Filho de lavradores e ex-carregador, Pedro Lourenço construiu uma das maiores redes supermercadistas do país, transformando uma mercearia de bairro em um grupo com faturamento bilionário e presença em centenas de cidades brasileiras.
O empresário mineiro Pedro Lourenço de Oliveira transformou a primeira mercearia aberta em 1996, na periferia de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em um grupo que fechou 2024 com faturamento de R$ 21,278 bilhões.
A rede Supermercados BH alcançou o 4º lugar no Ranking ABRAS 2025, ultrapassando o GPA, segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
A trajetória, iniciada como carregador de supermercado, hoje se traduz na liderança do setor em Minas Gerais e na presença entre as maiores do país.
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Da mercearia de bairro à liderança regional
A primeira loja, inaugurada em maio de 1996, no bairro São Benedito, marcou o início da expansão da rede.
O empresário trabalhou anteriormente em funções operacionais, como descarregador e repositor, o que lhe deu conhecimento prático sobre o funcionamento do varejo alimentar.
Segundo informações do setor, essa experiência foi um dos fatores que contribuíram para o modelo de operação adotado posteriormente pela empresa.
Com o foco em preços competitivos e atendimento voltado ao consumo popular, a rede se expandiu gradualmente.
Em 2024, o Supermercados BH encerrou o ano com 338 lojas e presença em Minas Gerais e Espírito Santo, de acordo com dados divulgados pela própria companhia.
Expansão e consolidação no mercado nacional
O Ranking ABRAS 2025, elaborado pela Associação Brasileira de Supermercados em parceria com a NielsenIQ, apontou que o Supermercados BH registrou R$ 21,278 bilhões em faturamento no último ano.
O resultado posicionou a empresa como a quarta maior rede do Brasil, atrás apenas de Carrefour, Assaí e Grupo Mateus. O levantamento também indicou crescimento de 10% na receita em relação a 2023.
Segundo a Abras, o número de colaboradores chegou a 39.217 funcionários no fim de 2024 e o desempenho, conforme analistas do varejo, reflete uma estratégia de expansão baseada em escala e aquisições.
Estratégia e foco no público popular

De acordo com especialistas do setor, o Supermercados BH consolidou sua posição ao manter foco no modelo tradicional de lojas físicas, com sortimento de produtos populares e preços acessíveis.
Enquanto parte da concorrência priorizou investimentos digitais, a rede manteve a aposta no formato físico, buscando fortalecer sua presença em cidades de médio e pequeno porte.
A empresa também realizou 22 inaugurações em 2024, somando novas unidades e pontos de atacarejo.
Segundo analistas, o crescimento orgânico e as aquisições pontuais são fatores que reforçam a competitividade da companhia no mercado regional e nacional.
Compra do Bretas amplia presença em Minas Gerais
Em fevereiro de 2025, o Supermercados BH anunciou a compra das operações do Bretas em Minas Gerais, então controladas pela chilena Cencosud.
O acordo, avaliado em R$ 716 milhões, inclui 54 lojas, oito postos de combustíveis e um centro de distribuição.
A transação foi submetida à análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Em julho de 2025, o Cade autorizou a transferência de parte das unidades, permitindo o início da conversão de lojas em diferentes cidades mineiras.
A aprovação foi concedida em etapas, conforme as condições de concorrência de cada mercado local.
Especialistas em regulação afirmam que operações desse tipo costumam ser avaliadas de forma gradual, considerando a preservação da competitividade regional.
Segundo fontes do setor, a aquisição deve ampliar a presença da rede em regiões onde sua atuação ainda era limitada e fortalecer a estrutura logística, consolidando a posição do grupo em Minas Gerais.
Modelo de negócio e perfil do consumidor
A rede mantém foco no modelo tradicional de supermercado, voltado a consumidores de renda média e baixa.

De acordo com especialistas em varejo alimentar, esse formato continua relevante em regiões com forte presença de lojas de rua e alto volume de compras presenciais.
Embora o Supermercados BH também opere formatos de atacarejo em algumas praças, o principal canal de vendas continua sendo o varejo físico.
O modelo é sustentado por volume de vendas elevado e custos operacionais ajustados, o que, segundo analistas, contribui para a manutenção de margens em um cenário de renda familiar pressionada.
A empresa investe periodicamente em campanhas promocionais e datas comemorativas, como o aniversário da rede, com o objetivo de aumentar o fluxo de clientes e reforçar a presença da marca nas comunidades onde atua.
Trajetória pessoal e cultura empresarial
Natural de Paineiras, no interior de Minas Gerais, Pedro Lourenço de Oliveira é filho de lavradores e mudou-se para Belo Horizonte ainda jovem.
Trabalhou em supermercados locais antes de abrir sua própria mercearia, em 1996.
A vivência direta nas operações de loja influenciou a cultura da empresa, marcada, segundo funcionários e analistas, pela atenção às rotinas do varejo e pela busca constante de eficiência.
A história do empresário é frequentemente citada em estudos sobre o setor como exemplo de ascensão profissional no varejo brasileiro.
Segundo especialistas, o caso mostra a relevância de modelos de negócio que combinam conhecimento prático e expansão gradual.
Desafios e perspectivas do setor supermercadista
Com a consolidação como 4ª maior rede de supermercados do Brasil e a incorporação de novas unidades do Bretas, o grupo entra em uma nova fase de crescimento.
De acordo com analistas de mercado, o desafio nos próximos anos será manter o ritmo de expansão física, equilibrando custos e produtividade.
A integração das lojas adquiridas e a ampliação da base logística devem continuar entre as prioridades da companhia.
O desempenho do setor também dependerá da recuperação do poder de compra das famílias e da evolução do consumo interno.


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