Preços do Brent e do WTI recuam após divulgação de indicadores de petróleo e gás nos Estados Unidos. Aumento dos estoques pressiona o mercado e amplia preocupações sobre oferta global.
O mercado internacional de energia voltou a reagir nesta quinta-feira (04/09) após a divulgação de uma série de indicadores sobre petróleo e gás nos Estados Unidos. Os números apontaram aumento inesperado dos estoques de petróleo bruto e maior produção da Opep, fatores que pressionaram as cotações internacionais. Como resultado, tanto o Brent quanto o WTI registraram quedas próximas de 1%, em um cenário que também impactou as bolsas e o câmbio.
Estoques de gás natural em alta
Entre os dados mais relevantes do dia, os estoques de gás natural norte-americanos cresceram 55 bilhões de pés cúbicos, superando a expectativa de 54 bilhões e ficando muito acima do nível anterior, que havia sido de apenas 18 bilhões.
Em termos práticos, números acima das projeções costumam pressionar os contratos futuros do gás, já que indicam abundância de oferta. Isso pode reduzir margens de lucro de empresas do setor, mas, ao mesmo tempo, traz alívio para consumidores e reforça a percepção de estabilidade no abastecimento interno dos Estados Unidos.
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Aumento inesperado nos estoques de petróleo bruto
Os estoques de petróleo bruto foram os que mais chamaram atenção. O volume cresceu 2,415 milhões de barris, contrariando a projeção de queda de 2 milhões e revertendo a leitura anterior, que havia apontado recuo de 2,392 milhões.
Em Cushing, importante polo de armazenamento, houve alta de 1,590 milhão de barris, enquanto os estoques de gasolina recuaram 3,795 milhões, queda bem mais acentuada que a esperada de apenas 1 milhão. Já os destilados subiram 1,681 milhão, quando a projeção era de recuo de 300 mil barris.
Esse conjunto de dados mostra um cenário misto: por um lado, a queda da gasolina tende a sustentar os preços, mas, por outro, o aumento de petróleo bruto e destilados pressiona as cotações do Brent e do WTI.
Refinarias ajustam produção
Outro ponto de destaque foi a taxa de utilização das refinarias, que recuou 0,3%, um resultado mais moderado do que a queda de 2% registrada no mês anterior. A produção de gasolina caiu 109 mil barris, revertendo a alta anterior de 427 mil, enquanto os destilados tiveram avanço de 36 mil barris, após uma queda de 113 mil no dado anterior.
Esses movimentos refletem ajustes de capacidade típicos do setor, mas que impactam diretamente os preços de curto prazo de ações de gigantes de energia listadas em Wall Street, como Exxon Mobil (NYSE:XOM) e Chevron (NYSE:CVX).
Produção da Opep também influencia
No cenário internacional, a Opep reportou crescimento na produção de seus principais membros. A Arábia Saudita elevou a produção para 9,60 milhões de barris por dia, acima dos 9,45 milhões anteriores. O Irã subiu para 3,35 milhões, frente a 3,30 milhões, enquanto o Iraque alcançou 3,90 milhões, superando os 3,80 milhões do mês anterior.
O aumento da oferta por parte dos maiores produtores amplia ainda mais a pressão sobre os preços internacionais do petróleo e gás, especialmente nas referências globais Brent e WTI.
Reação dos mercados financeiros
Às 16h00 (horário de Brasília), os índices de Wall Street apresentavam resultados positivos, mesmo com o recuo das commodities energéticas. O Dow Jones avançava 0,15%, aos 45.393 pontos. O S&P 500 subia 0,10%, alcançando 6.443,55 pontos, enquanto o Nasdaq Composite operava estável, em 21.498,73 pontos.
Já no mercado cambial, o dólar medido pelo índice DXY registrava alta de 0,20%, sendo cotado a 97,94 pontos.
No mercado de petróleo, o Brent recuava 0,82%, negociado a US$ 66,77 o barril, enquanto o WTI caía 0,72%, para US$ 63,17.
Perspectivas para o setor de energia
Com os estoques em alta nos Estados Unidos e a produção da Opep em expansão, analistas avaliam que o mercado de petróleo e gás deve enfrentar semanas de maior volatilidade. A abundância de oferta, somada aos ajustes de refinarias e às oscilações do câmbio, pode manter a pressão sobre as cotações, especialmente no curto prazo.