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Brasileiros estão pagando até R$ 400 por garrafas de uísque vazias usadas em golpes de falsificação que enganam até especialistas

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 07/10/2025 às 09:34
Sites como Shopee e OLX vendiam garrafas e tampas de uísque por até R$ 400, e especialistas alertam: ‘porta aberta para bebidas adulteradas’
Sites como Shopee e OLX vendiam garrafas e tampas de uísque por até R$ 400, e especialistas alertam: ‘porta aberta para bebidas adulteradas’
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O comércio de garrafas de uísque vazias em sites como Shopee, OLX e Enjoei movimenta centenas de reais por unidade e preocupa autoridades e fabricantes, que alertam que os vasilhames originais estão sendo usados em golpes de falsificação que enganam até especialistas e colocam a saúde do consumidor em risco

O que começou como um mercado “inocente” de itens para decoração e colecionismo virou um canal de risco para fraudes: garrafas de uísque vazias estão sendo vendidas por até R$ 400 em marketplaces populares e já preocupam a indústria e órgãos de fiscalização.

Segundo especialistas, esses vasilhames originais vendidos com tampas, rótulos e selos intactos alimentam o mercado ilegal de bebidas falsificadas, em que criminosos reutilizam as garrafas para envasar líquidos adulterados. O resultado são produtos visualmente idênticos aos originais, capazes de enganar até quem trabalha no setor.

O mercado paralelo das garrafas vazias

Brasileiros estão pagando até R$ 400 por garrafas de uísque vazias usadas em golpes de falsificação que enganam até especialistas

Segundo a reportagem da Folha, anúncios de garrafas de uísque vazias de marcas como Johnnie Walker, Jack Daniel’s e Blue Label proliferam em plataformas como OLX e Shopee.

Um kit com três unidades comuns, por exemplo, é ofertado por R$ 40, enquanto modelos premium chegam a R$ 400 apenas pelo vasilhame.

Em alguns casos, as tampas originais são vendidas separadamente, custando até R$ 150 o conjunto.

Esses valores chamam atenção por um motivo simples: em supermercados, uma garrafa lacrada do mesmo produto custa cerca de R$ 100 a R$ 150.

Isso significa que o frasco vazio passou a valer tanto quanto o próprio uísque, uma distorção movida pelo interesse de falsificadores.

Como as garrafas são usadas nos golpes

O chamado refil ilegal é hoje um dos principais métodos de falsificação de destilados no país.

Fraudadores reaproveitam garrafas autênticas e tampas originais, preenchem-nas com líquidos de baixo custo muitas vezes com álcool impróprio para consumo humano e recolocam rótulos e selos para simular autenticidade.

Essas garrafas são compradas para enganar o consumidor.

Há um mercado ilegal por trás delas, e é preciso que as plataformas retirem os anúncios imediatamente”, afirma Eduardo Cidade, presidente da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), que reúne empresas como Diageo (dona de Johnnie Walker e Smirnoff) e Pernod Ricard (Absolut, Chivas Regal).

Ele defende ação de fiscalização integrada entre polícias e órgãos de saúde.

A reação das plataformas e das autoridades

Após serem questionadas pela imprensa, Shopee e Enjoei retiraram diversos anúncios do ar.

A Shopee declarou que atua para remover conteúdos irregulares e exige o cumprimento da legislação por parte dos vendedores.

O Enjoei informou que aderiu ao guia do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP) e passou a adotar novas medidas proativas de bloqueio.

O Procon-SP explica que, embora a venda de garrafas vazias não seja ilegal por si só, há risco de irregularidade quando existe indício de uso fraudulento ou oferta sem homologação.

O órgão orienta consumidores a denunciar anúncios suspeitos e comunicar autoridades policiais sempre que houver possibilidade de adulteração.

Os riscos por trás da bebida falsificada

A indústria de destilados alerta que o consumo de bebidas adulteradas pode ser fatal.

Em casos investigados recentemente, amostras de uísque falsificado apresentaram contaminação por metanol, substância tóxica usada para baratear a produção clandestina e associada a quadros graves de intoxicação.

Além dos danos à saúde, o golpe atinge bares, distribuidores e marcas legítimas, reduzindo arrecadação fiscal e prejudicando a confiança do consumidor.

Quando uma garrafa falsa circula com a marca de uma empresa séria, todos perdem, inclusive o Estado”, afirma um executivo do setor.

Um crime que se disfarça de comércio comum

Muitos anúncios tentam disfarçar a intenção de fraude, usando descrições como “para decoração” ou “uso artesanal”.

No entanto, a presença de tampas, rótulos e selos originais levanta alerta sobre o real destino dos produtos.

Na prática, é o material perfeito para montar um falso original, pronto para enganar o mercado.

O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), afirmou que acompanha o caso e notifica conteúdos suspeitos em plataformas digitais.

A pasta destacou que o comércio de garrafas e tampas pode facilitar a adulteração e revenda fraudulenta e orientou marketplaces a reforçar a rastreabilidade e a identificação dos vendedores.

O desafio da fiscalização e da educação do consumidor

Especialistas apontam que, enquanto houver demanda por bebidas baratas de origem duvidosa, haverá espaço para golpes com garrafas de uísque vazias.

A fiscalização, por mais rigorosa que seja, não substitui a conscientização do público.

Comprar destilados em fontes oficiais e embalagens lacradas continua sendo a forma mais segura de evitar prejuízo e risco à saúde.

Se o preço for bom demais para ser verdade, provavelmente é fraude”, reforçam as associações do setor.

O comércio de garrafas de uísque vazias escancara um elo entre o consumo de luxo e o crime de falsificação que cresce silenciosamente nas redes.

E você, acha que a venda desses vasilhames deveria ser proibida em sites de e-commerce, mesmo para quem alega uso decorativo? Como equilibrar liberdade de venda e proteção do consumidor? Deixe sua opinião nos comentários e conte se já presenciou casos parecidos.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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