Um geólogo brasileiro revelou a existência de uma reserva gigantesca de petróleo e gás na Coreia do Sul, capaz de alterar a balança energética do país. A descoberta chamou atenção mundial pelo volume estimado e pelos desafios de exploração.
Hoje é dia de relembrar a descoberta que colocou a Coreia do Sul no centro do noticiário energético.
Um geólogo brasileiro, Vitor Abreu, foi o responsável por identificar uma gigantesca reserva de óleo e gás na costa leste do país asiático.
O anúncio oficial veio em junho, e desde então o projeto passou a ser considerado uma das iniciativas mais ambiciosas já feitas no setor de energia sul-coreano.
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Estudos conduzidos pela consultoria ACT-Geo, fundada por Abreu, indicaram a existência de até 14 bilhões de barris equivalentes em águas profundas próximas à cidade de Pohang.
Se confirmados, esses recursos poderiam atender o consumo interno da Coreia do Sul por quatro anos em petróleo e 29 anos em gás natural, reduzindo de forma inédita a dependência externa do país.
O anúncio e sua relevância
O presidente Yoon Suk Yeol apresentou publicamente os dados técnicos da descoberta e afirmou que havia uma “alta probabilidade” de encontrar hidrocarbonetos em larga escala no Mar do Leste.
Essa declaração não apenas gerou entusiasmo dentro do governo, mas também mobilizou o mercado financeiro e chamou a atenção da comunidade internacional.
A autorização para perfuração exploratória foi imediata, estabelecendo um cronograma para os primeiros poços ainda no mesmo ano.
A expectativa é que os resultados iniciais sejam conhecidos ao longo do primeiro semestre seguinte, o que deve definir os rumos do projeto.
O papel de Vitor Abreu
Reconhecido como um dos principais especialistas em estratigrafia de águas profundas, Abreu atua há décadas no setor de petróleo e gás.
Professor associado da Rice University, nos Estados Unidos, ele já participou de estudos em diferentes partes do mundo, mas foi na Coreia do Sul que sua consultoria conquistou maior repercussão.
Segundo o geólogo, o intervalo estimado varia de 3,5 bilhões a 14 bilhões de barris equivalentes, mas as chances de sucesso comercial giram em torno de 20%.
Isso significa que, embora a geologia seja promissora, ainda existe uma probabilidade de 80% de insucesso, número considerado normal em regiões de fronteira exploratória.
O local e o potencial energético
Os blocos exploratórios ficam localizados próximos à baía de Yeongil, em Pohang, cidade portuária de importância estratégica para o país.
A região já era conhecida por atividades industriais, mas nunca havia recebido tanta atenção global relacionada à energia.
Caso as projeções se confirmem, a Coreia do Sul poderia reduzir de maneira drástica sua dependência de importações energéticas, já que atualmente o país importa quase todos os volumes de petróleo e gás que consome.
A magnitude dos números chama a atenção: 14 bilhões de barris equivalentes é uma cifra que, se validada, colocaria o país em posição de destaque no mercado global.
Custos e riscos
Cada poço de perfuração em águas profundas deve custar aproximadamente 100 bilhões de wons, o que equivale a cerca de US$ 70 milhões.
O governo previu pelo menos cinco sondagens nesta fase inicial, mas especialistas apontam que podem ser necessárias até dez perfurações para confirmar a extensão do potencial energético.
Esses custos elevados, somados às incertezas técnicas, tornam o projeto uma aposta de alto risco, tanto para investidores quanto para o próprio governo.
Abreu reforçou em diversas ocasiões que a exploração em águas profundas exige tecnologia de ponta, logística complexa e paciência para lidar com resultados que podem ser diferentes das estimativas iniciais.
Tentativas anteriores e ceticismo
A Coreia do Sul não é novata na busca por recursos no Mar do Leste.
Entre 2004 e 2021, o campo Donghae-1 produziu gás natural, demonstrando que a região tem potencial para abrigar jazidas produtivas.
No entanto, experiências anteriores também servem de alerta.
A empresa australiana Woodside Energy tentou por 15 anos explorar a área, mas acabou desistindo após sucessivos fracassos.
Esse histórico alimenta a cautela do mercado e o ceticismo de parte da comunidade científica.
Repercussão imediata
O anúncio do governo teve reflexos diretos na economia.
Na bolsa de Seul, ações ligadas ao setor energético dispararam, com a Korea Gas Corporation registrando alta de 30% em um único pregão, seu maior salto desde a abertura de capital em 1999.
Apesar da euforia, analistas independentes alertaram que estimativas volumétricas não significam reservas provadas.
Apenas os resultados da perfuração poderão determinar se o país realmente dispõe de uma província petrolífera de grande porte.
O que está em jogo para a Coreia do Sul
Caso a exploração confirme as previsões otimistas, os efeitos sobre a economia sul-coreana seriam profundos.
A redução das importações fortaleceria a segurança energética e daria ao país maior autonomia nas negociações internacionais.
Além disso, haveria impacto direto sobre a balança comercial e sobre a forma como a Coreia do Sul se posiciona no mercado global de energia.
Por outro lado, ainda há grandes desafios a superar.
Questões ambientais, complexidade logística e a necessidade de atrair investimentos privados permanecem como barreiras significativas até que se possa falar em produção efetiva.
Expectativas para o futuro
Os próximos meses se apresentam como determinantes para o rumo do projeto. Os resultados das primeiras perfurações vão definir se haverá continuidade, com novas etapas de sondagem, ou se o país encerrará a iniciativa.
Enquanto isso, a Coreia do Sul vive um momento de expectativa dividido entre a esperança de alcançar uma descoberta histórica e a prudência diante das incertezas.
A pergunta que fica é: os poços revelarão, de fato, uma província energética capaz de mudar a história da Coreia do Sul?