Primeiro hospital público inteligente do Brasil promete integrar inteligência artificial, 5G e telessaúde, reduzindo drasticamente o tempo de resposta em emergências e criando uma rede nacional de UTIs conectadas ao SUS.
O Brasil iniciou a implantação do Instituto Tecnológico de Medicina Inteligente (ITMI-Brasil), unidade de emergência de alta complexidade que funcionará no complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo.
O projeto reúne inteligência artificial, ambulâncias conectadas em 5G e telessaúde para encurtar o tempo de resposta em casos graves de 17 para cerca de 2 horas, com previsão de início das atividades no fim de 2027.
A proposta conta com financiamento de US$ 320 milhões do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, o banco do Brics), valor que será solicitado à instituição.
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Primeira unidade pública inteligente do país
Instalado no HCFMUSP, o ITMI-Brasil será um serviço 100% SUS para atendimento de urgências de adultos e crianças nas áreas de neurologia, neurocirurgia, cardiologia e terapia intensiva.
O plano prevê 800 leitos dedicados à emergência, com operação centrada em dados e protocolos clínicos digitais para acelerar triagem, diagnóstico e desfechos.
A equipe utilizará algoritmos para apoio à decisão, monitoramento contínuo e regulação inteligente de leitos.
Financiamento do Brics e etapas do projeto
O governo federal formalizou a proposta ao NDB/Brics neste mês de setembro.
O montante estimado é de US$ 320 milhões, e a documentação de financiamento ainda passará por análise do banco.
Enquanto o trâmite ocorre, o Ministério da Saúde, a USP e o Governo de São Paulo estruturam o cronograma executivo, mantendo a previsão de abertura no fim de 2027.
O que muda no atendimento de emergência
Com a centralização de dados clínicos e a integração com a regulação, a meta oficial é reduzir o ciclo de atendimento de agravos tempo-dependentes, como AVC, infarto e politrauma, para até 2 horas.
A arquitetura assistencial inclui ambulâncias 5G com transmissão de sinais vitais e imagem em tempo real, além de telessaúde para pré-avaliação remota e orientação às equipes de campo.
O objetivo é agilizar cada etapa — da porta de entrada à intervenção — e, com isso, encurtar filas e melhorar prognósticos.
Rede de UTIs inteligentes em dez capitais
Além da unidade em São Paulo, o investimento contempla uma rede nacional de UTIs inteligentes em dez capitais:
- Belém
- Brasília
- Belo Horizonte
- Fortaleza
- Porto Alegre
- Rio de Janeiro
- Recife
- São Paulo
- Salvador
- Teresina
Esses centros ficarão conectados ao HCFMUSP, com monitoramento em tempo real e uso de IA para apoiar a regulação e a tomada de decisão, respeitando protocolos padronizados do SUS.
A expansão será gradual após a implantação inicial.
Pesquisa, formação e segurança cibernética
O ITMI-Brasil também funcionará como hub de pesquisa e inovação, com programas de formação em saúde digital, engenharia clínica, telessaúde, inteligência artificial e segurança cibernética.
O projeto arquitetônico prevê um edifício de 150 mil m², com padrões internacionais de sustentabilidade e segurança, soluções de logística avançada e ambientes humanizados para pacientes e equipes.
A proposta inclui design para fluxos assistenciais mais eficientes, mitigação de infecções e preparação para eventos críticos.
Tecnologia a serviço do SUS
Ao anunciar a iniciativa, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a unidade “permitirá integração com a rede de atenção em todas as etapas — da atenção primária até os serviços de urgência e emergência — garantindo cuidado mais rápido, eficaz e humano”.
A declaração reforça a diretriz de usar tecnologia para ampliar acesso e qualidade sem custos ao usuário do SUS.
Papel do Hospital das Clínicas da USP
Para o HCFMUSP, a chegada do instituto consolida o complexo como polo de assistência e inovação.
Segundo o professor Paulo Pêgo, vice-presidente do Conselho Diretor do hospital, “estes são os primeiros passos de um futuro no qual o cuidado em saúde será mais ágil, mais preciso e mais humano, graças à força da ciência e à responsabilidade pública”.
O vínculo com a universidade viabiliza estudos clínicos, testes de novas tecnologias e formação de profissionais.
Inserção no Complexo Econômico-Industrial da Saúde
O Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho para coordenar a implantação, em articulação com outras pastas e parceiros.
O ITMI-Brasil integra a estratégia da Nova Indústria Brasil (NIB) para fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde e a transformação digital até 2033, com um saldo de R$ 4,4 bilhões já mobilizados em inovação, pesquisa e autonomia produtiva.
A expectativa é que o instituto acelere a difusão de soluções digitais para todo o sistema, elevando a eficiência de redes estaduais e municipais.
Convergência internacional e cooperação
A iniciativa parte de cooperação internacional com bancos de desenvolvimento e instituições acadêmicas, alinhada ao movimento global de digitalização da saúde.
O arranjo busca captação de recursos, transferência de conhecimento e governança de dados em conformidade com requisitos de privacidade e cibersegurança, elementos considerados críticos para a operação de UTIs conectadas e prontos-atendimentos automatizados.
Com a implantação do ITMI-Brasil e da rede de UTIs inteligentes, o SUS cria uma infraestrutura para resposta rápida, interoperabilidade e gestão baseada em evidências; na sua avaliação, que outros serviços públicos deveriam receber primeiro esse tipo de tecnologia para gerar impacto imediato no atendimento?