de Desenvolvimento, Pequim reforça sua posição como alternativa à hegemonia dos Estados Unidos.
Trump pressiona contra os BRICS
Donald Trump, em seu novo mandato, transformou o BRICS em prioridade política. Ele passou a atacar o bloco diretamente, tratando-o como uma ameaça ao sistema monetário global liderado pelo dólar.
O chefe da Casa Branca deixou claro que não permitirá avanços nesse sentido sem reação dura.
Ameaças tarifárias
Em janeiro, Trump anunciou que países do BRICS que avançarem em iniciativas para reduzir o uso do dólar enfrentarão tarifas comerciais pesadas.
Ele chegou a citar alíquotas de até 100% sobre importações, além de uma tarifa fixa de 10% para produtos de todos os membros do bloco.
“Vamos exigir um compromisso desses países aparentemente hostis de que eles não criarão uma nova moeda nem apoiarão qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano, caso contrário, eles enfrentarão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia dos EUA“, escreveu Trump na ocasião.
Efeitos inesperados
Especialistas apontam que a estratégia de Trump pode ter efeito contrário ao desejado.
Em vez de enfraquecer o BRICS, suas ações podem acelerar a busca por alternativas financeiras.
O BRICS Pay, sistema de pagamentos em moedas locais, ganhou força justamente em meio às sanções e ameaças.
Portanto, a pressão americana funciona como estímulo para que o bloco consolide ferramentas próprias, reduzindo gradualmente sua vulnerabilidade ao dólar.
A ofensiva de Trump mostra o quanto o tema deixou de ser apenas econômico e passou a ser geopolítico.
Ao defender o dólar com tarifas e ameaças, os Estados Unidos reforçam a imagem de que temem perder espaço no sistema internacional.
Para os países do BRICS, o desafio é transformar discurso em prática, expandindo o uso de moedas nacionais e provando que podem criar alternativas reais.
O cenário indica que a disputa está apenas começando e deve marcar os próximos anos.
Caminhos futuros do BRICS
Portanto, ainda que a China reforce a proposta de ampliar o uso do yuan como moeda de referência no bloco, os demais países mantêm certa distância em relação a essa ideia.
Cada membro apresenta interesses próprios e, no conjunto, a preferência tem sido por um arranjo mais amplo e diversificado.
A posição majoritária é de defesa de um sistema multimoedas, no qual as moedas locais de cada país tenham espaço equivalente.
A justificativa é que esse modelo permite maior equilíbrio nas transações e reduz a concentração de poder em torno de apenas uma divisa.
Em síntese, o BRICS não sinaliza adesão ao yuan como moeda de reserva única.
As diferenças internas em relação ao tema acabam funcionando como um limite para o alcance de iniciativas mais ousadas dentro da aliança, mantendo o bloco em uma trajetória de negociações graduais e de difícil consenso.
E você, o que pensa sobre esse debate? Acha que o Brasil deve seguir firme dentro do BRICS, mesmo diante do protagonismo chinês, ou seria melhor repensar sua posição no bloco? Deixe sua opinião nos comentários e participe da discussão.
Nos temos que ser protagonista no BRICS, e impor nossa moeda no grupo ou criar uma moeda. Nós somos se não o maior, um dos, o que nos dá grande arrecadação na balança comercial.
Aliança de países com.meodas fracassadas a exportação será como trocar dinheiro por dinheiro a vantagem da exportação em dólar ei seu valor por isso a China sendo a segunda econômia até hoje negocia em dólar o BRICs e um fracasso se ainda fosse na época que lançou o real que era pareado só dólar tudo vemy mas agitar que vahey 5 vezes menos e burrice quem exportar será o mesmo que vender internamente
Brasil deve fazer uma moeda sólida na América do Sul ! E continuar com multimoedas sem protecionismo !